Crônica: O corvo, a bola de beisebol e a escrivaninha

 

Até agora parece mentira, é difícil engolir, aceitar os fatos é a pior parte disso tudo. É plenamente possível dizer que o beisebol, como conhecemos e amamos, acabou, de uma vez para sempre. Não é alarmismo ou emoção, é um fato, e vou discorrer mais sobre isso ainda. Antes, queria dar uma salva de palmas a todos os grandes responsáveis desse feito:

Ken Kendrick (dono do DBacks); Liberty Media (Braves); Peter Angelos (O’s); John W. Henry (Red Sox); Thomas S. Rickets (Cubs); Jeff Reinsdorf (White Sox); Bob Castellani (Reds); Larry Dolan (Guardians); Charlie Monfort (Rockies); Cristopher Illitch (Tigers); Jim Crane (Astros); John Sherman (Royals); Arturo Moreno (Angels); Mark Walter (Dodgers); Bruce Sherman (Marlins); Mark Attanasio (Brewers); Jim Pohlad (Twins); Steve Cohen (Mets); Hal Steinbrenner (Yanks); John J. Fischer (A’s); John S. Middleton (Phillies); Robert Nutting (Pirates); Peter Seidler (Padres); Charlie Johnson (Giants); John W. Stanton (Mariners); William DeWitt Jr (Cardinals); Ray Davis (Rays); Rodgers Comunications (Blue Jays); Lerner Enterprises (Nats). Por último e não menos importante: MLBPA e Mr. Rob Manfred. Parabéns rapazes, é preciso muita incopetência para destruir um esporte quase bicentenário.

As tensões entre essas duas facções não são novas, desde que o esporte existe há as disputas entre donos e jogadores pelo dinheiro. O último caso dessa briga foi em 1994, quando houve a greve geral dos jogadores, essa greve durou 232 dias, perdemos 948 jogos, incluindo a pós-temporada e a World Series de 1994.

Desde esse momento os fãs estão ressentidos com a liga e os jogadores, pelo desprezo que mostraram por eles, pelos seus sentimentos. Todos se sentiram abandonados, traídos, maltratados, afinal, esse é o passatempo americano.

Os danos maiores não são o de dinheiro, mas o de prestígio. Nos anos 90, o futebol teve grande aumento de audiência por conta dos títulos do Dallas Cowboys e New York Giants, e a NBA acabava de ver o auge e consagração do seu grande craque, Michael Jordan. E o beisebol, o que fez? Simplesmente parou e viu sua audiência ir pro ralo. Audiência que só voltou a estabilizar no começo dos anos 2000, e talvez nunca tivesse se recuperado se não fosse o McGwire vs Sammy Sosa e os Yankees do início do século.

Outro problema é o do tempo. Estamos no ano de 2022, a nossa atual geração, a minha geração, geração Z, gosta de coisas rápidas, instantâneas, brilhantes e fáceis. Por isso, o futebol e o basquete têm feito tanto sucesso entre os mais novos, já o beisebol não, por ser um esporte mais “parado” e “chato” de assistir. Você consegue imaginar uma criança de 10, 11 anos, sentada na frente da televisão para assistir 3 horas de uma partida? Jamais vai acontecer, é antinatural, não há tantos estímulos, dali não vai brotar um futuro consumidor de beisebol de maneira orgânica.

Temos então esses três ingredientes: ressentimento, decréscimo de prestígio e audiência e mudança nos hábitos do público. Cozinhe em banho maria um novo acordo trabalhista por 4 meses, deixe 2 semanas as negociações no freezer e retire gentilmente do prato refratário, está pronta a receita da morte do esporte.

No curto prazo o esporte não vai parar imediatamente, as crianças ainda vão jogar beisebol na infância, crianças caribenhas vão continuar sonhando com as grandes ligas e avós e pais estadunidenses ainda vão falar da Big Red Machine e de Roberto Clemente no seu auge. O beisebol está arraigado na cultura e no imagino do americano. O que estou dizendo é que o beisebol como conhecemos vai morrer com o passar do tempo, talvez a MLB morra em decorrência disso e então surgirá outra liga no lugar. O fato é que o jogo terá de se adaptar a nova geração, pois do jeito que está, ele é um cubo de gelo em uma panela.

O que vai ter que mudar? Pitch Clock? Número de entradas? Liberar o suquinho? Eu não sei. O que sabemos até agora é que estamos em lockout à 90 dias, o spring training já foi cancelado e, até agora, as duas primeiras séries da temporada regular, o que vai culminar numa grande queda do consumo do esporte no curto e médio prazo. Haverá temporada? Não sabemos, mas se depender dos ilustres citados no início, não haverá qualquer partida nessa temporada.

O cenário futuro ainda está coberto por uma densa névoa de perguntas sem resposta, não conseguimos distinguir claramente nada que esteja a mais de um palmo adiante das nossas vistas. O que nos resta fazer é tentar responder à pergunta: qual a semelhança entre um corvo, uma bola de beisebol e uma escrivaninha? Eu não faço ideia!

Teremos beisebol Mr. Clown?

Todos os conteúdos publicados neste site são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões e posicionamentos da FN Network.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

NOTÍCIAS RELACIONADAS

CollegeCast #248: Preview The American, Parte 2 - Mapa pro tesouro pirata!
CollegeCast #248: Preview The American, Parte 2 – Mapa pro tesouro pirata!
Os 6 Aneis - SB XL
BlackYellowBR 529 – Os Seis Anéis EP5 – Super Bowl XL
Hard Count Podcast - Episódio 222 - Tier list defesas para 2025
Hard Count Podcast – Episódio 222 – Tier list defesas para 2025
INDIANAPOLIS, IN - JUNE 22: Shai Gilgeous-Alexander #2 of the Oklahoma City Thunder celebrates winning the Bill Russell NBA Finals Most Valuable Player trophy after winning Game Seven of the 2025 NBA Finals against the Indiana Pacers on June 22, 2025 at Gainbridge Fieldhouse in Indianapolis, Indiana. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this Photograph, user is consenting to the terms and conditions of the Getty Images License Agreement. Mandatory Copyright Notice: Copyright 2025 NBAE (Photo by Logan Riely /NBAE via Getty Images)
Oklahoma City Thunder campeão da NBA: Apenas o começo?
Arte 354
Lambeau Leapers #354 – Analisando o Roster
podcast-cream
BlackYellowBR 528 – Os Seis Anéis EP4 – Super Bowl XIV
Ep 247: O doce som dos bastões de metal! (com João Oliveira, ex-Rebatida Podcast)
CollegeCast #247: O doce som dos bastões de metal! (com João Oliveira, ex-Rebatida Podcast)
qsqoymoz1jiwzhz1pnbn
Florida Panthers bicampeão da NHL: inicia-se uma dinastia?
Hard Count Podcast - Episódio 221 - Tier list ataques para 2025, NFL no Brasil e Superliga CBFA
Hard Count Podcast – Episódio 221 – Tier list ataques para 2025, NFL no Brasil e Superliga CBFA