NFL: a relação entre as histórias de Indianapolis Colts, Baltimore Ravens e Cleveland Browns

As realocações na NFL (assim como mudanças de nome), apesar de serem processos complicados, principalmente para os torcedores, são comuns. Por diversos motivos, várias franquias já se mudaram de cidade, mexendo com as estruturas da liga. No entanto, uma história específica causou um efeito borboleta na NFL e envolveu três times: Indianapolis Colts, Baltimore Ravens e Cleveland Browns.

O início

O antigo Baltimore Colts era uma equipe tradicional da NFL. Com Johnny Unitas como o quarterback, conquistou os títulos da liga de 1958 e 1959. Posteriormente, em 1970-71, venceu o primeiro título do Super Bowl após a unificação das ligas de futebol americano (AFL-NFL). Mas, durante esse período, a equipe passou por uma mudança de mandatário, e é aqui que a história começa.

Antes comandada por Carroll Rosenbloom, a franquia viu-se nas mãos de Robert Irsay, após os dois trocarem franquias (sim!). Rosenbloom, que sempre quis uma franquia em Los Angeles, assumiu os Rams, que era de Irsay. Por sua vez, Robert, que queria tornar-se dono dos Colts, assumiu a até então franquia de Baltimore.

Foi a oportunidade perfeita para a troca, visto que as relações de Rosenbloom com a cidade de Baltimore já estavam bem desgastadas.
As realocações da NFL são, até certo ponto, normais. No entanto, uma delas causou um efeito borboleta que atingiu os Colts, Ravens e Browns. Entenda!
Imagem de arquivo: Indy Star

Isso porque a cidade de Baltimore se recusava a financiar a construção de um novo estádio para que os Colts e os Orioles, franquia da MLB, dividissem. Rosenbloon queria poder construir um novo local para os jogos e deixar de vez o Memorial Stadium, coisa que não foi aceita pela política local.

Em meio a isso, Irsay assumiu o comando dos Colts, mas escolhas erradas dentro e fora de campo fizeram com que o mandatário não fosse bem quisto pela cidade. Entre brigas com técnicos, relação desgastada com GM, briga pública com o governador do estado e, até, a recusa de John Elway, draftado pelos Colts, de jogar em Baltimore, o clima em Maryland com Irsay nunca foi dos melhores.

Imagem:Walter M. McCardell/Baltimore Sun

No fim dos anos 70, o rumor de que os Colts seriam realocados (manobra que já havia começado com o antigo dono), foram se intensificando. Isso trazia um grande problema para a relação do torcedor com a equipe, que estava cada vez mais distante do estádio. Assim como Carroll, Irsay também tinha planos de construir uma nova casa para a equipe.

Apesar dos conflitos, Irsay sempre afirmava que não ia realocar os Colts. A NFL, por sua vez, já havia dado o sinal verde para a mudança. Diante disso, na década seguinte, em 1984 veio o grande estopim da mudança de cidade.

A mudança na calada da noite

O Governo de Maryland havia aberto um processo de domínio eminente, que, basicamente, tornaria os Colts propriedade do estado e não do seu dono. Com isso, prestes a perder seu time, Irsay tomou uma decisão histórica.

Já contatado por diversas cidades interessadas por receber a sua franquia, Irsay fez a escolha por Indianápolis. Naquele dia, ligou para o prefeito da sua futura cidade e informou que o time estava se mudando. Então, na calada da noite, 15 caminhões de transportes fizeram a mudança de um time inteiro de Baltimore para Indianápolis, a nova casa dos Colts.

As realocações da NFL são, até certo ponto, normais. No entanto, uma delas causou um efeito borboleta que atingiu os Colts, Ravens e Browns. Entenda!
Imagem: Lloyd Pearson / Associated Press

Com a mudança da franquia para Indianapolis, Baltimore se viu sem um time de futebol americano por alguns anos. A cidade, que tinha uma ótima relação com os Colts, ficou “órfã”. Até que veio a oportunidade de receber um novo time.

Os Browns se mudam para Baltimore… ou quase isso

Após uma controversa situação envolvendo a divisão dos lucros do Muncipal Stadium, que era dividido com o Cleveland Indians, o dono dos Browns, Art Modell, se recusou a participar do projeto do complexo Gateway, que, posteriormente, abrigaria o novo estádio dos Indians, na MLB, e uma nova arena para o Cavaliers, na NBA. De forma equivocada, Modell acreditava que os Browns eram auto-sustentáveis em relação ao estádio e mereciam mais do que a metade do dinheiro ganho.

 

Quando o projeto do complexo ficou pronto, em 1994, e os Indians se mudaram para o Jacobs Field, um período financeiro complicado chegou para os Browns, que teriam que arcar com tudo sozinhos a partir dali. Assim, Modell solicitou à prefeitura de Cleveland 175 milhões de dólares para um novo projeto de remodelação do Muncipal Stadium, que tornou-se um problema para a franquia.

Em 1995, Modell anunciou que os Browns seriam realocados para Baltimore, cidade que estava pronta para receber uma nova franquia após a mudança dos Colts, na década anterior. Segundo ele, a cidade de Cleveland não mostrou-se apta a construir um estádio moderno. O fundo até foi aprovado tempos depois, mas o mandatário estava disposto a trocar de cidade.

O problema é que, diferente de grande parte das franquias dos esportes americanos, os Browns e Cleveland tinham uma relação para lá de especial. O próprio nome já diz tudo. “Browns” é uma homenagem a Paul Brown, co-fundador e o maior técnico da história do clube, protagonista de um período mais que glorioso para a equipe de Ohio.

Por conta dessa relação com a comunidade, os torcedores, a mídia e até o público geral se opuseram fortemente à mudança dos Browns para Baltimore. Com isso, a NFL tinha mais um problema em mãos para lidar.

Imagem: Rick Stewart/Getty Images

A 31ª franquia

Para resolver o impasse, a liga decidiu que as cores, a logo e todas as conquistas dos Browns permaneceram em Cleveland, mantendo, assim, a franquia em sua cidade. Por outro lado, Art Modell recebeu a permissão para mudar-se para Baltimore e começar uma franquia do zero. Novas cores e um novo nome foram definidos: o Baltimore Ravens.

Apesar de permanecer como Browns, o time de Cleveland ficou desativado por três anos. Jogadores e comissão técnica mudaram-se de Ohio para Maryland, fazendo com que os Browns fossem vendidos para um novo dono e começassem a nova caminhada a partir do draft de expansão em 1999.

Os torcedores do Cleveland, assim como a franquia no geral, no entanto, saíram perdendo. Já que viram os Ravens se tornarem campeões do Super Bowl pela primeira vez em 2000, apenas um ano após a reentrada dos Browns na liga. Além disso, o time de Ohio nunca mais fez uma aparição sequer em pós-temporada e, por anos, sofreu temporadas para se esquecer.

Por último, o Indianapolis Colts, franquia que originalmente começou todo o abalo nas estruturas da liga, também venceu um Super Bowl. Em 2006-07, comandado por Payton Manning, os Colts venceram seu segundo anel.

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