Redskins: Torcida e Sentimentos

LOJA REDSKINSPor que torcer para o Redskins?

Escrevo estas pequenas linhas faltando algumas horas – mais precisamente, seis – para o início do jogo contra Kansas City, para o qual eu estou, efetivamente, #empolguei.

O que me levou à tela do computador, entretanto, é um motivo muito mais digno do que compartilhar a minha empolgação com o até agora brilhante draft de 2017.  É compartilhar não o sentimento de agora, mas o porque eu me sinto assim, o porquê de minha torcida para os peles-vermelhas de Washington.

Comecei a acompanhar, mal e mal, a NFL na década de 1980.  Muitas vezes, tudo que eu sabia era o placar dos jogos, alguns raros textos aqui e ali, entre o “Estadão” e a “Folha”, que meu pai assinava à época – sim, geração internet, as pessoas tinham assinaturas e recebiam jornais em casa para se atualizar dos acontecimentos, que eram complementados pelas ondas do rádio e pelos sete (!) canais de televisão que tínhamos – a TV a cabo, aqui no Brasil, só chegou na década de 1990.

Pelo momento, nunca cheguei a torcer para um time: achava os 49ers um time legal, porque tinham Joe “Cool”; os Giants – ou liliputianos – nunca me atraíram, apesar dos Super Bowls de 1986 e 1990: Nova Iorque era uma cidade que era grande demais, não podia torcer para um time de Capital, torcedor do glorioso Santos que sou; os Dolphins, apesar de terem o grande Dan Marino, eram irritantes, de tanto que morriam na praia; e havia os Redskins.  Ah, os Redskins.

Sempre gostei do nome: quando brincava de forte apache, o grupo de Touro Sentado e Gerônimo sempre acabava com as forças do General Custer – e isso antes de saber que eu brincava com um fato histórico correto.  Os peles-vermelhas sempre defenderam seu direito às terras, invadidas pelo homem branco.  Eles que eram legais – o dia do Índio era comemorado no EEPSG Archticlino Santos, colégio estadual onde fui alfabetizado na primeira série, era um dever cívico entender que o índio era injustiçado.  Doces tempos onde nomes eram só isso: nomes.

No final de 1991, fiz uma viagem com meus pais e meus dois irmãos aos EUA.  Passamos por Miami, Orlando e chegamos em Washington, após conseguir algumas raras – na ocasião – moedas de U$1,00 numa máquina para trocar cédulas na Carolina do Norte (eu queria quarters, para jogar fliperama).

Para quem não conhece Washington, DC, é uma cidade linda.  Estivemos lá na primeira semana de 1992. E eu descia no saguão do hotel, onde tinha uma máquina de fliperama com o jogo das tartarugas ninja, que eu e meu irmão zeramos à época, à custa de uns U$20,00 em quarters do meu pai – que acredito tenha ficado louco com minha mãe.  E, enquanto eu jogava fliperama, via as pessoas naquele 5 de janeiro ficarem vidradas com um jogo de futebol americano na televisão do bar: Redskins vs Atlanta, quando ganhamos por 24 x 7.

No dia seguinte, a cidade estava em polvorosa: via-se camisas dos Redskins em todo lugar.  Contagiante.  Achei meu time.  Modinha?  Claro: a empolgação das pessoas passa a irradiar para as pessoas em volta.  Fiz meu pai comprar um boné para mim.  E desde então sou torcedor dos Redskins – vibrei quando li que tínhamos sido campões do Super Bowl, à distância, lendo matérias no jornal.  Não lembro porque não vi o jogo – se não passou na TV ou se eu estava fazendo algo que meus 15 anos achavam inadiável.

Desde então, acompanhava os jogos como podia, nunca com muita profundidade, que somente a internet me propiciou.  E descobri que, além da empolgação, meu time tinha muita história.  Uma história com altos e baixos, tanto tenebrosa – com um dono racista, fomos a última franquia a ter negros no elenco –, como uma história de volta por cima, com Doug Williams como o primeiro QB negro a ganhar um Super Bowl.  Uma história de idas e vindas, de homenagens, de alegrias e tristezas, de QBs machucados (Joe Theismann, que teve sua carreira encerrada em tackle muito antes de RG3), de 3 Super Bowls com 3 QBs diferentes.

Um time que homenageia – não importa o que digam – um povo sofrido e invadido. É esse o time que eu torço.

#HTTR

Texto por Antonio Cruz

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