O front office do Ravens está dando uma aula sobre não se conformar com o elenco nessa temporada. Mesmo com uma campanha de 4-2 e boa vantagem na liderança da divisão, a diretoria viu que a defesa estava indo mal e foi atrás de mudanças.
Adições ao Front Seven
Estava com problemas de comunicação no meio do campo e com LBs perdidos nas leituras? Traz o Josh Bynes e o LJ Fort e coloca Chris Board e Kenny Young no ostracismo.
Bynes já entregou jogadas de alto impacto com uma interceptação contra o Steelers e um passe desviado que virou a interceptação do Humphrey contra o Bengals. Já o Fort teve espaço razoável na semana 6 com o Onwuasor machucado e é um bom jogador para Special Teams
Enquanto isso, Chris Board e Kenny Young já perderam totalmente o espaço na semana 6, com snaps apenas como especialistas. Young inclusive foi até trocado por uma nova peça que ainda será mencionada.
Mais ajustes
Na DL, Martindale optou por usar mais OLBs nas rotações da semana 6 e reduziu os snaps de Michael Pierce e Brandon Williams, mantendo os dois descansados. De acordo com dados do @FilmstudyRavens, o time teve apenas 1,58 DLs por snap contra o Bengals, menor marca do ano.
The @Ravens played 15 snaps of racecar packages they had only used 6 times previously in team history to revitalize the pass rush vs @Bengals. Details and defense notes:https://t.co/HCVecaeqCU#Ravensflock @NFL @MDSportsblog @BmoreSportsLife pic.twitter.com/kPvrriQ25q
— Ken McKusick (@FilmstudyRavens) 14 de outubro de 2019
Além disso, a contratação do Jihad Ward foi estranha e não era esperado que ele tivesse muitos snaps, se tivesse… No entanto, o jogador chegou e já teve uma boa quantidade de jogadas, alinhando principalmente por fora em formações com muitos pass rushers e gerando alguma pressão.
Outro nome que merece ser citado é Tyus Bowser. Ele pode não estar recebendo tantas chances e não ser o que era o esperado na época do Draft, mas costuma corresponder em seu papel limitado. Já tem 2 sacks no ano e é um dos poucos que gera pressão, além de ser útil na cobertura.
Jaylon Ferguson também passou a ganhar mais espaço, sobretudo com formações intensivas em OLBs. Contudo, ainda não mostrou a que veio em termos de produção, apesar de estar recebendo cada vez mais snaps.
O pass rush ainda é o principal problema do time e apenas Judon é confiável semana sim, semana não. McPhee ainda é capaz de produzir e ajuda quando alinha pelo meio. Isso ainda é muito pouco, mas é difícil ver alguma solução no curto prazo.
De qualquer forma, créditos para a comissão técnica por estar tentando algumas formações diferentes e também por estar testando novas opções em campo. Por mais que possa não trazer um ótimo resultado, mostra um time que não aceita o nível atual e que quer lutar parar ser ótimo.
Agora, para a secundária…
As falhas de comunicação foram um problema terrível. Não foi tanto analisado na semana 1 porque o adversário era o Dolphins, mas os erros já estavam lá. A verdade é que Tony Jefferson foi um investimento equivocado da equipe e deixá-lo com o ponto no capacete foi mais um erro.
Perder Jimmy Smith logo no primeiro jogo fez com que o time tivesse que experimentar para ocupar o posto de CB pelo lado de fora. Marlon Humphrey joga em um dos lados, Brandon Carr assumiu o slot depois da lesão do Tavon Young e ficou um buraco.
Os primeiros testes foram com Cyrus Jones (breves e terríveis) e Anthony Averett. Este último teve mais oportunidades, mas não se firmou, cedendo uma série de jogadas grandes ou em situações importantes. O próximo passo então foi tentar com Maurice Canady.
Canady nem entrou nos 53 iniciais do time para a temporada, mas pareceu ter tomado a vaga ao longo dos últimos jogos, inclusive tirando Averett da rotação. Ele tem feito algumas boas jogadas alternadas com coberturas ruins, certamente representando um ponto frágil.
Com isso em mente, Eric DeCosta foi ao mercado. Primeiro se especulou uma troca por Jalen Ramsey, mas, no fim das contas, o que aconteceu hoje foi uma por Marcus Peters. Nela, o Ravens mandou apenas o LB Kenny Young e uma escolha de quinta rodada no próximo Draft, escolha essa herdada do Minnesota Vikings em uma troca pelo Karee Vedvik.
Sobre Marcus Peters no Ravens
Esse é um movimento de risco baixíssimo e recompensa bem alta. Peters já atuou em nível de elite na liga e é um CB que pode ser caracterizado como “boom-or-bust”. Ele arrisca em busca de jogadas de alto impacto, mas acaba cedendo recepções grandes por conta disso.
Ele já apresentou alguns problemas de vestiário e sua baixa intensidade em tackles é bastante documentada. Por outro lado, a produção é bem alta (24 INTs, 6 fumbles forçados e 36 passes defendidos).
Nesse ano, o PFF tinha ele entre os 15 melhores CBs da temporada. Eles apontavam 10 recepções cedidas em 16 lançamentos em sua direção para um total de 166 jardas, mas duas interceptações compensando.
Isso mostra que ele não era tão visado, mas que quando era atacado, normalmente era pego em posição desfavorável, provavelmente pela mentalidade agressiva de buscar turnovers.
A grande verdade é que o investimento feito foi tão baixo e ele é uma melhoria tão óbvia em relação ao Canady que o movimento vale muito a pena para o Ravens. Na pior das hipóteses, deixa o time na Free Agency em troca de um LB que não seria usada e uma escolha que veio de um K sem time.
No melhor cenário, ele encontra seu melhor jogo em Baltimore, gera turnovers e ajuda a defesa a se estabilizar. Além disso, com a volta de Jimmy Smith (provavelmente na semana 9), o time ganha muito em termos de peças de reposição e rotação.
Mais considerações
Outro ponto que também deve ser visado é que a entrada de Chuck Clark após a lesão do Tony Jefferson pareceu ajudar na comunicação da defesa. Ele recebeu o capacete com o ponto, permitiu uma maior rotação entre os LBs e o time cedeu menos jogadas explosivas (contra ataques ruins).
Clark e Anthony Levine alinharam 8 snaps como os ILBs contra o Bengals com o Ravens com formações de 7 DBs (quarters). O time também usou o dime (6 DBs) em 24 snaps, o pacote defensivo mais frequente no jogo. Dados novamente do @FilmstudyRavens.
DeShon Elliott ainda teve boa participação, mas se lesionou e foi para a IR. Até Justin Bethel, CB que foi trazido apenas para os STs, teve snaps defensivos contra o Bengals.
A grande conclusão disso tudo é que o Ravens não irá se conformar com apenas ganhar mesmo sem convencer. A comissão técnica e o GM querem um esforço completo e uma equipe dominante. Talvez isso não aconteça, mas, como disse anteriormente, o trabalho de ajustes é louvável.
Esse texto é uma compilação da thread do nosso colaborador e comentarista João Gabriel Gelli. Você pode conferir a thread original aqui.
Respostas de 2
Muito obrigado, pereciva ler algo sobre
A postura do front office é louvável por buscar evolução no elenco. Realmente existe uma margem boa para o time evoluir. Temos boas variações para o plano de jogo encaixar contra qualquer adversário e o time ficar cada vez mais sólido dos dois lados da bola. Temos também chance de desbancar Patriots e Chiefs (será?). Os Ravens estão se renovando e estão melhores do que pensei que estariam este ano. Podemos sonhar alto? Saudações Casa do Corvo, vocês são ótimos!