A segunda parte da entrevista do Seu Barriga em sua apresentação estå aqui, na palma da sua mão (literalmente)!
Van Gundy fala de Zion, cultura e igualdade racial, além da offseason e muito mais nessa segunda parte.
Pode falar mais da sua relação com JJ Redick, e falando em defesa, jå decidiu seus assistentes?
SVG: Minha relação com JJ Ă© valiosa. Trabalhamos juntos por 5 anos em Orlando,e eu vi ele ralando todo dia, um dos caras mais focados e comprometidos que jĂĄ vi em 25 anos de NBA, alguĂ©m muito inteligente e que conhece o jogo e a vida. Mantive contato pelos Ășltimos 8 anos, e tenho enorme respeito por ele, e uma das coisas que ele me disse Ă© que temos grandes pessoas nesse time. Todos sĂŁo Ăłtimos. NĂŁo tem um cara ruim aqui, vocĂȘ vai amar trabalhar com esse time, e isso significou muito pra mim porque sei os padrĂ”es do JJ quando ele elogia alguĂ©m. SĂŁo muito altos.
Quanto a assistentes, é algo que Griffin e eu estamos trabalhando juntos, agora não temos nada certo para anunciar, mas estamos progredindo nisso, e temos excelentes candidatos com grandes idéias, deve acontecer logo. Do jeito que a NBA estå indo, quem sabe não começamos o training camp semana que vem, então vamos ter que achar assistentes no fim de semana (risos)
Com todas as anotaçÔes que vocĂȘ fez, como vocĂȘ vĂȘ que a NBA mudou o como sua filosofia se ajustou?
SVG: Olha, o jogo continua evoluindo e mudando, mas um pouco disso começa a voltar ao ponto incial. Continuamos vendo as bolas de 3 aumentarem, por conta das trocas defensivas que tambĂ©m aumentaram, isso muda como vocĂȘ faz trocas defensivas numa posse. Vemos mais defesa por zona, e isso muda o ataque, com certeza basquete sem posiçÔes estĂĄ virando cada vez mais a realidade. PorĂ©m, muita gente quer falar de smallball e eu acredito que o que estamos vendo Ă© o valor de jogadores alto e habilidosos. entĂŁo, Ă© jogo de perĂmetro, nĂŁo smallball. Isso te permite fazer coisas nos 2 lados da quadra.
Mas conforme o jogo muda, vocĂȘ sempre precisa ajustar como tĂ©cnico, toda noite fazer ajustes baseado em quem vocĂȘ enfrenta, logo nĂŁo Ă© tĂŁo diferente de 2018 quando eu trabalhei por Ășltimo. Tem coisas que vocĂȘ precisa ajustar, algumas jogadas que os times em geral usam, precisa provĂĄvelmente gastar algum tempo nisso ao invĂ©s das jogadas de 2018.
Qual papel vocĂȘ enxerga para o Zion?
SVG: Tenho uma visĂŁo pro que ele Ă©, um cara multi-talentoso. Ele Ă© um playmaker incrĂvel para seu tamanho, ele pode pegar o rebote e liderar o contra-ataque, fazer jogadas, ele passa, bate a bola, finaliza em cima de jogadores maiores no garrafĂŁo, Ă© multi-talentoso. NĂŁo vejo ele como um 4 ou 5 (ala-pivĂŽ ou pivĂŽ), nĂŁo acho que esses rĂłtulos importam pra ele, acho que conforme estudamos e conversamos com ele sobre o que ele prefere, Ă© mais em que condiçÔes queremos colocar ele, e quem sĂŁo os melhores ao redor dele. NĂŁo Ă© limitando ele a uma posição. Vamos começar com isso, e na minha opiniĂŁo, conforme o tempo passa, vou descobrir que ele pode fazer mais coisas ainda que eu pensava, e as tudo vai caminhar pra ele.
O que pensa do perĂmetro, defensa interior, Lonzo Ball no ataque de meia quadra e problemas na defesa interior?
SVG: Vou começar pela segunda parte, quando se fala de defesa, as pessoas tendem a pensar em pivĂŽs. Eu diria que a primeira coisa em defesa interior Ă© nĂŁo deixar a bola chegar lĂĄ dentro. Se a bola chega no coração da defesa facilmente, nossa defesa vai ser quebrada facilmente e vamos ter problemas com faltas e os coitados dos pivĂŽs vĂŁo estar em situaçÔes comprometedoras frequentemente. NĂŁo podemos deixar sĂł na mĂŁo do pessoal no garrafĂŁo, porĂ©m quando sua defesa Ă© quebrada, e ela vai inevitĂĄvelmente contra bons times, tem muitas maneiras de defender o garrafĂŁo. Tem bloqueadores, como Jaxson Hayes serĂĄ, tem Ăłtimos defensores de posição, que realmente entendem verticalidade, e tem caras que sĂŁo fĂsicos, que criam faltas de ataque. Precisamos de todos eles, nĂŁo apenas nossos bigs defendendo. Todos precisam estar dispostos a se colocar entre a bola e a cesta. Defensa interior Ă© muito importante, mas Ă s vezes costumamos colocar essa responsabilidade em alguns caras, quando Ă© um trabalho de equipe. Vamos ter muito trabalho pela frente quanto a isso.
Meus pensamentos quanto ao Lonzo sĂŁo, quanto a ataque: nĂșmero 1, nĂŁo acho que tenha ninguĂ©m melhor na NBA puxando um contra-ataque e permitindo que vocĂȘ ataque antes da defesa se posicionar que ele. Tantas vezes, tanto comentando quanto assistindo jogos pela TV, ele vai avançar a bola sem nem batĂȘ-la no chĂŁo. Isso Ă© Ășnico, e realmente coloca caras como Jrue Holiday, JJ Redick, Ingram e Zion em posição para atacar, onde a defesa nĂŁo tem como ajudar. A maior evolução do Lonzo foi na bola de 3, ele melhorou muito, e isso nĂŁo ajuda somente ele, mas o espaço que cria para outros criadores, como Jrue e Ingram, Ă© muito bom para o time. E, a terceira coisa, e estou falando isso pelo que vi no filme, Lonzo parece ser muito inteligente, e jogadores inteligentes cedo ou tarde acham um jeito. Passei por isso com JJ, ele chegou na liga e demorou um tempo para construir sua carreira, mas caras inteligentes e trabalhadores acham um jeito com o passar do tempo e continuam a evoluir. Portanto, mesmo sendo bom como ele Ă©, e ele Ă© muito bom, acredito que podemos esperar um bom desenvolvimento para ele nos prĂłximos anos.
Suas idĂ©ias sobre a prĂłxima temporada, e o que vocĂȘ pensa da equipe na Ășltima temporada.
SVG: Eu adoro o ritmo que o time jogou na Ășltima temporada, e acredito que eles foram muito solidĂĄrios. NinguĂ©m no time segurou a bola, ou forçou jogadas. A bola se moveu muito bem, e isso te dĂĄ chance de atacar muito bem de maneira consistente.
Sobre a prĂłxima temporada, nĂŁo sou fĂŁ de colocar esse tipo de metas, e nĂŁo Ă© que tenho medo que as metas serĂŁo muito altas, tenho medo de serem muito baixas. Digamos que eu coloco a meta de chegar aos playoffs ou vencer mais da metade dos jogos, e aĂ faltando 3 semanas para o fim da temporada somos a sexta equipe, 10 jogos acima dos 50%. Podemos diminuir o ritmo agora? Sei que Ă© de praxe, mas a verdade Ă© que o meu objetivo, e o de todos aqui Ă© melhorar dia apĂłs dia, se estivermos comprometidos e trabalhando nisso todos os dias, os resultados vĂŁo seguir de forma natural.
Como vocĂȘ vĂȘ a relação entre analĂtica e treinador mudou, e qual sua relação com isso?
SVG: AnalĂtica ajuda muito e acredito que um dos movimentos menos repercutidos dessa pĂłs-temporada que Griffin e o pessoal fizeram foi trazer Michael Hartman para liderar analĂticas aqui, e nĂłs estĂĄvamos trocando mensagens ontem Ă noite, eu comecei a perguntar um monte de coisas pra ele, e ele estĂĄ se mudando pra New Orleans, entĂŁo espero que ele nĂŁo mude de idĂ©ia por eu estar enchendo o saco dele tanto. Mal posso esperar pra sentar com ele e perguntar coisas, porque tenho muitas coisas que estou curioso e posso fazer diferente quanto a treinos e filosofia. Mas quero saber o que os nĂșmeros tĂȘm a dizer sobre isso. Ansioso para ter uma grande relação com Michael e fazer ele trabalhar muito.
Muito se fala sobre cultura, e isso Ă© de praxe. Obviamente construir uma cultura Ă© um processo, o que vocĂȘ aprendeu e como vocĂȘ acha que esse Pels pode alcançar algo similar?
SVG: Todos nĂłs da franquia nos conectamos quanto a cultura, porque, cultura realmente Ă© um corpo de valores compartilhados de como vocĂȘ quer fazer as coisas. Estamos muito alinhados nisso. As 2 coisas que realmente acredito quanto a cultura sĂŁo que tem muito pouco a ver com o que vocĂȘ fala e tudo a ver com o que vocĂȘ faz todo dia. Eu comecei minha carreira trabalhando para o Pat Riley em Miami e falam da cultura do Heat o tempo todo, mas quando eu estava lĂĄ, e eu estive lĂĄ por mais de 10 anos, eu nĂŁo me lembro uma Ășnica vez do Riley sequer usando essa palavra. E ainda assim, cada jogador da franquia poderia te dizer exatamente o que era a cultura do Heat. Portanto, vocĂȘ constrĂłi isso dia a dia, interação a interação, passo a passo, e com o tempo, as pessoas vĂŁo saber qual Ă© a da sua organização. Qual Ă© a dos seus lĂderes. Do topo atĂ© os jogadores, e eles vĂŁo passar para os prĂłximos jogadores, e Ă© assim que se constrĂłi uma cultura. NĂŁo Ă© do dia pra noite, vocĂȘ sĂł pode acelerar atĂ© certo ponto o processo, leva tempo.
A segunda coisa quanto a cultura é que por mais que eu, Griffin, Trajan, Swin, todo mundo até acima de nós tente dar o exemplo, no final do dia ela serå o que nossos melhores jogadores decidirem que serå. Então, esses são os caras que precisam tomar responsabilidade por criar o tipo de cultura que queremos por aqui.
Muitos tĂ©cnicos falam sobre defesa, e sei que Ă© algo que vocĂȘ prega desde o inĂcio da sua carreira, mas francamente, como vocĂȘ faz caras que ganham milhĂ”es de dĂłlares se comprometerem com esse tipo de esforço?
SVG: Olha, a grana Ă© praticamente irrelevante. Ă parte do negĂłcio que eles estĂŁo, negociar contratos. Minha experiĂȘncia Ă© que no momento que eles pisam em quadra, nĂŁo importa. Eles querem jogar basquete, competir, eles nĂŁo estariam aqui se nĂŁo fossem competidores e quisessem vencer. Eles querem vencer, e vocĂȘ nĂŁo vencerĂĄ se nĂŁo der conta do trabalho na defesa, e nenhum jogador vai ter o respeito que quer enquanto nĂŁo fizer parte de um time vencedor. Isso volta no que falamos sobre responsabilidade, nĂŁo funciona comigo batendo na cabeça deles, tem que ser claro quanto aos objetivos individuais e coletivos, e tentar fazer eles entenderem o que Ă© preciso pra chegar lĂĄ. E o que leva eles onde querem Ă© fazer parte de um grande time, e grande parte de um grande time Ă© a defesa. Quando eles entendem isso, eles entregam o esforço e foco que faz um bom time.
VocĂȘ tem sido bem atuante politicamente nos Ășltimos tempos. Como os jogadores tĂȘm reagido a isso, e vocĂȘ planeja continuar assim apĂłs a eleição?
SVG: Sem dĂșvida, a arena ser usada como local de votação Ă© tremendo por parte do Pels. Precisamos de locais de fĂĄcil acesso e seguros para votar, portanto arenas fazem muito sentido, e governadores como a senhora Benson ajudam muito. Uma das coisas que eu realmente gostei, quando se passa por uma entrevista, assim como Griffin e Langdon pesquisaram a meu respeito, eu pesquisei a respeito da organização, e uma das coisas mais impressionantes para mim foi a senhora Benson fazer parte do conselho da Fundação NBA, 8 pessoas colocando 30 milhĂ”es de dĂłlares por ano para empoderar economicamente comunidades negras. Portanto, claramente hĂĄ comprometimento da parte dela para fazer coisas que vocĂȘ pode se orgulhar de fazer parte.
Ao menos na minha situação, estamos trabalhando com pessoas predominantemente negras, e ouço histĂłrias o tempo todo, quando vocĂȘ tem a chance de trazer Ă tona isso e ajudĂĄ-los, vocĂȘ quer fazer. Dennis Lauscha comentou que quer fazer isso da maneira mais construtiva possĂvel, assim vocĂȘ traz mais pessoas ao invĂ©s de afastĂĄ-las. Eu achei um grande comentĂĄrio, e tento manter isso em mente nas Ășltimas 2 semanas. NĂŁo tenho sempre feito um grande trabalho quanto a essas causas, e as acho muito importantes.
Qual foi o momento do estalo, onde vocĂȘ soube que Stan Van Gundy era o cara pro trabalho?
Griffin:Â Trajan estava muito comprometido de inĂcio no processo, mas o momento para mim foi quando passei um tempo com ele e a esposa dele, Kim, ele falou sobre cultura, eu vejo minha esposa e eu refletidos no Stan e sua esposa. Acho que Stan percorreu o caminho dentro e fora da quadra na sua vida. Isso realmente importou pra mim, particularmente estando afastado por alguns anos ele teve tempo para entender exatamente onde eu estava errando. Ele estava comprometido a fazer isso como uma famĂlia da maneira certa, e conosco (Pelicans), e quando eu vi isso, esse foi o momento onde tudo se encaixou.
Quais sĂŁo os maiores desafios em tentar acelerar tudo caso a temporada comece em dezembro?
Trajan: Estamos todos tentando nos adequar a isso ainda. LogĂsticamente, Ă© questĂŁo de gerenciar o tempo, vocĂȘ sĂł tem um nĂșmero de horas num dia para fazer tudo, e nesse momento sĂł temos um determinado tempo para nos prepararmos para o draft, montar uma equipe tĂ©cnica, nos preparar para a free agency. Tem muita coisa pra ser feita no nosso local de treinos, deixa-la higienizada, a liga vai nos cobrar muito nisso. NĂŁo apenas para receber as escolhas de draft e agentes de jogadores, mas para estarmos prontos para a prĂ©-temporada. Muita coisa que nĂŁo sabemos ainda serĂĄ pedida a nĂłs, entĂŁo estamos nos preparando com o que sabemos e temos controle, e nĂŁo vamos nos precipitar quanto ao resto, mas o desafio Ă© o nĂșmero de dias.
Griffin: Faço dele minhas palavras, e a idĂ©ia de iniciar a free agency junto com a prĂ©-temporada Ă© inquietante. Pensar em trazer gente na prĂ©-temporada em cima da hora, nĂŁo consigo imaginar como isso Ă© para o tĂ©cnico, nĂŁo saber diariamente quem e quantos jogadores vocĂȘ terĂĄ, parece um inĂcio complicado para todos.
SVG: Quando li outro dia que podemos iniciar 1 mĂȘs antes, pensei “wow”. Claro, chegando em uma situação nova, vocĂȘ gostaria de ter tempo para trabalhar, mas trabalhei com alguns tĂ©cnicos incrĂveis na minha jornada, e um cara que eu tinha um respeito enorme era Nick Macarchuk, em Canisius e Fordham. Ele sempre dizia para os jogadores, e eu penso nisso todo dia desde que assumi esse trabalho: “nĂłs vamos estar prontos para competir qualquer hora, qualquer lugar, sob qualquer condição”. De um lado, este Ă© um Ăłtimo jeito de passar essa mensagem para nossos jogadores. Quando vocĂȘ deve estar pronto para a prĂ©-temporada? Quando nos disserem. Isso continua na temporada – temos back-to-backs, sem desculpas. Qualquer hora, qualquer lugar, qualquer condição, nĂłs vamos estar prontos para competir. Pode ser mais rĂĄpido do que eu gostaria, mas Ă© o que Ă©, e eu vou estar preparado.
E aĂ, qual sua opiniĂŁo sobre os assuntos abordados pelo novo tĂ©cnico do Pelicans? Comente, xingue, e dĂȘ sugestĂ”es!