A primeira metade de temporada do Pelicans

Desde o começo já sabiamos que o New Orleans Pelicans teria um dos calendários mais difíceis dessa primeira metade da temporada, com adversários fortes típicos da Conferência Oeste, além de ser o começo de um trabalho com um novo técnico, sem Jrue Holiday que foi nossa estrela nos últimos anos e com algumas peças novas no elenco. Tudo isso, sem uma pré temporada adequada e com um trabalho de precaução e segurança por conta da pandemia.

Os primeiros jogos do Pelicans foram empolgantes, conseguindo defender com intensidade e ganhando jogos desse lado da quadra. Stan Van Gundy tem uma filosofia de permitir bolas do perímetro e reforçar a defesa de garrafão que até funcionou no começo quando ganhamos jogos contra San Antonio Spurs e Toronto Raptors, no qual as equipes não conseguiram marcar 100 pontos em nosso time. Naquele momento o ataque era bem raso e ineficiente, nossos arremessadores não viviam uma boa temporada e não tinhamos um arsenal ofensivo coletivo bom, por muitas vezes nossas jogadas se resumiam a isolações de Zion Williamson ou Brandon Ingram.

Conforme o tempo foi passando, os resultados pararam de aparecer e ficamos um bom tempo sem vitórias, e foi aí que teve uma mudança na forma de jogar do Pelicans, começamos a ter o Zion como o principal responsável do time no ataque, sendo para pontuar ou iniciar e armar as jogadas para os companheiros. Nisso, vimos um potencial no nosso maior talento que não vinha sendo explorado, sua habilidade de “playmaker”. Ele, que foi armador no começo da sua carreira quando ainda jogava no ensino médio, ainda tinha características e atributos que potencializavam essa sua parte do jogo. Foi aí que o Pelicans começou a ter um ataque mais fluído e rápido com Zion fazendo as jogadas acontecer, várias screens para acharmos nossos arremessadores e com a ajuda de outros bons playmakers como Lonzo e Ingram na criação. Hoje as estatísticas mostram que temos um dos melhores ataques da liga em eficiência e muito graças a essa mudança na forma de utilizar o Zion.

Enquanto tivemos uma melhora ofensiva, a defesa continua sendo um problema. SVG foi contratado como um técnico de mentalidade defensiva e com a responsabilidade de implantar uma filosofia de defesa que organizasse o time e desenvolvesse nossos atletas que possuem um potencial para serem bons defensores. Como Brandon Ingram com seus braços longos e boa estatura, Zion com seu físico dominante e sua impulsão absurda e Lonzo Ball que tem uma boa envergadura para armador e uma altura acima da média da posição, o último já é um ótimo defensor e sabe utilizar suas ferramentas bem para defender. Porém até o momento não tivemos essa melhoria defensiva, não nos tornamos uma equipe sólida defensivamente e, pelo contrário, temos uma das piores defesas da liga, transformando jogos mais fáceis em derrotas porque não conseguimos parar as estrelas adversárias.

Somos um time com um núcleo jovem (o 5º elenco mais novo da liga) e temos muitas peças com potencial para desenvolver e lapidar. Zion é a principal delas e faz uma ótima temporada, com grandes números foi escolhido para o All-Star game e acabou sendo titular de última hora com a ausência de Joel Embiid por protocolos de segurança. Ele, agora 100% fisicamente e sem nenhuma limitação de minutos em treinos ou jogos, está voando, dominando muitos garrafões que não conseguem achar maneiras de parar esse físico tão dominante e explosivo, sendo uma grande ameaça contra os melhores defensores de aro da liga (Rudy Gobert que o diga). Williamson nessa primeira metade se tornou o cara do time, com ótimas atuações e uma regularidade impressionante ele toma conta do jogo com naturalidade e quase sempre é o nosso melhor jogador em quadra.

Outro grande potencial que temos é Brandon Ingram, eleito o jogador que mais evoluiu da temporada passada e escolhido para o All-Star, ele vem fazendo estatisticamente uma temporada melhor ainda do que a anterior. Nos primeiros jogos deu para ver que ele era o cara do time e quem comandava o ataque, todas as jogadas passavam por ele e chegou a ser eleito o jogador da semana da conferência Oeste na primeira semana da liga. Ele continua sendo aquele cara mortal nos arremessos de meia distância com um bom arremesso de 3 pontos e que sabe muito bem criar jogadas pra si mesmo ou para os companheiros e teve um impacto maior na defesa do que anteriormente usando sua envergadura para desviar e conseguir roubadas de bola. O que ele vem pecando é nos momentos importantes nos finais de jogo onde ele não está sendo efetivo e muitas vezes simplesmente some e, sendo a segunda principal opção ofensiva (muitas vezes até a primeira), não pode se ausentar em finais de partida, pelo contrário, precisa puxar a responsabilidade e tentar arremessos difíceis porque é um dos mais talentosos do elenco para isso. Apesar de não ter sido escolhido para o All-Star, Ingram está fazendo uma boa temporada e continua evoluindo.

Um jogador que era uma incógnita e virou parte importante do nosso núcleo foi Lonzo Ball, nesse tempo ocorreram muitos rumores de trocas envolvendo o jogador, e a forma que encontrou para responder foi dentro de quadra fazendo ótimas partidas com pontuações acimas da própria média e batendo o próprio recorde de bolas de 3 em um único jogo. Ele, que é ótimo defendendo e está num alto nível nesse assunto, se tornou um bom arremessador do perímetro, sendo sua principal arma ofensiva com praticamente 39% de eficiência em um volume bem alto. Diferente do ano passado ele tem menos o papel de armador e criar jogadas para seus companheiros, participando mais do ataque como um shooting guard, normalmente se posicionando para o catch and shoot. Não é impossível que uma troca aconteça e ele deixe New Orleans, mas é inegável que Lonzo evoluiu muito nesse tempo e se tornou uma peça importante desse elenco.

Outros jovens que temos no elenco mas não receberam tantos minutos nessa primeira metade são Kira Lewis Jr, Nickeil Alexander-Walker e Jaxson Hayes. Kira, que foi a 13ª escolha geral do último Draft tem mostrado um potencial animador, no começo mal participava das partidas mas ao decorrer ele foi ganhando espaço, entrando e fazendo boas atuações para cada vez mais ganhar minutos em quadra, ele ainda parece bem cru pro nível da liga e precisa ser lapidado. NAW depois da temporada passada, na mal teve oportunidades e chegou a estar na G-League, teve uma boa evolução, ganhou mais chances nessa temporada e teve boas atuações (em um jogo contra o Los Angeles Clippers fez 37 pontos, seu career high). Nickeil e Kira sofrem da falta de espaço na posição, com Eric Bledsoe, Lonzo Ball, Josh Hart e JJ Redick ganhando bastante minutos, os jovens ficam no fundo da rotação e muitas vezes nem entram nas partidas. Jaxson Hayes começou a temporada sendo o reserva de Steven Adams mas, com más atuações, ele perdeu o espaço para Willy Hernángomez que entrou e respondeu muito bem. Hayes é outro que ainda é bem cru para a liga e não consegue utilizar todo seu pontencial físico e atlético da melhor forma. Na derrota contra o Chicago Bulls (uma das últimas partidas antes da parada), ele chegou a entrar bem e liderar uma reação do time no jogo com 10 pontos e 3 tocos em 11 minutos em quadra. Hayes foi draftado para ser o cara alto e atlético que distribui tocos, pega rebotes e completa pontes aéreas, no momento que conseguir cumprir essa função com regularidade será mais utilizado.

O maior problema com a situação atual em que o time se encontra é que não é possível definir qual a meta e o objetivo principal dessa temporada, não sabemos se irão ocorrer trocas e mudanças em busca dos Playoffs ou se o planejamento do time é tankar para um dos melhores drafts dos últimos anos. JJ Redick, Eric Bledsoe e Lonzo Ball são os nomes que mais movimentam os rumores por parte do Pelicans, e, para muitos, JJ e Bledsoe deveriam ser trocados com o objetivo de liberar espaço para nossos jovens armadores. O que não pode acontecer é o Pelicans ter uma daquelas temporadas em que não faz nem um nem outro, não vai para os Playoffs e não pega uma boa pick no Draft, fique por volta da 13ª escolha, o que não resolve em nada os problemas da franquia. Faltam algumas coisas para o elenco ser de fato um time de mata-mata e que, com as peças disponíveis, se conseguiria elevar o nível do time para chegar a este patamar. Até a parada, o Pelicans é o 11º colocado na conferência Oeste, o primeiro fora da zona de Play-in (novo formato onde do 8º ao 10º disputam pela última vaga dos playoffs) e estamos com uma diferença relativamente grande do 10º colocado, com uma campanha de 15-21, mas que facilmente poderia ter sido 21-15, devido aos jogos bobos que a equipe deixou escapar pelos problemas citados acima.

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