JĂĄ citamos em nosso podcast, esse final de offseason Ă© uma Ă©poca de esperanças. Vemos as contrataçÔes na offseason, os recrutamentos no draft, os treinos durante os OTAâs e Training Camps imaginando como isso tudo funcionarĂĄ. Imagino que, na cabeça do torcedor do Baltimore Ravens, isso esteja amplificado por conta do desempenho nos Ășltimos dois anos.
Para recapitular: a primeira temporada completa com Lamar Jackson de titular o time varreu de assalto a liga, com recorde de 14-2 e segunda ida consecutiva aos playoffs. Na temporada seguinte, apesar dos trancos e barrancos sem uma offseason decente por conta da pandemia de COVID-19, o Baltimore Ravens conseguiu se classificar no Wild Card e ainda venceu a primeira partida de playoffs.
Some isso Ă s contrataçÔes recentes e temos a fĂłrmula perfeita para deixar o fĂŁ da franquia de Maryland empolgado. Linha ofensiva reformulada com contrataçÔes de peso, investimento tanto na free agency quanto no draft em setores que careciam de mais talento e uma promessa de reformulação do playbook visando um pouco mais o jogo aĂ©reo, com acreĆcimo de dois coordenadores para auxiliar Greg Roman nessa reconfiguração.
Eis que começa o Training Camp e o que vemos Ă© uma sucessĂŁo de abstençÔes. Algumas sĂŁo compreensĂveis, outras causam uma indignação enorme por tamanha irresponsabilidade.
AusĂȘncias
Enquanto escrevo isso, Marquise Brown, Myles Boykin e Kevin Zeitler se encontram no departamento médico. Os Wide Receivers tiveram ambos uma lesão no posterior da coxa e continuam fora por tempo indeterminado. Jå o offensive lineman não treina por conta de um problema no pé, porém o staff informa que a lesão não parece séria.
Apesar de frustrante, esse tipo de ausĂȘncia nĂŁo tem muito o que fazer. LesĂ”es acontecem, fazem parte da vida de um atleta de alto rendimento e sĂł nos resta lamentar. Talvez o que mais frustre a essa altura Ă© vermos Tyler Huntley e Trace McSorley tomando conta da posição de quarterback no training camp, enquanto o jogador mais importante da franquia, por conta de uma nova reinfecção por COVID-19, estĂĄ em quarentena de 10 dias, conforme manda o protocolo da NFL para os nĂŁo-vacinados.
Gus Edwards tambĂ©m estĂĄ fora pelas mesmas razĂ”es. E vocĂȘ tem todo o direito de se revoltar e ficar indignado com ambos, principalmente com Lamar. Em um momento importante onde seria fundamental ter o QB titular disponĂvel para desenvolver quĂmica com seu mais novo recebedor e experimentar quaisquer novos esquemas que os tĂ©cnicos estejam desenvolvendo, ele se vĂȘ obrigado a ficar de molho por conta de uma atitude irresponsĂĄvel e egoĂsta da sua parte, comprometendo nĂŁo sĂł a si prĂłprio, como todo o time.
Destaques
Para nĂŁo dizer que Ă© tudo um mar de espinhos, ao menos a defesa se mostra dominante no training camp, segundo anĂĄlise dos setoristas. E aqui eu abrirei mĂŁo de considerar as ausĂȘncias no setor ofensivo, pois diante de tal situação, o que se espera Ă© que as peças defensivas dominem o jogo.
Na linha defensiva, Justin Madubuike tem arrancado elogios de companheiros e coordenadores com seu desempenho. Calouro da classe de 2020, o jogador tem mostrado mais fisicalidade e atleticismo, podendo ganhar mais snaps para essa temporada e, com isso, deixar mais descansados os veteranos do interior da linha.Ăs
Quem tambĂ©m chamou a atenção na semana foi o EDGE Odafe Oweh, calouro de primeira rodada deste ano. Questionado sobre o tamanho de seu impacto para apressar o passe, Oweh vem demonstrando que sua agilidade para ganhar da OL adversĂĄria e velocidade para alcançar o backfield podem representar uma melhora significativa a um setor que pouco produziu nos Ășltimos anos.
E na data de publicação deste texto, o calouro ainda contarĂĄ com a ajuda do veterano Justin Houston. Contratado no começo dos trabalhos de treinamento apĂłs meses de negociação, o ex-Kansas City Chiefs e Indianapolis Colts serĂĄ integrado finalmente ao time. Esperava-se o retorno tambĂ©m de Lamar Jackson, mas atĂ© o momento, sem notĂcias do quarterback em campo.
E no ataque, com a ausĂȘncia de Marquise Brown e Myles Boykin, obviamente Devin Duvernay e James Proche acabam ganhando mais espaço. Neste caso, Proche tem ganhado mais atenção, mostrando maior evolução, comparado ao ano passado.
Mais observaçÔes
Alguns talvez se perguntem sobre os quarterbacks reservas. Bom, entre Trace McSorley e Tyler Huntley, pontos para McSorley. Especialmente na quarta-feira, Huntley teve uma atuação muito ruim no training camp, mesmo considerando os desfalques, principalmente na OL que não contou sequer com Alejandro Villanueva e Ronnie Stanley, que apesar de presente no Under Armour, ainda se encontra em recuperação.
Enquanto o destaque para Tyler Huntley foram as trĂȘs interceptaçÔes lançadas na quarta-feira, McSorley tem mostrado boa mecĂąnica e desenvoltura nos passes, se mostrando uma alternativa segura em caso de uma possĂvel ausĂȘncia de Lamar Jackson. Ou, pelo menos, nĂŁo esperemos que se repita o que aconteceu no jogo contra os Browns na temporada passada, em que Lamar Jackson nĂŁo pode sequer se recuperar das cĂŁibras.
Sim, vamos admitir que ele teve cĂŁibras durante o jogo.
Mas nĂŁo nos esqueçamos: por mais que tenham a simpatia dos torcedores, eles ainda sĂŁo reservas. A presença deles no pocket jĂĄ Ă© um indicativo de que a potĂȘncia do ataque Ă© consideravelmente mais baixa, a nĂŁo ser que alguma anormalidade no nĂvel Case Keenum em 2018 aconteça.
A ideia no fim das contas é: em Baltimore parece que as coisas nunca se alinham para dar tudo certo. Talvez seja aquela sensação de que a grama do vizinho é sempre mais verde. De qualquer forma, a sensação que se tem é a de que com os Ravens, a coisa sempre patina. Espero que seja só impressão e o desempenho na temporada cale minha boca.