Em 1920, nos Estados Unidos, tivemos o surgimento das primeiras ligas negras de beisebol, também conhecidas como negro leagues. Na época nenhum negro atuava na liga principal do país: a Major League Baseball.
A segregação racial foi uma realidade institucionalizada por quase um século após o fim da escravidão nos EUA. Do último quarto do século XIX a meados do século XX, vigoraram leis racistas que separavam brancos e negros em toda parte: nas escolas, nas universidades, nas empresas, nos ônibus e até mesmo em bebedouros públicos.
O discurso pseudo-igualitário que sustentava essas regras era de “separados, mas iguais”. Tais leis existiam em todo o país, porém foi no Sul que as instituições e setores da sociedade aderiram com maior fervor às Jim Crow Laws, nome dado ao conjunto de leis que entre 1876 e 1963 institucionalizaram a segregação racial no país.
O beisebol entra em ação
Na primeira metade do século XX, o boxe desfrutava de grande popularidade. Mas o verdadeiro passatempo nacional dos norte-americanos era o beisebol. Assim como outros esportes nos EUA, o beisebol é estruturado em forma de ligas que são organizações privadas que reúnem times para disputarem campeonatos próprios. As ligas podem ser locais, regionais ou nacionais. No início do século passado, as ligas de beisebol tinham como objetivos se expandir, ter times em grandes cidades, ganhar popularidade e, claro, gerar dinheiro.
Quanto maior a liga, maior o retorno financeiro. Dentre as grandes ligas que existem hoje, apenas uma já existia em tamanho comparável na época, a Major League Baseball (MLB), que foi fundada ainda no século XIX. Jogar nessa liga era, sem dúvida, o objetivo de qualquer atleta de beisebol. No entanto, padecendo do mesmo mal racista instalado em outras instituições norte-americanas, ela vetava a participação de negros.
Os jogadores negros chegam na MLB
Para todo movimento existe um pioneiro e foi isso que aconteceu. Em 1945, general managers já discutiam a entrada de jogadores oriundos das negro leagues na MLB; porém, somente em 1947, Jackie Robinson ingressava na liga. Mais tarde ele teria uma impacto tremendo, não só influenciando outros jogadores vindos das negro leagues, mas também mudando um pouco do pensamento enraizado na época. Pouco tempo depois, atletas como Satchel Paige, Roy Campanella, Don Newcombe e Larry Doby seguiram o mesmo caminho.
Falando mais especificamente sobre Jackie, ele lutava demais por questões raciais e sempre levantava sua bandeira. Jackie havia sido oficial do exército americano e inclusive serviu em Pearl Harbor, em 1942, nossos amigos do Dodgers Cast falaram dele aqui.
Saindo de um acampamento em Kansas, Forte Riley, ele foi realocado para Fort Hood, no Texas. Em julho de 1944, ele desafiou um motorista branco que mandou que ele fosse para o fundo do ônibus “onde os negros deveriam sentar”. Quando o comandante da base e a polícia militar deram apoio ao motorista, Robinson se opôs e isso fez com que fosse mandado à corte marcial. Depois de responder ao processo, foi dispensado do exército com honras.
Sabendo da dificuldade e luta contra a autoridade militar, Branch Rickey (general manager e co-proprietário do Brooklyn Dodgers na época) cotou Jackie Robinson como principal candidato para acabar com as barreiras raciais que existiam na época, Rickey queria acabar com tais barreiras também. Jackie era um ex-militar, inteligente e articulado que já conhecia e tinha contato eminente com os brancos.
O presente e uma luta por igualdade
Com o passar do tempo mais atletas ingressaram na Major League Baseball e consequentemente a luta por igualdade racial aumentou. Não só por oportunidades para jogadores afro-descendentes, mas jogadores latinos também começaram a reivindicar mais e mais seu espaço dentro das majors.
O caso recente de George Floyd ou do próprio João Pedro, aqui no Brasil, colocam em vigor esse mesmo fator que Jackie Robinson e tantos outros buscaram e seguem buscando na MLB e nas nossas vidas cotidianas, paz e que ninguém seja melhor ou pior que o outro pela cor da pele.