Pós-jogo: Colts @ Chargers – Semana 1

Depois de uma longa e conturbada offseason para os Colts, a temporada enfim começou. A visita aos Chargers resultou em derrota na prorrogação por 24-30, e apesar da frustração de ter a vitória tão perto as impressões que tivemos foram animadoras.

 

OS PONTOS POSITIVOS

Have a day, Marlon Mack

Jogo para entrar na história dos Colts e na carreira de Marlon Mack. Apesar da derrota, nosso running back conseguiu anotar 174 jardas terrestres contra os Chargers e um touchdown, sendo peça-chave para manter os Colts na disputa pelo jogo. Após um primeiro tempo pouco produtivo com apenas 21 jardas terrestres de Mack, os Colts conseguiram acionar seu jogo corrido realizando ajustes no intervalo. O segundo tempo marcou uma das partidas mais produtivas da história dos Colts em termos de jardas corridas. As 119 jardas de Marlon no terceiro quarto foram maior número de jardas corridas por um jogador dos Colts em um único quarto de jogo desde que o time se mudou para Indianapolis.

No jogador teve média de sete jardas por carregada, além de anotar a maior corrida de sua carreira, para 63 jardas, que resultou em um touchdown. O time sofreu por anos sem um corredor capaz de alcançar 100 jardas corridas em um jogo. Agora, Marlon Mack se mostrou capaz de produzir de maneira consistente atrás de uma ótima linha ofensiva ainda na temporada passada.

Desde 2004, quando Edgerrin James anotou 204 jardas corridas, nenhum RB dos Colts conseguiu produzir tanto quanto Mack produziu no jogo de ontem. Felizmente, para quem acompanhou a temporada anterior e as notícias das atividades de offseason, a evolução de Mack e a sua produtividade no primeiro jogo da temporada não são surpresa. O jovem jogador mostrou versatilidade em campo, sendo capaz de fazer corridas dinâmicas e mais longas, evitando tackles e atacando os espaços, e também de correr para pequenos ganhos em situações de descidas curtas. Have a day, Marlon.

Linha ofensiva

O começo de jogo para o ataque não foi muito bom, o time ofensivo teve um início lento como um todo, mas o que se viu foi novamente o lado esquerdo da linha ofensiva muito forte. Já o lado direito da linha acabou cedendo sacks, primeiramente num erro de Mark Glowinski e depois em erros de Braden Smith. Considerando que os oponentes tinham Melvin Ingram e Joey Bosa se revezando no ataque ao lado direito da nossa OL, podemos considerar normal que a pressão chegasse em algum momento do jogo.

O primeiro tempo da linha ofensiva não foi bom nem na proteção de passe nem abrindo espaço para corridas. Felizmente o segundo tempo nos apresentou melhoras, especialmente no jogo corrido, em diversas jogadas onde Marlon Mack teve espaço para correr e tempo para tomar a melhor decisão com a bola nas mãos. Vale lembrar ainda que durante o jogo tivemos um quarterback sneak bem-sucedido. Quenton Nelson, como de costume, foi um dos destaques e teve mais um excelente jogo.

Malik Hooker

Ball hawk: um jogador defensivo hábil em roubar a bola dos adversários. Após romper o ligamento cruzado anterior em sua primeira temporada na NFL, em 2017, e sofrer com lesões que limitavam seu desempenho em 2018, Malik mostrou o motivo de ser um jogador selecionado na primeira rodada do Draft. Durante o último quarto de jogo, quando os Chargers lideravam por 24-16 e poderiam selar a vitória, o #29 recolocou os Colts no jogo com uma interceptação dentro da end zone. Lendo os olhos de Rivers, o safety interceptou a bola, que cairia suavemente nas mãos de Keenan Allen, com apenas uma mão. Ainda conseguiu um retorno até a linha de 26 jardas do campo de defesa. Assim como no jogo contra os Giants na temporada passada, Hooker apareceu num momento de extrema necessidade.

Jacoby Brissett

O que vimos foi um jogo conservador de Jacoby Brissett contra os Chargers. O jogador provavelmente era a maior interrogação para a temporada após a aposentadoria recente e surpreendente de Andrew Luck. Na temporada de 2017 vimos um jovem quarterback sendo “jogado aos leões” sob o comando de Chuck Pagano, passando uma impressão bastante ruim para a torcida. Entretanto, como alertávamos, os Colts de hoje são completamente diferentes dos de 2017 e Jacoby entra nessa definição. O novo QB1 de Indianapolis se mostrou confortável ao comandar o ataque que, sob o comando de Reich, se mostrou muito mais amigável a Brissett.

Com as jogadas bem desenhadas pelos técnicos, Jacoby procurou distribuir a bola para todos seus recebedores, sempre lançando para o alvo livre e correndo pouquíssimo risco de ser interceptado. Um total de oito alvos foram acionados, com destaque para T.Y. Hilton nos momentos mais importantes do time na red zone. Naturalmente, Brissett ainda precisa ajustar seu jogo em algumas situações, precisa de refinamento. Em alguns momentos lançou a bola com força demais em passes curtos, por exemplo, dificultando algumas recepções. Teve 21 passes certos no jogo para 190 jardas, completando aproximadamente 77.7% de suas tentativas, e dois touchdowns. Jogo seguro, cuidando da bola e passando uma primeira impressão de que pode comandar o ataque do time nessa temporada. Ficamos no aguardo para ver como o jogador se sai quando o jogo corrido não conseguir ser tão produtivo quanto contra os Chargers.

Kemoko Turay forçando fumble em Philip Rivers (colts.com)
Edge rushers

Apesar do interior da linha defensiva não ter atuado bem, nossos edges tiveram um bom jogo incomodando Philip Rivers. Kemoko Turay começou muito bem seu segundo ano de liga, conseguindo um strip-sack. Ainda teria outro, porém a jogada acabou não valendo devido à uma falta de offside de Justin Houston no lado oposto da linha. Turay parece estar conseguindo traduzir em campo o potencial visto pelos scouts dos Colts após ter perdido espaço na rotação no fim da temporada passada.

Apesar da falta que negou mais um turnover para os Colts, Houston incomodou o QB adversário, conseguiu um sack, quatro tackles e um hit no quarterback. O veterano participou de 80% dos snaps defensivos, o que parece um valor bem alto para o que o time planejava inicialmente. Ben Banogu, escolha de segunda rodada do último Draft, participou de 28 snaps defensivos conseguindo um sack compartilhado com Autry logo no primeiro drive de ataque dos Chargers. Ao todo, o time conseguiu quatro sacks na partida, sendo um de Al-Quadin Muhammad.

The Ghost

Quando T.Y. disse que iria dedicar a sua temporada a Andrew Luck ele não estava brincando, e já na primeira semana resolveu “abrir a caixa de ferramentas”. Antes do início do jogo, Hilton fez questão de dar confiança ao seu QB chamando a responsabilidade e dizendo que Brissett poderia recorrer a ele quando se sentisse pressionado. Foi exatamente nos momentos mais importantes do jogo, na red zone, que T.Y. fez duas de suas melhores jogadas. Desde a temporada passada Reich deixou claro que gostaria de usar o alvo mais confiável do time na região do campo onde era mais questionado. Hilton recebeu oito bolas para 87 jardas e dois touchdowns – um completamente livre em uma rota slant e outro evitando tackles de Thomas Davis e Adrian Phillips.

OS PONTOS NEGATIVOS

Adam Vinatieri e Rigoberto Sanchez contra os Chargers (Kirbay Lee/USA Today Sports)
Special Teams

A palavra para definir o que foram os times de especialistas dos Colts no jogo contra os Chargers é “desastre”. Absolutamente tudo de errado que poderia acontecer acabou virando realidade, a prorrogação poderia ser tranquilamente evitada se ao menos um field goal tivesse sido convertido. Na segunda posse de bola dos Chargers a defesa conseguiu segurar o ataque adversário e forçou um chute de field goal, mas uma falta de Denico Autry ao acertar o long snapper fez com que o time de Los Angeles tivesse uma nova oportunidade para marcar o touchdown. Posteriormente a NFL respondeu ao pedido de explicações dos Colts com relação à falta e admitiu o erro dos árbitros. O que seriam três pontos atrás do placar viraram sete por um erro da arbitragem que não poderia acontecer.

Após caminhar bem no campo e conseguir um touchdown com a conexão Brissett-Hilton o veterano Adam Vinatieri errou o chute de ponto extra deixando mais um ponto para trás no jogo. Em dois drives os Colts conseguiram comprometer cinco pontos de saldo para o jogo (quatro que não deveriam ser sofridos e um que deixou de ser somado). Mas esse era apenas o começo de um péssimo dia para nosso kicker, o pior ainda estava por vir.

Quando o jogo já estava 14-6 para os donos da casa, os Colts falharam na tentativa de avançar no campo e quando Rigoberto Sanchez foi acionado teve um punt foi bloqueado. Com a ótima posição, já no campo de ataque, os Chargers conseguiram anotar mais três pontos. Com um minuto no relógio, aproximadamente, o ataque fez ótimo trabalho deixando Adam Vinatieri em boa posição para diminuir a diferença no placar. Um chute de 46 jardas até então era considerado praticamente automático para o maior K de todos os tempos, mas parece que a idade pode estar significando muito mais que apenas um número para Vinatieri. Mais um erro e mais três pontos que deixaram de ser marcados, duas posses atrás no placar.

Vinatieri até conseguiu anotar um outro field goal com distância parecida, no segundo tempo, para 44 jardas. As coisas pareciam começar a melhorar quando Desmond King acabou se atrapalhando e os Colts recuperaram a bola em um punt. George Odum conseguiu recuperar a bola no meio de alguns jogadores dos Chargers e os Colts tiveram boa condição de campo. Se não conseguirmos um touchdown, teremos ao menos um field goal tranquilo no drive, certo? ERRADO! Em mais um erro inadmissível deixamos de pontuar. Um chute de 29 jardas deve ser automático. Em resumo, foram sete pontos que ficaram pelo meio do caminho do tempo normal que poderiam tranquilamente ter evitado todo o sofrimento para empatar o jogo do fim.

Após o jogo o técnico Frank Reich disse não estar preocupado com o desempenho de Adam Vinatieri em campo. Algo de errado aconteceu, isso é um fato, mas agora não parece ser o melhor momento para dispensar o jogador. Vale ressaltar que dificilmente isso aconteceria conhecendo a política do time. Vale lembrar que na temporada anterior Vinny já teve alguns erros incomuns, porém na maioria da vezes creditados aos problemas físicos que vinha enfrentando. Um jogo não deve ser o suficiente para cortar Adam do time, mas é importante observarmos o desempenho no próximo jogo. A confiança que tínhamos parece em xeque nesse momento. Primeiro jogo e os times especiais já tem muitas lições a aprender. Trabalho para Bubba Ventrone (nosso coordenador de times especiais) durante a semana procurando acertar os problemas que tivemos no jogo.

Interior da linha defensiva

Ao contrário dos nossos edges, que foram uma das principais preocupações na temporada anterior, mas mostraram evolução, o interior da linha defensiva mostrou muitas dificuldades no jogo. Os jogadores da posição foram dominados e pouco auxiliaram tanto na pressão quanto combatendo o jogo corrido. Ainda assim, cedemos apenas 60 jardas corridas durante todo o jogo.

Lesão de Devin Funchess

Após uma jogada um tanto quanto estranha Devin Funchess saiu de campo com algum problema no braço e não retornou mais ao jogo. Algumas horas depois do jogo o repórter Tom Pelissero, da NFL Network e nfl.com informou que o jogador teve a clavícula fraturada. Os Colts e o jogador confirmaram o procedimento cirúrgico algumas horas depois. Reich ainda destacou em coletiva que a lesão não deve tirar o WR da temporada. Funchess fez uma partida sólida quando acionado com a segunda maior participação em snaps ofensivos (36), ficando atrás apenas de Hilton (56). Com isso, devemos ter um maior envolvimento de Deon Cain e Parris Campbell nas próximas semanas.

Tackles perdidos

Os tackles perdidos tem sido um problema dos Colts há anos, mesmo em outras épocas com outros coordenados e head coach. Na temporada anterior parecíamos ter encontrado uma melhora nesse ponto, mas o que observamos no jogo contra os Chargers foi novamente uma enorme quantidade de tackles perdidos. De acordo com o Pro Football Focus, o running back Austin Ekeler forçou nove tackles perdidos contra os Colts, sendo cinco desses em jogadoras aéreas e quatro em jogadas terrestres. Os dois jogadores que mais derrubaram os adversários foram Darius Leonard (7) e Anthony Walker (7). Ponto a ser observado pelo coordenador defensivo Matt Eberflus, assim como algumas big plays cedidas.

Ineficiência em jogadas de blitz

Outro ponto importante foi o uso pouquíssimo eficiente das jogadas com blitz. Diferente da temporada passada onde o time conseguiu diversificar as chamadas e ser efetivo quando usava esse recurso, no jogo contra os Chargers praticamente toda blitz resultava em ganho de território para os adversários. Ainda que em alguns momentos seja interessante mandar mais jogadores para pressionar o QB adversário, a execução precisa melhorar para que o time não fique tão vulnerável.

 


Para ver os melhores momentos, mais estatísticas e números do jogo, acesse o Game Center oficial da NFL.

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Fotos: disponíveis no site oficial dos Colts.

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