A outra face de Paul Skenes!

Paul Skenes fará sua estreia hoje às 17:05 na MLB contra o Chicago Cubs em Pittsburgh, no belíssimo PNC Park um dos mais belos estádios de beisebol dos Estados Unidos. Estreia por sinal, menos de 10 meses após a sua escolha de pick #1 no Draft de 2023. A mais rápida para um arremessador de primeira escolha geral em 35 anos. Skenes ganhou muito hype e com razão, após seus números impressionantes na Triple A dos Pirates e por sua passagem vitoriosa por LSU, ao levar o College World Series. Seria fácil explorar seus números e essas suas passagens, mas neste artigo você irá conhecer a outra face deste rapaz, que até aqui se provou ser um prospecto valioso e um ser humano ímpar, de um caráter imensurável. Vamos explorar algumas de suas histórias e seu período como cadete da Força Aérea.

Após três anos atuando por El Toro no High School (ensino médio) o último inclusive como o capitão e líder da equipe de beisebol da escola localizada em Toledo Way, Lake Forest na Califórnia, seu estado natal. Foi nomeado para o primeiro time das ligas e ganhou diversos prêmios. Com o ano de 2020 chegando e junto a pandemia de COVID-19 se agravando, o que cancelou a maior parte da temporada de beisebol do ensino médio, fora o draft da MLB de 2020 (com rounds reduzidos). Skenes tinha duas escolhas, ir pra Academia Naval em Annapolis, Maryland ou Colorado Springs em Colorado (sede da Academia da Força Aérea). Skenes sofreu seu primeiro dilema, lidou com seu primeiro momento de decisão profissional. Quem achou que ele seria influenciado por ter três tio com tradições navais (dois serviram a Navy e um na Coast Guard). Skenes foi inserido no Esquadrão 9 da Academia da Força Aérea. Comentando sua escolha disse: “Decido visando as oportunidades que ela apresenta enquanto estou aqui e depois de me formar. Além disso, as pessoas que encontro aqui são as melhores pessoas para se conviver e me farão ser uma pessoa melhor.”

 

This is the guy': Tracing the origins — and impact — of Paul Skenes' unique background | Pittsburgh Post-Gazette

Foto: Mike Kazlausky

 

O ex-técnico de arremessadores da Força Aérea Ryan Forrest acredita que Skenes poderia ter convencido qualquer General Manager da MLB na época, a ser escolhido naquele draft de 2020. Em vez disso, Skenes partiu para o treinamento básico militar de cadete pela Academia da Força Aérea, onde aperfeiçoaria sua liderança e tentaria o sonho de se tornar um piloto de F-16, esse era seu objetivo principal. O manager de Air Force, Mike Kazlausky, sabia o talento que tinha em mãos, o que não sabia (ainda) era sobre o caráter de Skenes, que na época atuava como catcher e pitcher. Até hoje, o RHP da Força Aérea, Doyle Gehring, afirma que Skenes foi o melhor apanhador que ele já teve. “Ele é uma grande presença atrás do plate, suas mãos eram super boas em termos de enquadramento. Além disso, ele tinha um canhão no braço, que todos nós vemos hoje.”

Após passar pelo período básico de recrutamento, pressão psicológica, regime de internato e flexões, após um esgotamento físico acima do normal. Chega para a sua primeira sessão de bullpen com seu arremesso atingindo 93 mph o que chamou a atenção do pitching coach da Air Force na época. “Normalmente, após passarem pelo período básico, eles perdem 6 ou 7 mph em sua bola rápida, foi a primeira vez que pensei: temos algo extremamente especial aqui.” disse Forrest.

Skenes abraçou e gostou da vida militar, escolheu a área de estratégia militar em seu primeiro ano e adorava pescar no seu tempo livre (quando o tinha), pois sua rotina na academia começava às 6h30 e terminava por volta das 19h. O cadete Skenes passava por formação militar e aulas teóricas pela manhã, na parte da tarde tinha o treino da equipe de beisebol da academia, e após guardar os equipamentos e arrumarem o campo, era hora de mais atividades físicas. Mesmo após um dia exaustivo, no período noturno, tinha uma hora para tomar banho e jantar (19h às 20h), e antes do toque de recolher, separava tempo para fazer suas lições de classe para as aulas do dia seguinte, ajudava um intercambista sul coreano em aulas de inglês e fazia monitoria de matemática e química para os calouros com dificuldades. Ele ajudava todos os calouros, se preocupava com eles (no meio militar, quando você é de um ano superior ao de outros, você é hierarquicamente maior, mesmo sendo aluno e na maioria das vezes as pessoas se perdem com esse pequeno “poder”, mas Skenes não). Suas habilidades naturais de liderança já se destacavam. Então, recebeu a árdua tarefa de inspecionar os quartos de outros cadetes no segundo ano, e ele levou o trabalho a sério. Não aliviava, pois sabia da importância que se tem a disciplina e o cumprimento de regras e regulamentos na vida de um jovem.

Em uma tarde de 2021, após a morte de 13 militares dos EUA em um ataque no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, no Afeganistão. O time de beisebol da Força Aérea estava treinando quando, como de costume, o hino nacional foi tocado e a bandeira americana hasteada às 16:45. Enquanto o time de beisebol estava em posição de sentido, Skenes notou dois treinadores de futebol sentados em um carrinho em uma colina acima do campo de beisebol. Quando o hino acabou, Skenes correu silenciosamente em direção ao treino de futebol para repreender aquelas pessoas. “Imediatamente quando o hino nacional terminou, Paul foi até aquelas duas pessoas e disse: ‘Acabamos de perder 13 americanos no Afeganistão. Por favor, fique na posição adequada e tenha respeito. Isso é liderança”, disse o manager de Air Force, Mike Kazlausky. “Isso mostra caráter, que ele não olhou para o amigo da esquerda ou direita e disse: ‘Você viu aqueles dois?’ ”Esse momento de lembrança interrompe o treino de beisebol todos os dias na Força Aérea, porque existe a dura realidade de que eles são mais do que atletas. Eles fazem parte de menos de 1% dos cidadãos dos EUA que lutarão pelo seu país, e Paul sabia disso”. disse Kazlausky.

 

LSU Baseball Adds Transfer P/C Paul Skenes from Air Force

Skenes ao centro

Foto: Academia da Força Aérea

 

O coach Kaz como é conhecido, sabia que seu melhor jogador precisava sair, como um bom aviador, o céu era o limite para Paul Skenes. Kaz reconheceu que o talento de Skenes era suficiente para se tornar um grande jogador de beisebol e viu que seu futuro era no montinho, e não na vida militar. Se ele tivesse permanecido na Força Aérea, ele teria sido obrigado a se formar na academia e ficaria sujeito às constantes mudanças na política governamental para atletas profissionais com compromissos militares. Se fosse transferido, seria elegível para o draft de 2023 e poderia iniciar sua carreira profissional sem os compromisso militares.

Skenes terminou seu segundo ano liderando a Força Aérea em seu primeiro regional de beisebol desde 1969. Após esse feito mágico dos Falcons (apelido do time de beisebol da Air Force), Paul foi chamado ao escritório do técnico Kaz para uma reunião. Kazlausky já sabia do que se tratava, Skenes seria informado que estava entrando na lista de transferência. Lágrimas se acumularam em seus olhos, porque ele percebeu que não poderia seguir assim. Chegou a hora de decidir entre focar em ser um jogador de beisebol universitário e tentar se tornar profissional ou seguir com seu sonho de pilotar um F-16 a serviço de seu país. Se optasse em deixar a academia, ele não teria que cumprir sua obrigação de serviço militar. Essa opção tinha uma desvantagem: ele nunca mais poderia voltar à academia. “Ele chegou chorando e disse que não queria ir embora”, disse Kazlausky. “Não, Paul, você tem que ir embora.” Mais um momento de pressão que ele precisava tomar uma decisão. Mas para Skenes, a parte mais difícil de tudo foi deixar seus companheiros de arma, eles não ficaram bravos ao ver seu melhor arremessador partir. Eles ficaram tristes em se despedir de um irmão.

Com propostas para ingressas em LSU e Vanderbilt, dois dos melhores programas de beisebol do país. Paul Skenes opta por desembarcar em Baton Rouge, Louisiana para defender uma das melhores equipes do pais, a LSU. Onde aproveitou ao máximo a estrutura e a comissão técnica composta por ex atletas profissionais. Ele reformulou sua dieta, focou em ser apenas pitcher, como resultando, dominou a SEC, liderou os Tigers ao título do College World Series e se provou como um dos melhores talentos universitários dos últimos 20 anos, fazendo aumentar comparações com Stephen Strasburg (arremessador campeão da World Series com o Washngton Nationals e nomeado 3x all star, também draftado em #1). Skenes seguiu seu caminho como primeira escolha geral do Pittsburgh Pirates no Draft da MLB de 2023, assinou um bônus recorde da MLB de US$ 9,2 milhões e, desde então, cruzou as ligas menores até sua estreia hoje. Os ouvintes do SADS já conhecia Paul Skenes pois falávamos dele, desde a época que atuava pela Air Force, onde já se mostrava ser diferenciado.

Encerro, com uma última história, do motivo dele ter escolhido o número 20 para usar em LSU. Travis Wilkie! Skenes o conheceu em sua visita para conhecer as dependências da academia da força aérea, antes de tomar sua decisão. Nessa visita, Wilkie o impressionou como pessoa. Além disso, Travis jogou pelo time de beisebol da academia e era catcher (assim como Paul Skenes) e usava o número 20. O segundo tenente Wilkie morreu enquanto tentava pousar um jato de treinamento T-38 em Oklahoma em 2019. A esposa de Travis, Peyton, está a frente de uma instituição de caridade chamada Folds of Honror, que oferece bolsas de estudo para famílias de veteranos. Skenes fez um compromisso de doar US$ 10 à instituição de caridade para cada eliminação que registrasse na temporada subsequente (totalizou 104 eliminações). Ele também tem uma página de doações para os fãs contribuírem, por meio da qual arrecadou mais de US$ 3.600 na época da universidade.

 

Baseball players Paul Skenes, Sam Kulasingam and Aerik Joe pose in their military uniforms.

Paul Skenes, Sam Kulasingam e Joe Aerik

Foto: Joe Arik

 

Como um torcedor da Air Force Baseball, fico na esperança de um dia ver ele retornando a Colorado Springs, Kazlausky disse “Ele servirá seu país de alguma maneira no futuro. Será apenas uma questão de quando. Paul e eu conversamos sobre essa possibilidade. Vamos trazê-lo de volta ao serviço militar assim que seus dias de jogador profissional terminarem. É muito importante para Paul poder servir nosso país.” Muito das vezes focamos no jogador tecnicamente e no que ele pode render, mas ao acompanhar Paul Skenes ao longo desses últimos 4 anos, mesmo a distância. Você aprende a gostar da pessoa, fica feliz em ver ela conquistando e realizando um feito, que seja apenas o início. Voa garoto, decolagem autorizada! Fãs dos Pirates, aproveite, apreciem, pois esse rapaz é muito especial!

 

Autor: Victor Salviano, o @vasmeloo no twitter e instagram.

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