Análise: há males que vem para o bem

 

Começou o rebuild. Assim como a alguns meses eu anunciava e finalmente chegou. É uma sensação estranhamente boa, como o gosto de um remédio amargo que depois de um tempo fica gostoso na língua dormente. Confesso que saiu um peso enorme das minhas costas, me sinto melhor, mais feliz, sorrir ficou mais fácil, assistir os jogos ficou mais fácil pois agora eu sei que não importa, não importa o resultado, podemos perder à vontade como que em um buffet livre de Ls. Sendo sincero, essa é a primeira vez que estou me divertindo quando assisto o reds jogar, e é isso que importa.

Depois dessa lenga-lenga toda, vamos começar a análise das trocas e projetar o time para o segundo spring-training do ano. Um aviso: que eu não vou falar de quem saiu, apenas de quem chegou.

Toma-lá-dá-cá

Primeiro tivemos a troca do OF Tyler Nanquin e o RP Phillip Diehl pro NY Mets pelos prospectos Hector Rodriguez e Jose Acuna.

Hector é um infielder de 18 anos dominicano que estava nas ligas rookie do Mets. Segundo o FanGraphs, ele tem um valor futuro de 35+, ou seja, tem espaço para muita evolução até subir para as majors, em 2027.

Já Acuna é um arremessador destro de 19 anos. Ainda não é listado nos grandes sites, mas segundo os reports de nova iorque ele é uma faca de dois gumes: ou strikeout, ou walk. Se for bem polido, pode se tornar um bom braço de bullpen, não mais que isso.

Ambos são prospectos muito jovens que vão passar por um longo período de amadurecimento nas minors, mas conseguir dois jovens promissores em troca de um jogador mediano de 28 anos e um arremessador com só 5 jogos não é de todo mal.

Reembolso

O grande nome do time a ser movido foi o 2x all-star e futuro Cy Young winner e hall da fama Luis Castillo, que rumou para Seattle para jogar com outros dois ex-reds Jesse Winker e Eugenio Suarez. Em troca de Castillo chegaram em Cincinnati o SS Noelvi Marte, SS Edwin Arroyo, RHP Levi Stroudt e o RHP Andrew Moore.

Noelvi Marte é um shortstop de 20 anos, rankeado como o 18° melhor prospecto do beisebol, com um FV fabuloso de 60, projetado para subir às majors em 2024. Ele vem para ser O shortstop de futuro da franquia, mas não vai ser tão simples, visto que o time tem para além dele Elly de la Cruz e Matt McClain e o outro nome da troca, que é Edwin Arroyo.

Eddie, shortstop de apenas 18 anos é também switch-hitter, ou seja, rebate no lado destro e do lado canhoto do plate (embora seja um pouco melhor como canhoto), ele é notável por ser um defensor de elite. Projetado para subir em 2026 e o seu FV é estimado em 40+, excelente para alguém de 18 anos.

Levi Stroudt, rankeado como 5° melhor prospecto do mariners no momento da troca, mas no início do ano era o 14°. Projetado para subir ano que vem, e com um FV de 40+, pode se tornar um sólido reliever haja vista que tem uma excelente fastball e uma boa slider, além de um controle acima da média – o problema todo é sua ansiedade, o que pode ser trabalhado.

A peça final, Andrew Moore é o sinônimo de diamante bruto. Ele tem uma fastball e curveball de elite, mas um controle bastante questionável. Se ele aprender a localizar os arremessos, pode se tornar uma parte importante do corpo de arremessadores do time em 2025. FV? 35+.

Em troca de um excelente arremessador, o mínimo que se espera são ótimos prospectos, e isso o reds conseguiu. 2 excelentes infielders e dois bons braços baratos para o bullpen, não sei se poderia ser melhor.

Um problema pra ligas de fantasy

O que Tommy Pham e o jogo FIFA têm em comum?

Ambos não são bons desde 2017.

Pham fora trocado para o Boston Red Sox por um jogador-a-ser-nomeado-depois ou cash considerations. Quem é? Não sabemos, talvez nunca saberemos.

Bom fazer negócios com você

Logo depois, Tyler Mahle, provavelmente o melhor starter disponível para trocas naquele momento foi negociado com o Minnesota Twins pelos infielders Spencer Steer, Christian Encarnación-Strand e o arremessador canhoto Steven Hajjar.

Spencer Steer tem 24 anos e é projetado para jogar tanto da 2ª quanto na 3ª base, é um rebatedor de potência e que logo vai contribuir com o time nas majors apartir do ano que vem. Seu FV é projetado como 45 e ele já figura no top 100 da MLB Pipeline.

Christian Encarnación-Strand tem 22 anos e também é um infielder de potência, mas que é por vezes afobado, o que acarreta em uma taxa alta de strikeouts. Potencial para ser um grande jogador ele tem, até mesmo o fangraphs reconhece isso colocando o seu FV em 40+.

Steven Hajjar vem sendo dominante nas minors e vem se desenvolvendo muito rapidamente. Jovem, apenas 22 anos e projetado para subir apenas em 2025, pode ser um excelente nome para o bullpen nos anos futuros. Seu FV é estimado em 40 e ele é completo em todos os atributos, uma joia bruta a ser trabalhada.

A coisa certa pelos motivos errados

Quase no apagar das luzes, Brandon Drury foi movido para o San Diego Padres, em troca recebemos o SS Victor Acosta. Essa foi a melhor coisa a fazer com Drury, como vou explicar mais abaixo.

Victor Acosta é muito, muito jovem, 18 anos, apenas um mês mais velho do que eu. Ele é um freak atlético, isso não se pode discutir, mas além disso ele tem um bastão excelente para alguém da sua idade. As qualidades estão ali, apenas precisa ser moldado e com certeza ele será um shortstop de major league. Seu FV é avaliado em 40 e é projetado que estreie nas grandes ligas em 2025.

Apenas uma nota rápida, compramos o catcher Austin Romine do Stl. Louis Cardinals. Ele é bom? Não. Vai jogar? Infelizmente.

Um passo pra trás pra dar dois à frente?

Depois de tantas trocas, esse seria o time ideal do Reds:

C- Stephenson

1B- Joey Votto

2B- Johnny India

3B- Kyle Farmer

SS- José Barrero

LF- Almora Jr./Jack Fraley

RF- Aristedes Aquino

CF- Nick Senzel

DH- Mike Moustakas/Donovan Solano

Sinceramente não sei como vai ser o time, muitos jogadores meia-boca pra poucas vagas, que no fim não vai fazer muita diferença porque o cenário ideal a partir de agora é perder o tanto quanto possível.

A rotação foi a que mais sofreu nessa trade deadline. Num mundo ideal ela vai ser composta por:

1- Hunter Greene

2- Nick Lodolo

3- Graham Ashcraft

4- Brandon Williamsom

5- Mike Minor (por enquanto)

Ano que vem ainda pode subir para as majors: LHP Andrew Abbott; RHP Levi Stroudt; RHP Bryce Bonnin; RHP Christian Roa

A deadline do Reds foi muito boa, conseguimos valores que serão a base do time para os próximos anos. Em resumo: destruímos toda a base podre para cavar novos alicerces e erguer um edifício de firmes estruturas de agora e para sempre. A melhor parte dessa deadline é saber que pelo menos agora temos um rumo, um caminho a trilhar, uma identidade, um alvo: ser ruim.

Sobre Drury, ele vinha sendo o melhor jogador do Reds no ano, mas não fazia sentido renovar com ele. “Ah, mas ele é jovem, vai render”, não, não vai, ele tem 30 anos e pela primeira vez na carreira é titular all-days, isso significa alguma coisa. Além disso, já temos um Brandon Drury no elenco: Mike Moustakas. Ele também foi excelente por um ano e depois desaprendeu a jogar beisebol. Não precisamos de mais um veterano com contrato grande, precisamos de prospectos, colocar jogadores no top 100, testar a molecada, usar a temporada como laboratório, e é isso que estamos fazendo. Infelizmente, Brandon Drury era bom demais para jogar no Reds.

Bem, agora me despeço da cobertura do Cincinnati Reds, de agora em diante vou fazer textos mais voltados à liga e a outros times – não há nada mais a ser dito sobre o Reds, acabou o ano. Não foi um ano legal, mas assim como aquele remédio ruim, o gostinho que fica é estranhamente bom.

#ATOBTTR

J. G. O.

Bye.

 

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