A retomada das atividades está dependendo apenas de um acordo entre jogadores, donos e MLB, mas briga por cifras marcou o tom das negociações desde o início
“Vamos ter beisebol das Grandes Ligas em 2020?”. Parece uma pergunta simples, fácil de se responder, mas há tanta coisa em jogo para as partes envolvidas que desde a metade do mês de março a MLB; os donos das equipes; e a Major League Baseball Players Association (o sindicato dos atletas profissionais) não chegaram a um consenso. Ou seja, com a falta de resolução, a comunidade de fãs está cada vez mais incomodada com a imagem que o esporte está passando no período de pandemia.
Foram pelo menos três propostas e contrapropostas, majoritariamente envolvendo a questão salarial e de divisão dos lucros com a possível temporada. Até o momento, o que parece ser consenso é: os jogos serão jogados sem torcida para a segurança de todos, e seguindo recomendações de cada cidade/estado; haverá mais jogos entre ligas, e talvez a temporada se restrinja aos jogos regionais (times jogariam contra a própria divisão e a divisão da liga oposta, diminuindo deslocamento entre os estados). Além disso, há um entendimento de liberdade para que jogadores do grupo de risco optem em não jogar.
O que falta, então?
Porém, o maior ponto de interrogação (e exclamação) é justamente quanto de dinheiro cada atleta vai receber por atuar na temporada, independente de quantos jogos forem jogados. Já se foi falado em 82, em 114, em 50, mas cada um impacta diretamente no pagamento por tempo de serviço. E, justamente por impactar o pagamento que não há solução fácil.
Os donos de equipes já estão em prejuízo por conta da falta de jogos – lembrando que a temporada teria começado na última semana de março. Além disso, mesmo que as atividades sejam retomadas, a falta de público nos estádios não ajudará nas rendas em 2020.
Por outro lado, os jogadores insistem em que o acordo inicial, firmado em Março, seja cumprido, e os salários sejam pagos integralmente baseado no tempo de serviço. Além disso, todas as propostas que sugeriram reduzir os pagamentos abaixo dos 100% foram recusadas quase que de imediato.
A liga, por sua vez, tem a possibilidade de instituir a temporada aos moldes que desejar, inclusive decretando a redução dos salários; o que provavelmente geraria uma grande insatisfação.
Prejuízo além do dinheiro
Independente da resolução; que, aliás, está cada vez mais distante; a questão toda extrapola os limites do diamante. A oportunidade perdida pelo beisebol de ser o primeiro esporte entre os quatro principais dos EUA a retornar pode trazer um grande impacto na formação de futuros fãs; ou até pesar ainda mais na audiência do esporte. Mais do que isso, a impressão que a falta de consenso passa de ‘guerra por dinheiro’ acaba por machucar a imagem do esporte; ainda mais em período de pandemia e desemprego.
Neste momento, das grandes ligas, o beisebol tem totais condições de acertar o consenso e retomar as atividades; mas, é necessário que todos os lados se entendam. NBA e NHL estão com datas programadas de retorno; e não se houve falar em disputas financeiras para estas ligas. A chave para a MLB talvez seja respirar fundo, entender a importância de ‘sacrifícios’ e, com tudo isso, respeitar o torcedor, ansioso por ver a bola em jogo.