Obrigado, Andrew Luck

Aposentadoria precoce de um ídolo do Indianapolis Colts. Foto: ESPN

O relógio marcava 22h28 de 24 de Agosto, sábado, quando o repórter da ESPN norte-americana Adam Schefter soltou a bomba que devastou a NFL e a torcida do Indianapolis Colts: Andrew Luck decidiu se aposentar após inúmeras lesões. Uma surpresa desagradável  principalmente para a torcida, que finalmente veria um time bom em todos os setores após muito tempo.

Após a temporada de 2011 os Colts dispensaram Peyton Manning por motivos de saúde e para abrir espaço no salary cap da equipe em busca de uma reestruturação da franquia. Com o record de 2-14 e a primeira escolha geral no Draft os Colts estavam aptos a selecionar o QB de Stanford. Andrew Luck era o melhor prospecto entrando no Draft para a posição de quarterback desde Peyton Manning em 1998, não havia alguém tão preparado para a NFL quanto ele.

O futuro da franquia, por sete temporadas. Foto: SB Nation

As três primeiras temporadas de Andrew Luck com os Colts foram muito boas: em 48 jogos alcançou a marca 12.957 jardas e 86 touchdowns, apesar de muitas interceptações (43). Na temporada de calouro ainda comandou sete viradas, coisa que muitos quarterbacks não tem na carreira. O record de 11-5 em cada uma delas credenciou a equipe a disputar os playoffs. Em 2012 o time caiu para o campeão Baltimore Ravens, em Maryland, na rodada de Wild Card. Em 2013 os Colts venceram o Kansas City Chiefs na segunda maior virada na história dos playoffs, no Lucas Oil Stadium, e em seguida perderam para o New England Patriots no Divisional Round. Em 2014, mais uma derrota para os Patriots, dessa vez no AFC Championship Game, após vitórias sobre Bengals e Broncos nas semanas anteriores.

Quem olha apenas o número de vitórias imagina que o time dos Colts era muito bom por ter chegado aos playoffs consecutivamente nos três primeiros anos de um quarterback na Liga. A realidade mostrou que as coisas eram bem diferentes. A defesa era fraca, contando com veteranos em fim de carreira, como Robert Mathis, Dwight Freeney e Mike Adams, além de  lampejos de outros nomes que o tempo tratou de esquecer, como Vontae Davis e Cory Redding. Enquanto isso, a narrativa do ataque foi sempre a mesma durante anos: os Colts nunca foram capazes de proteger Luck enquanto o jovem QB salvava o time quase toda semana.

A linha ofensiva contou com nomes como A.Q. Shipley, Gosder Cherilus, Jonotthan Harrison, Khaled Holmes, Lance Louis… A culpa pela ineficiência na proteção de Luck era deles? Provavelmente não, sabíamos que faltava qualidade para os OLs. Podemos dizer que a culpa era de quem avaliava e contratava jogadores incapazes de realizar um trabalho decente em campo. Os Colts conseguiram 33 vitórias em três anos muito por conta de Andrew Luck. A sintonia do QB com Reggie Wayne, T.Y. Hilton e outros fizeram os Colts conseguir mais resultados que o previsto.

O tackle de Danny Trevathan. Foto: Bleacher Report

Em 2015 veio o primeiro baque, a lesão no ombro direito do QB na semana 3 contra o Tennessee Titans. Luck ficou fora de ação pela primeira vez na carreira, na ocasião por dois jogos. Na semana 9, com três vitórias e cinco derrotas, a partida contra o Denver Broncos em casa era crucial para definir as pretensões da equipe na temporada. Com o retorno de Andrew, os Colts fizeram a melhor partida do time em 2015, vencendo os futuros campeões do Super Bowl por 27-24. Mas a euforia da vitórias durou pouco. Em uma jogada já no último quarto, Luck sofreu um tackle que gerou uma lesão num rim, sendo hospitalizado e perdendo o restante da temporada por conta do órgão ter sido dilacerado. O time, que tinha as estruturas baseadas em Luck, ruiu e terminou a temporada com o record de 8-8.

Em 2016 imaginava-se que Luck havia retornado saudável para a temporada, entretanto a necessidade de proteção aliada às constantes pressões da imprensa e torcida, fizeram o então GM Ryan Grigson finalmente direcionar escolhas de Draft à linha ofensiva. O center Ryan Kelly foi importantíssimo para Luck sofrer um pouquinho menos durante os jogos, mas um jogador não é a solução para toda uma linha. A escolha foi acertada e ao menos Kelly não cedeu sacks nos 16 jogos em que disputou. Dessa vez nem a qualidade do QB foi suficiente para camuflar a falta de qualidade do elenco e coaching staff. Outro record 8-8 deixou a equipe fora dos playoffs por mais um ano. Para felicidade da nação (e do próprio Andrew Luck) Ryan Grigson, o pior GM da história da franquia, foi demitido.

Contra o Chicago Bears durante o Outubro Rosa no Lucas Oil Stadium. Foto: Thomas J. Russo-USA TODAY Sports

Em 2017 os temores se confirmaram: Luck não esteve saudável por duas temporadas. A lesão no ombro se agravou à medida que a temporada de 2016 se desenrolava e foi necessário um procedimento cirúrgico. O recém-chegado GM Chris Ballard já tinha uma bomba nas mãos. Após muitos adiamentos os Colts assumiram que o QB não iria se recuperar a tempo para a temporada e o reserva Scott Tolzien assumiu a posição de titular. O QB ex-Packers teve uma atuação tão ruim na Semana 1 que Jacoby Brissett, recém-chegado via troca com New England, o substituiu na partida e assumiu seu posto de titular. O record de 4-12 diz muito sobre a qualidade do elenco da franquia. Após anos sendo salvo no cargo por Andrew, o HC Chuck Pagano foi demitido dos Colts.

Luck em 2017. Foto: USA Today

Na temporada passada a esperança enfim retornou. Andrew finalmente estava curado da lesão no ombro, não sentia dor alguma ao lançar e isso se traduziu em campo. Após alguns jogos para retomar o ritmo e com a qualidade da nova comissão técnica comandada pelo HC Frank Reich, Luck mostrou sua qualidade. O QB disputou as 16 partidas com 4.593 jardas, 39 touchdowns e 15 interceptações. Não fosse a temporada absurda de Patrick Mahomes, Luck teria grandes chances de ser eleito MVP da temporada. Com isso, Luck acabou ficando com o prêmio de Comeback Player of the Year. O futuro parecia promissor para a franquia, que finalmente via seu jogador mais valioso protegido pela linha ofensiva. Além de ter uma defesa sólida o suficiente para não comprometer o desempenho da equipe.

Castigando sua maior vítima em touchdowns. Foto: Tim Warner/Getty Images

Os treinos para a temporada 2019 começaram, mas havia algo estranho no ar. Em março Andrew Luck teve uma lesão na panturrilha que não curava, evoluindo para um incômodo na região do tornozelo. A preocupação foi aumentando à medida que ele não treinava com os companheiros e não participava dos jogos de pré-temporada. Até que no sábado dia 24 de agosto, o pior cenário foi concretizado. Andrew Luck se aposentou da NFL por não suportar mais os ciclos de lesão-reabilitação. A saúde mental do jogador já havia sido afetada, sem condições de passar pelos processos de reabilitação novamente. A coletiva de aposentadoria pode ser assistida na íntegra clicando no link.

A duas semanas do início da temporada regular o Indianapolis Colts foi de candidato a Final de Conferência a no máximo uma vaga no Wild Card. Os Colts possuem o melhor time no papel desde a temporada 2009, onde Manning conduziu a equipe ao Super Bowl XLIV. Indianapolis foi privilegiado por ter durante 20 anos dois QBs fora do normal. Por negligência e incompetência apenas um Super Bowl conquistado, mesmo sendo o time mais vencedor da década. Ninguém sabe como vai ser a temporada dos Colts, mas esperamos ao menos ver uma evolução de Jacoby Brissett em relação a 2017. O #7 recebeu elogios de Frank Reich e renovou seu contrato até 2020, além disso os Colts contrataram o experiente Brian Hoyer para ser backup. Hoje temos tudo o que quase nunca tivemos: elenco e comissão técnica bons. Mas, dessa vez, falta o que nunca faltou: um franchise quarterback.

Voa Luck! Foto: SB Nation

Só nos resta agradecer e lembrar o grande jogador que foi e o grande homem que é Andrew Luck. Muita gente torce pelos Colts por causa dele, o cara que, quando saudável, mostrou ser o quarterback de elite que todo time sonhava em ter. Quem não se lembra das incríveis viradas sobre os Packers, Lions e Chiefs? Quem não lembra dos números de MVP em 2014? Qual torcedor nunca teve um papel de parede do #12 no celular?

São muitas lembranças que ficarão pra sempre guardadas com carinho na memória de todos nós. Honrou a ferradura até mais do que deveria e poderia, não nos deve absolutamente nada. Obrigado, Andrew Luck!

 


Foto de capa: USA Today

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