Parte 2: Defesa
Não farei outro introdutório à parte das necessidades de ataque na free agency como fiz na parte 1, mas sim remeter o leitor diretamente a elas, neste link. Dada uma passada d’olhos nas necessidades ofensivas, falta falar um pouco de nossas necessidades defensivas, que é o objeto do presente “textículo”.
Ao analisarmos nossa defesa, salta aos olhos quase acéfalos nossa imensa porosidade em parar o jogo corrido adversário: cedemos 134.1 jardas por jogo, em média, na temporada. Isso é muito, muito ruim – e deixa os Redskins como a pior defesa contra o jogo corrido de toda a NFL. E duas questões fáceis saltam aos olhos quando se pensa em defesa contra o jogo corrido: precisamos de melhores jogadores na linha defensiva, além de um melhor trabalho (ou melhor personnel) na posição de middle linebacker (MLB). Mas isso não é tão simples.
Conversando com um colega (na realidade, praticamente uma Central de Estatísticas – valeu, Hildon!), este recebeu estatísticas bem interessantes acerca da defesa dos Redskins antes e depois da contusão de nossa escolha de primeira rodada, o DT Jonathan Allen na 6ª rodada da temporada: até sua contusão, nossa linha defensiva vinha tendo a ótima média de 88 jardas por jogo – o que, projetando para a temporada inteira, deixaria nossa defesa com o excelente 4º lugar entre todas as defesas da NFL, somente abaixo das defesas de Panthers (3º), Vikings (2º) e Eagles (1º) e logo acima de Titans (88,8 ypg) e Broncos (89,4 ypg).
Nota-se, assim, que após a contusão de nosso único craque da linha defensiva (ou DL, Defensive Line, como tratarei daqui por diante), houve um sobrecarregamento de nossos linebackers que atuam pelo meio (os MLBs Zach Brown e Mason Foster, especialmente), que inclusive vieram a se contundir após o meio da temporada. Nosso pass rush, por sua vez, não sofreu involução: fomos a 3ª melhor defesa no quesito, até porque – em minha modesta e quase acéfala opinião – houve um all in nesta estatística pela ausência de possibilidade de utilização da defesa contra o jogo corrido nos moldes em que ensaiado na pré-temporada – tanto pela perda de Jonathan Allen, como pela perda do NT Phil Taylor mesmo antes da temporada começar.
E temos no elenco a solução para nossa defesa contra o jogo corrido, já que Jonathan Allen voltará de contusão em 2018? Apesar de a resposta parecer positiva, na realidade, ela é negativa, e por dois motivos: um, porque obviamente não podemos confiar em um único jogador como solução para os problemas da linha – já que este pode se contundir, como no ano passado, ou simplesmente cansar-se durante a partida e com o passar da temporada, já que ele estava jogando praticamente TODOS os snaps defensivos; dois, porque nossos únicos bons strong safeties ou desistiram (Su’a Cravens) ou contundiram-se ao longo da temporada (Montae Nicholson) – e strong safeties são essenciais na ajuda ao combate do jogo corrido, apoiando os LBs e a linha defensiva. Falta profundidade de elenco, tanto na DL como na posição de Strong Safety, que é essencial no apoio ao jogo corrido.
Feito este introito sobre a defesa contra o jogo corrido, quais seriam os bons free agents que poderíamos assinar, que possam juntar profundidade de elenco – já que, como apontei, nosso problema não é com os jogadores, mas sim quanto à falta de depth?
Quanto à DL, há alguns nomes famosos que serão free agents neste 2018 e que valem comentários por aqui: o primeiro nome que salta aos olhos e que pode vir a ser um alvo, é o DE Muhammad Wilkerson, que foi dispensado pelos Jets. Entretanto, até 2015, ele foi um ótimo jogador; em 2016, ele caiu um pouco, mas manteve um desempenho acima da média; em 2017, porém… ele virou o elo fraco da linha defensiva dos Jets. Não se pode dizer que ele estava descontente com seus salários: ele assinou, em 2016, um contrato de cinco anos e U$87milhões! Só faço um comentário do porquê não gostaria desta contratação: Albert Haynesworth feelings. Excelente jogador que, quando ganhou dinheiro, teve seu desempenho diminuído – chuta que é macumba, Allensnyder!
O DT/DE Sheldon Richardson, que também fez parte da excelente linha defensiva dos Jets até 2015/2016, seria uma baita contratação; entretanto, há dois fatores contrários: um, que ele deve dar preferência a ficar nos Seahawks, que são esperados a por a franchise tag no jogador, caso não haja um acordo de longa duração; dois, que seu contrato deve ser bastante alto e, como já expus, precisamos de depth na posição, não havendo motivos para uma contratação deste calibre. O segundo motivo, por sua vez, vale para dois outros free agents: o NT Justin Ellis e o NT Bennie Logan, que quererão muito dinheiro para a assinatura de novos contratos – e inviabilizariam inclusive a compensatory pick que somos elegíveis para o draft de 2019 pela perda de Kurt Primos.
Lembrando que a posição de defensive tackle tem bastante profundidade no Draft 2018 (NT Vita Vea, NT/DT Da’Ron Payne, DE Maurice Hurst – este caso consiga ir para o draft, tendo em vista o diagnóstico de um possível problema em seu coração –, para ficar só nos blue chips de primeira rodada), vejo algumas opções de contratações com a idéia de adicionar profundidade para nossa linha defensiva: o primeiro nome seria o NT Dontari Poe, que teve um contrato prove it com os Falcons em 2017 e não será renovado.
Poe, por sua vez, não seria uma contratação muito cara e, face ao seu histórico de lesões – que o Redskins tem um histórico em não ligar, vide o NT Phil Taylor (que, infelizmente, machucou antes da temporada iniciar) -, poderia aceitar um contrato de 3 anos com o pagamento de 7-8 milhões por ano. Esta contratação seria bem interessante: passaríamos a contar, efetivamente, com uma linha de 3-4 com um nose tackle de ofício, possibilitando que Jonathan Allen fizesse o seu melhor – além de fechar gaps para o jogo corrido, ir atrás do quarterback tal qual o super-homem atrás do general Zod (busquem “superman Jonathan Allen” no Youtube, leitores: não me canso de ver este sack…).
O segundo alvo, em minha concepção, deveria ser o também NT Haloti N’gata: Apesar de seus 34 anos, é um excelente jogador ainda, com lenha para queimar – lembrando que, em nosso 3-4 básico, ficamos apenas 20-25% dos snaps defensivos. Sua contratação seria barata – também teve uma lesão que encerrou sua temporada em 2017 –, com todo o upside do NT Dontari Poe por um valor entre U$3-4 milhões.
O último alvo que entendo viável, e única e exclusivamente por conta de seu histórico de lesões (porque senão seria muito caro), seria o DT Dominique Easley, que entraria em uma rotação na DL, diminuindo assim suas chances de lesão – que, efetivamente, são bastante grandes. Um contrato prove it, de um ano, em por volta de U$3/4 milhões, pode ser o caminho.
Quanto à posição de Strong Safety, há uma questão específica: apesar de haver bons jogadores no Draft 2018, há um único blue chip, em minha opinião, que pode ser a solução dos problemas na posição, que é o S Derwin James (é, não preciso esconder que ele é minha principal opção na 13ª posição do draft, a não ser que algum dos 5 jogadores que tenho como superiores tecnicamente sobrem – porque tenho para mim que best player available é o ÚNICO caminho da primeira rodada do draft).
Além disso, temos a questão sobre a volta – ou não – do S Su’a Cravens, que eu não vou me alongar neste texto. Considero, ainda, que o S Montae Nicholson teve uma excelente temporada enquanto saudável – e, mais uma vez, vemos que precisamos de profundidade de elenco porque, com sua contusão, ficamos completamente perdidos na posição, inclusive escalando o FS DJ Swearinger para cumprir a função, perdendo sua mobilidade como high safety.
Assim, como não é possível confiar em um único jogador sobrando no draft – e, também, que Allensnyder faça essa escolha –, esta é uma posição interessante para conseguirmos assinar um bom free agent. Mas há algum jogador que valha um grande contrato e que seja free agent, levando em consideração que uma grande contratação nos fará perder a escolha compensatória de 3ª rodada a que teríamos direito face à perda de Kurt Primos? A meu ver, não – sim, estou falando do S Eric Reid, para mim o melhor fit da free agency após o S Morgan Burnett, que provavelmente irá continuar nos Packers. Mas há bons jogadores que podem inclusive virar titulares imediatos e em um preço acessível.
O S Kenny Vaccaro é para mim o primeiro da lista, já que, além de strong safety, ele pode fazer o papel de slot cornerback – uma “necessidade” que irei falar a seguir. Vindo de uma lesão que limitou seus snaps e o levou posteriormente à injury reserve, seu contrato não seria tão custoso, a meu ver – provavelmente algo em torno de 3 anos, U$4-5 milhões por ano, ou um contrato de um ano prove it, no mesmo valor.
O seguinte em minha lista para a posição é o S Tyvon Branch, que rompeu o ligamento cruzado anterior no início de novembro de 2017. Até ali, vinha sendo essencial no combate ao jogo corrido de Arizona, mas há uma preocupação com sua lesão, de recuperação sempre lenta e difícil. Um contrato nos mesmos moldes de Vaccaro seria bastante interessante, em minha quase acéfala opinião.
Há outros strong safeties disponíveis, mas não vejo uma melhora na posição além destes três citados (sim, Eric Reid faz parte desta conta).
Na defesa contra o jogo corrido, temos outra questão: os inside ou middle linebackers. Após reassinar o bom Mason Foster, excelente agregador no vestiário da franquia, o Redskins continua a tentar a assinar com Zach Brown, um bom ILB que faz uma excelente dupla complementando Foster. A assinatura de Zach Brown garantiria que o combate ao jogo corrido será prolífica, ante sua velocidade e comprometimento – sendo que um upgrade na DL, mesmo com somente a volta de Jonathan Allen, já faz com que ambos pareçam merecer Pro Bowl honors, porque eles complementam muito bem esta linha.
Estamos, por outro lado, em um bom momento quanto aos reservas: Zach Vigil, para mim, foi uma grande e boa surpresa no final da temporada, sendo que Josh Harvey-Claymons estará em seu segundo ano e já se mostrou como um possível bom futuro. Martrell Spaight é bom em situações de pass rush na linha – embora péssimo nas demais situações – e Will “what’s the gap again?” Compton é uma presença de vestiário excelente. Só haverá necessidade de assinarmos um FA caso não consigamos um contrato com Zach Brown, o que não me parece um horizonte factível neste momento – e este draft, ao contrário de anos anteriores, tem algum depth na posição, isto é, poderíamos ir atrás de um ILB ali.
Por fim – e como já adiantei –, o Redskins deve prestar atenção em sua secundária de forma geral: a chegada de Alex Smito (ou Smyth, como queiram) ocorreu às custas de uma possível vacância no cargo de slot cornerback ou nickelback da secundária, pois o excelente CB Kendall Fuller, um top 3 da posição, foi enviado para Kansas City na troca que o envolveu.
Além disso, o bom cornerback Bashaud Breeland teve seu contrato expirado, sendo um agente livre no ano fiscal da liga que se aproxima. Seria a posição de cornerback, em função disso, uma necessidade suficiente para um grande contrato na FA? Não vejo assim, e explico o porquê.
Temos como cornerbacks assinados no roster, hoje, 4 jogadores dignos de nota: Josh Norman (contrato expira em 2021), Quinton Dunbar (2021), Fabian Moreau (2021) e Joshua Holsey (2021). São quatro jogadores, e a princípio, precisaríamos ter no mínimo sete.
Agora, a qualidade destes jogadores mostram que a perda de Kendall Fuller pode ser suprida dentro da própria equipe – hoje, para mim, Norman e Moreau como titulares nas pontas, Holsey como slot e Dunbar como principal backup. Precisamos, assim, de mais um reserva para cada uma dessas posições.
E quando eu digo que não temos necessidade suficiente para um grande contrato na FA, é porque os grandes CBs custam caro – e um bom CB, como é o Breeland, já deve custar algo em torno de U$8-10 milhões por ano, talvez chegando até U$12 milhões. Gastar mais que este valor em um CB, para mim, é um risco enorme – e um top 3 CB, como Trumaine Johnson ou Malcom Butler (este último é assim considerado NFL afora), deve ter um contrato de por volta de U$18 milhões anuais.
Dentro deste cenário, vejo que podemos ir atrás de um bom CB – como Bashaud Breeland mesmo, que penso ser a melhor opção – e um ou dois CBs baratos e com bastante upside, como é o caso de, por exemplo, Leonard Johnson e Steve Terrell, jogadores jovens que tiveram um papel menor em Buffalo e Kansas City, mas demonstraram algum potencial. Note-se: ao contrário de 2017, no ano de 2018 a posição de cornerback não tem tanta profundidade no draft.
Resumindo: apesar de nossa defesa ter dado dissabores durante a temporada, principalmente na contenção ao jogo corrido adversário, nossas necessidades são pontuais e, em duas das posições apontadas (DL e ILB), há uma grande possibilidade de conseguirmos a reposição pelo draft, evitando grandes contratos – e garantindo nossa escolha compensatória de 3ª rodada em 2019.
Mais uma vez, repito: que Touro Sentado ilumine os contatos e os contratos de Allensnyder nesta free agency.
#HTTR
#EuSouRedskins
texto por Antonio Cruz
revisão por Diogo Miranda