Pós-jogo: Colts vs Steelers – Esperado e, ainda assim, sofrido

Por Carol Vago

Colaboração: Pedro Jorge Marinho

O JOGO

Após liderar jogo inteiro, mais uma vez o Indianapolis Colts deixa escapar a vitória nos últimos segundos e vai para bye-week na última colocação da AFC South. Está repetitiva a quantidade de vitórias desperdiçadas no segundo tempo…

Com Pittsburgh atacando primeiro, conseguimos uma interceptação logo no segundo snap do jogo. Ben Roethlisberger tenta Martavis Bryant, mas o passe fica muito pendurado. Pierre Desir faz boa leitura da jogada e consegue o turnover. Isto foi a única situação realmente relevante no primeiro quarto, mas a campanha do touchdown azul e branco começou a se desenhar no final dele. Após um false start do #68 Kalis, Brissett manda uma bomba para Donte Moncrief. 60 jardas para o #10 capitalizar o touchdown. 7×0.

Com um three-and-out rápido, o ataque do Steelers não produzia nada. Antonio Brown muito bem anulado por Rashaan Melvin, Le’Veon Bell sem espaço entre a DL para correr… A defesa fazia um jogo bom. E o ataque produzia bem. Frank Gore estava correndo muito bem, Brissett escolheu Rogers como o alvo do dia e o #80 produziu excepcionalmente bem. Nossa campanha seguinte foi quase exemplar. Com 7:31 gastos do relógio, faltou apenas o touchdown. Mas Adam Vinatieri colocou mais três pontos na liderança.

O Steelers tentava tudo o que podia. Um reverse mal executado para Bryant fez Jon Bostic conseguir um tackle para a perda de 9 jardas, matando a campanha de Pittsburgh. Punt. Com 4:12 restando, era a chance para ampliar ainda mais o placar. Após o two-minute warning, Brissett sofre um sack para -13 jardas, finalizando a campanha do Colts. Restava 1:39 quando Big Ben entrou no jogo. 9 jardas para Vance McDonald, 15 para JuJu Smith-Schuster e 13 para Bryant. Com oito jardas perdidas após um fumble do Big Ben, Chris Boswell teria um FG de 51 jardas, mas numa 3rd & 18 Ben conectou 10 jardas para Brown, dando ao seu kicker mais tranquilidade. 10×3 e intervalo após Brissett ajoelhar.

No começo do segundo tempo, algo inédito na temporada: um touchdown logo no primeiro drive. Brissett manda mais uma bomba, dessa vez para Chester Rogers, que limpa a marcação e corre para a endzone. 61 jardas de conexão para colocar 17×3 no placar. Uma pena que logo em seguida, Roethlisberger havia entrado no totalmente no jogo. Um passe de 44 jardas para Smith-Schuster deixou o Steelers em excelente posição para pontuar. Após um firstdown em seguida e contando com pass interference do Melvin, Big Ben acha JuJu para o touchdown. No extra-point, Margus Hunt consegue um belo bloqueio e quase que Matthias Farley retorna para +1. 17×9.

Após uma sequência de punts, entra o último quarto, onde o caos para Indianapolis uma hora ou outra vai acontecer. Numa 3rd & 8, na linha de 13 do campo de defesa, Brissett manda um passe ruim para Jack Doyle, que acaba não segurando. Ryan Shazier tem o reflexo de conseguir interceptar antes que a bola caia no chão. Em seguida, Big Ben acha Vance McDonald para o touchdown. E o Steelers consegue empatar após a conversão de 2 pontos.

O ataque do Colts parou. Hilton foi peça nula em campo, Brissett cometendo o mesmo erro de segurar demais a bola, a OL que não protege ninguém… E mesmo com o FG perdido por Boswell, não conseguimos mais nada no jogo, nem uma jogada relevante. Apenas punts. E com 3:10 no relógio, tendo um QB do nível de Ben Roethlisberger no time adversário é pedir para perder. Controlando muito bem o relógio através de corridas com Bell, o Steelers vai se aproximando do alcance para Boswell. E após 32 jardas de conexão para Antonio Brown, o kicker adversário, sem problemas, conecta para 33 jardas e dá a vitória ao Pittsburgh. 17×20 e 3-7.

PONTOS POSITIVOS

  • Anthony Castonzo, confirmando sua ótima temporada, fez um jogo impecável. Teve a melhor avaliação segundo o Pro Football Focus entre os jogadores da posição e fez parte do time da semana;
  • Boa partida do Rashaan Melvin. Anulou totalmente Antonio Brown enquanto o #84 esteve sob sua cobertura;
  • A DL não deu muitos espaços para Le’Veon Bell trabalhar. O melhor RB da liga atualmente teve 26 carregadas e 80 jardas;
  • Chester Rogers teve um jogo muito bom. Com 104 jardas em 6 recepções, o #80 anotou um TD;
  • Pierre Desir foi bem. Conseguiu uma interceptação logo no início do jogo e deu trabalho a Martavis Bryant.

PONTOS NEGATIVOS

  • Interceptações em momentos decisivos estão tomando conta da vida de Jacoby Brissett como QB. Mais uma no último quarto, mais uma para desestabilizar o time;
  • Falta de ajustes como resposta aos ajustes de Pittsburgh. Blitzes constantes da defesa adversária deram trabalho ao Brissett;
  • T.Y. Hilton recebeu a bola apenas duas vezes. 23 jardas para o #13.

AS ATUAÇÕES

O texto de hoje não começa muito diferente do da semana 9. O Colts iludiu, e muito, quem viu o primeiro tempo de jogo no Lucas Oil Stadium nesse domingo. Até os mais pessimistas torcedores como eu passaram a acreditar que o time poderia ganhar o confronto com o Steelers, o que não acontecia desde 11 de Setembro de 2008. O time mais uma vez foi ao intervalo a frente do placar, e mais uma vez deixou o oponente dominar a segunda metade do jogo e sair com a vitória de Indianapolis.

O time começou o jogo com uma grande interceptação de Pierre Desir! Em um passe pouco digno de entrar no currículo de Bem Roethlisberger, o cornerback foi impecável na marcação. Martavis Bryant pouco fez, também, para impedir a interceptação, esperando talvez que o defensor deixasse a bola passar. Mais uma interceptação de Big Ben contra times da AFC South. Os mais otimistas até acreditaram que o vexame contra o Jaguars poderia se repetir ontem à tarde. Infelizmente não foi bem assim.

A defesa foi novamente muito bem no jogo. Inúmeras vezes conseguiu conter Le’Veon Bell ainda na linha de scrimmage, o que para a grande parte das defesas é uma tarefa um tanto quanto difícil. O desempenho contra o futuro free agent foi bem simples e claro: ou era parada antes/na linha de scrimmage ou então conseguia jogadas para quase 10 jardas. Sempre que passava das trincheiras o corredor conseguia bons avanços, muito pelo jogo mediano dos ILBs.

Inside linebackers que, desde o jogo contra o Texans, vêm surpreendendo a torcida, os técnicos e a mídia. Foram dois jogos onde Antonio Morrison e Jon Bostic tiveram ótimas atuações. Não vamos elogiar demais, para não secar os jogadores. Parece que sentiram a “água bater” e resolveram entrar para valer nos jogos. Foram 2 dos 5 jogadores mais bem avaliados segundo o Pro Football Focus para o jogo: Morrison com uma nota de 83.8 e Bostic com 86.4.

Outro que esteve entre os melhores em campo foi Jabaal Sheard. A cada dia a contratação de Chris Ballard se mostra mais importante para o time. Foi mais um jogo onde o OLB conseguiu pressionar o QB adversário e ser efetivo em sua função. Quando se trata da defesa, ainda temos Barkevious Mingo jogando bem. O defensor recém-chegado ganhou espaço com a lesão de John Simon, e vem mostrando que pode ser uma ótima opção para a rotação. Outro que ganhou oportunidades por lesões foi Margus Hunt. Outra decisão acertada do time durante a offseason. Hassan Ridgeway parece estar começando a render como o esperado, tendo completado seu segundo sack na temporada.

Se talvez não tenhamos os melhores números possíveis para a linha defensiva e os OLBs, ao menos podemos ver um provável futuro para a defesa nesse ponto. Jogadores jovens, com contratos favoráveis ao time e ainda com potencial para evolução (no caso de Ridgeway, Mingo e Basham). Já quando falamos dos ILBs, ainda que as atuações tenham melhorado consideravelmente, ainda fica a pulga atrás da orelha com a necessidade de investimento (pesado) na próxima offseason.

A secundária do time mostrou que Vontae Davis pouca diferença fazia dentro de campo. Seu substituto, Desir, conseguiu uma interceptação que nos deu a chance de pontua em cima do erro adversário logo no primeiro drive de jogo. Melvin mais uma vez teve uma ótima atuação, mostrando que merece a renovação de contrato. Hairston teve uma atuação um pouco abaixo das anteriores, ainda que tenha conseguido ajudar na pressão ao QB em algumas (poucas) blitzes. O CB ainda participou (ou deixou de participar, no caso) da jogada do touchdown do empate do Steelers, onde McDonald estava completamente livre para receber a bola na endzone.

Depois de 8 semanas Quincy Wilson estava novamente ativo para o jogo. Motivo de felicidade e, de certa forma, até de euforia para a torcida. O CB rookie estava fora do time há muito tempo, sem que motivos mais claros fossem apresentados por parte da comissão. O que se esperava ver em campo não foi visto, muito pelo contrário. O ilustríssimo TJ Green, um dos poucos jogadores que sobraram da Era Grigson, esteve em campo. Não bastando jogar mal, o CB/S ainda cometeu uma falta ridícula, ajudando o Steelers a avançar no campo.

Farley, Desir e Butler ainda tiveram bons jogos, nada excepcional exceto pela interceptação para Desir, porém. Antonio Brown, que vinha doutrinando o Colts em suas últimas aparições, não teve uma tarde boa, com apenas 47 jardas e conseguindo recepcionar menos da metade dos 7 passes direcionados a ele. Um ataque com tantas armas como o do Steelers naturalmente poderia se sobressair. A vez foi de JuJu Smith-Schurter: foram 97 jardas em 5 recepções. Levando em consideração o número de bons alvos, o desempenho geral da defesa contra o passe foi bom.

Falamos então do ataque. De nada adiantou ter a posse de bola roubada do Steelers no primeiro drive. Não só nesse drive, como na maioria dos outros, os resultados pouco passaram de punts. O primeiro quarto com zero pontos pra cada time mostra como o jogo começou lento, sem muita emoção (mesmo com a interceptação de Desir). Ao menos no início do segundo quarto o Colts anotou um touchdown de 60 jardas com Moncrief. O recebedor, que pouco apareceu no jogo, com apenas esta recepção, abriu o placar para o time da casa.

Os demais recebedores do Colts pouco fizeram também, com exceção a Chester Rogers, que anotou 1 touchdown e 104 jardas. Nada mal para quem fazia o segundo jogo na temporada, após retorno de lesão. Enquanto isso, TY, Doyle, Mack, Daniels e Gore pouco ajudaram no jogo aéreo.

O que falar de Jack Doyle? Nunca se sabe ao certo como será a semana do TE. Em uma semana ele é o melhor jogador do time, recebe para muitas jardas, marca touchdowns. Já no jogo seguinte, parece ter perdido a habilidade de agarrar uma bola de futebol americano. Novamente um turnover originou-se de erros do tight end. Dessa vez, em uma ótima marcação de Ryan Shazier, o Colt dropou uma bola que parecia uma recepção certa. Resultado: interceptação e posição de campo suficientemente boa para o Steelers empatar o jogo em Indianapolis.

O jogo corrido novamente foi mal. Todos os jogadores que correram com a bola conseguiram somar apenas 71 jardas totais. Alternado boas corridas com outras onde ocorriam perdas de jardas, o Colts mais uma vez não conseguiu consolidar o jogo terrestre e jogou toda a responsabilidade de avançar em campo nas mãos de Jacoby Brissett. Mesmo Gore, que iniciou o jogo bem, acabou tendo uma baixa média de jardas por carregada: 3,2.

Sem jogo corrido o Colts então apostou nos “60 minutos de foco” de Brissett (coisa do Belichick). Concordo que, conforme Brian Schottenheimer, o QB tem evoluído ao longo dos jogos. Quando comparamos as atuações de 8 ou 9 semanas atrás, vemos um jogador melhor. No entanto não podemos deixar de destacar que o jovem ainda tem muitos problemas quando a defesa adversária realiza alguma blitz. Além de não reconhecer, quando ocorrem essas situações Brissett não consegue se desvencilhar dos defensores. Muitas vezes a impressão que fica é que ele aceita ser engolido pela defesa e não procura saídas para lançar a bola. No entanto, no geral o jogo não foi ruim: 222 jardas aéreas, 7 jardas corridas, 2 TDs, uma interceptação muito por culpa de Doyle e um rating de 99,7.

Na linha ofensiva um jogador merece destaque: Anthony Castonzo. O left tackle que há algum tempo vinha sendo questionado tem feito uma temporada impecável. Todo seu trabalho foi mostrado no jogo da semana 10. Melhor jogador da semana em sua posição, Castonzo não permitiu que Brissett fosse pressionado pelo lado esquerdo do ataque. Sem faltas em um jogo contra a forte defesa do Steelers, Castonzo foi, junto a Rogers, um dos melhores jogadores do ataque do Colts.

Concordo que a vitória anterior contra o Texans não deveria animais muito os torcedores dos Potros, mas é inevitável criar uma ponta de esperança. A derrota nos deixou com a quarta escolha geral do Draft de 2018. Com a derrota do New York Giants para o San Francisco 49ers e os demais resultados da semana, continuamos firmes na concorrência de uma escolha no Top 5 do Draft.

OS MELHORES DA SEMANA

O pódio dessa semana foi formado por Anthony Castonzo em primeiro lugar, com atuação exemplar contra a forte DL do Steelers. Melhor tackle da semana, eleito melhor do time de forma justa. A seguir, uma escolha não muito difícil, Chester Rogers. O WR recém recuperado de lesão mostrou que pode ser um bom alvo no ataque. Para completar o pódio, temos o autor da linda interceptação no primeiro drive de jovo: Pierre Desir em ótima uma ótima atuação, além de anular os recebedores do Steelers ainda contabilizou um turnover

Ainda que não tenhamos escolhido Rashaan Melvin para o pódio da semana, o cornerback deve ter uma menção no texto. Anulou Antônio Brown, um dos melhores WRs da liga, limitando-o a 47 jardas.

Essa semana tivemos a bye-week. Possivelmente na Semana 12, teremos a volta de John Simon, Clayton Geathers e Erik Swoope para ajudar a defesa. Os playoffs viraram um sonho impossível. O jeito é tentar terminar dignamente a temporada.

Enquanto isso, acompanhem nosso Podcast Colts Brasil, semanalmente no Fumble na Net. As notícias e cornetadas no @HorseshoeBR, @potrosbr, @CarolVago12 e @pj1992.

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