Nos últimos oito anos falar de conferência leste era falar de LeBron James. Desde que levou seus talentos para South Beach na temporada 2010/2011, LeBron participou e ganhou oito finais consecutivas na conferência leste da NBA. Foram quatro com Miami Heat e quatro com Cleveland Cavaliers, que resultaram em três títulos da NBA (2011/2012 e 2012/2013 com Heat e 2015/2016 em Cleveland).
Porém, mais uma vez em sua carreira, o homem iniciou uma mudança ao decidir aventurar-se na conferência oeste e assinar com o Los Angeles Lakers. Não foi uma primeira temporada muito boa para Lebron James, tendo em vista que os Lakers estão eliminados dos playoffs, Magic Johnson resolveu pedir demissão e o time entra na offseason com mais dúvidas do que certezas.
A saída de LeBron James da conferência leste criou um vácuo de poder e quatro franquias estão disputando acirradamente o lugar que sempre foi de quem tivesse LeBron em seu elenco. Vem comigo que vamos falar sobre isso aqui:
Milwaukee Bucks
Campanha: 60 vitórias e 22 derrotas
Primeira rodada dos playoffs: 4-0 contra Detroit Pistons
A franquia de Wisconsin ao que parece soube aproveitar a saída de LeBron James. O Bucks terminou na liderança da conferência leste e com a melhor campanha geral da NBA. Muito desse sucesso vem da grande temporada de Giannis Antetokounmpo. O franchise player de Milwaukee é um dos candidatos a MVP dessa temporada e suas médias por jogo são impressionantes.
Um cara alto e magricelo cotado para MVP e Bucks termina com a melhor campanha da liga? Isso não te lembra alguém?
Kareem Abdul-Jabbar foi coroado MVP da temporada 1970/1971 quando o Bucks teve sua melhor temporada (66 vitória/16 derrotas). Kareem , juntamente com Oscar Robertson, comandou Milwaukee para o único título da franquia.
Isso pode mudar esse ano. O elenco do Bucks tem potencial para pelo menos chegar as finais de conferência, algo que não acontece desde 1973/1974.
O que fazer para garantir o futuro
A próxima offseason vai ser de muito trabalho para o front office do Bucks. Todos os seus principais jogadores que não nasceram na Grécia são potenciais free agents. Eric Bledsoe renovou por 4 anos no valor de US$70 milhões, a primeira vitória do front office de Wisconsin.
Khris Middleton talvez seja o caso mais crítico. Middleton tem uma player option para o próximo ano com um salário de US$ 13 milhões. Essa vai ser uma offseason com bastante dinheiro na mesa e poucos jogadores de elite disponíveis. Nesse cenário algumas franquias acabam fechando contratos bem gordos para jogadores que vieram de ótimas temporadas, mas não são superestrelas. Middleton terá duas opções: um contrato muito vantajoso ou aceitar receber menos e manter o ótimo time de Milwaukee.
Malcom Brogdon vai ser um restricted free agent e o Bucks terá a chance de igualar qualquer proposta pelo ROY de 2016/2017.
Mirotic e Lopez possivelmente atrairão alguma atenção nessa offseason, mas é provável que os dois aceitem um contrato menor pensando na manutenção do time.
Toronto Raptors
Campanha: 58 vitórias e 24 derrotas
Primeira rodada dos playoffs: 4-1 contra Orlando Magic
Tirando os Celtics, essa foi a franquia mais feliz com a saída de LeBron James da conferência leste. Nas últimas três pós temporadas, o time canadense encontrou o Cleveland de Lebron e o resultado não poderia ter sido pior: duas varridas (4-0) nas semifinais de conferência e um 4-2 nas finais de conferências. Como a internet não perdoa ninguém, após a última derrota para o Cavs em 2017/2018 a franquia foi rebatizada para LeBronto Raptors.
Para tentar colocar esse período traumático no passado, o general manager de Toronto Masai Ujiri demitiu o técnico Dwane Casey, que ganhou o prêmio de técnico do ano pela temporada regular de 2017/2018 com o Raptors. Depois, Masai Ujiri continuou a chocar o mundo da NBA quando trocou DeMar DeRozan por Kawhi Leonard numa tentativa de alavancar o sucesso dos Raptors. Até aqui parece que foi uma boa troca, Kawhi Leonard fez uma temporada surpreendente, voltando a ser o mesmo Kawhi Leonard condecorado como MVP das finais de 2014 e 2x defensor do ano (2014/2015 e 2015/2016). Um dos maiores receios na NBA era sobre como seria a volta de Kawhi após ficar fora uma temporada por conta de uma lesão um tanto quanto misteriosa.
Toronto Raptors terminou em segundo lugar no leste e garantiu o mando de quadra nas duas primeiras rodadas dos playoffs. Será que finalmente chegou a vez de Toronto sediar uma final da NBA? Essa pergunta será respondida nos próximos meses.
O que fazer para garantir o futuro
O front office do Raptors tem um único objetivo na próxima offseason: convencer Kawhi Leonard. A troca do DeMar DeRozan só vai ser boa para Toronto caso Kawhi assine um contrato longo no próximo verão. Alguns pontos são importantes para analisar:
Dinheiro: Aqui podemos olhar através de duas óticas. Raptors podem oferecer um contrato de cinco anos no valor US$ 190 milhões enquanto qualquer outro time pode oferecer no máximo 4 anos no valor de US$ 141 milhões. Kawhi abriu mão do supermax (cinco anos no valor de US$ 219 Milhões) para sair de San Antonio, então dinheiro talvez não seja o fator decisivo. Isso pode ser bom para Toronto, pois uma das desculpas dos free agents para fugir do Canadá são os impostos. Um jogador do Raptors, mesmo morando nos Estados Unidos, paga mais imposto percentualmente do que qualquer outro.
Clima/Localização: Quando exigiu ser trocado, alguns rumores surgiram dizendo que a preferência dele era jogar em Los Angeles. E quem não gostaria de jogar lá? Los Angeles tem um dos melhores climas dos Estados Unidos, além da proximidade com Hollywood e a possibilidade de morar em um dos maiores mercados da NBA onde é possível encontrar outras fontes de renda. Enquanto isso Toronto oferece um clima mais severo e apesar de ser a maior cidade do Canadá, a impressão que fica é que os jogadores do Raptors costumam ter um pouco mais de paz em relação a imprensa. Não sei quais eram as motivações do Kawhi quando colocou La La Land como seu destino preferido, ao meu ver Toronto faz mais sentido, desde que o frio não seja um problema, pensando em sua personalidade mais reservada.
Uma sólida campanha nos playoffs possa ser o suficiente para convencer Kawhi. Vencer sempre foi prioridade em sua vida e dessa vez não será diferente.
Philadelphia 76ers
Campanha: 51 vitórias e 31 derrotas
Primeira rodada dos playoffs: 4-1 contra Brooklyn Nets
Durante os oito anos em que LeBron James dominou a conferência leste, os Sixers só estiveram nos playoffs em três anos: 2010/2011, a única vez que encontraram LeBron, 2011/2012 e 2017/2018. Esses seis anos entre as aparições em pós temporadas foram os anos em que a franquia iniciou uma reconstrução de seu elenco. Esse movimento, idealizado pelo general manager Sam Hinkie, foi apelidado como “The Process” e logo foi aceito por grande parte da torcida. O Process atingiu seu ápice em 2017/2018 quando os Sixers escolheram Markelle Fultz com a primeira escolha geral do draft.
Depois de uma saída, de certa forma frustrante, nos playoffs de2017/2018, o Process tomou um de seus passos mais agressivos ao adicionar os alas Jimmy Buttler e Tobias Harris, providenciando ao 76ers uma versatilidade enorme no seu time titular.
Philly terminou mais uma vez entre as três melhores campanhas do leste, repetindo a colocação de 2017/2018, e agora já é hora do Process entrar em sua nova etapa. Uma nova saída na segunda rodada dos playoffs pode gerar uma mistura de sentimentos tendo em vista que os movimentos de troca da franquia nessa temporada tiveram o intuito de reforçar o time e garantir uma jornada mais longa nos playoffs.
O que fazer para garantir o futuro
Começarei por onde parei no último parágrafo. Uma pós temporada bem-sucedida pode ser tudo que os Sixers necessitem para continuar evoluindo.
As adições dessa temporada Jimmy Butler e Tobias Harris serão free agents nessa próxima offseason. Não gosto de ser repetitivo, mas essa será uma offseason com bastante dinheiro disponível e com muito time desesperado para dar alguma resposta aos torcedores. E é aqui onde o front office de Philly precisa responder uma pergunta importante: Esse é o time que vai garantir nosso sucesso nos próximos anos?
No caso de uma resposta positiva, existe o risco desse time ficar bem caro. Ainda que Jimmy Butler e Tobias Harris não exijam um contrato máximo, é de se esperar que seja algo próximo. Juntando com uma provável extensão máximo para Bem Simmons em 2020, o time titular estará absorvendo algo em torno de 70% do cap space e os donos da franquia estarão frente a uma decisão de pagar ou não a luxury tax para manter o time. Aqui ao meu ver não tem dúvida, quem quer ser campeão tem que abrir o bolso. O Big Four da Filadélfia já mostrou que conseguem jogar juntos e caso o front office entenda que eles não são a resposta, será que valeu a pena liberar Robert Convington, Dario Saric e algumas picks valiosas por apenas uma temporada de Butler e Harris?
Boston Celtics
Campanha: 49 vitórias e 33 derrotas
Primeira rodada dos playoffs: 4-0 contra Indiana Pacers
A relação do Boston Celtics com LeBron James é longa. Boston foi responsável pelas eliminações de Lebron nos playoffs de 2008 e 2010. Porém durante os oito anos de reinado de Lebron, os Celtics foram eliminados CINCO vezes: uma vez na primeira rodada (4-0 em 2015), uma semifinal de conferência (4-1 em 2011) e três finais de conferências (4-3 em 2012, 4-1 em 2017 e 4-3 2018). A última eliminação pode ser considerada a mais sofrida. Sem suas duas estrelas Kyrie Irving e Gordon Hayward, os Celtics foram liderados ofensivamente pelo calouro Jayson Tatum e ficaram a uma vitória de chegar as finais da NBA, sendo eliminados dentro do TD Garden onde Lebron James teve uma performance crucial com 35 pontos e 15 rebotes.
Porém era de se esperar que sem Lebron James e com a volta de duas estrelas ao time, a franquia de Massachusetts teria vida fácil e terminaria em primeiro na conferência leste, certo? ERRADO! Foi uma temporada frustrante para os Celtics em todos os sentidos: jogadores não renderam o esperado, Brad Stevens perdido em relação a pedidos de tempo e problemas de vestiário sendo expostos na mídia.
Ao que parece parte dos problemas foram resolvidos, ou pelo menos ninguém mais fala neles. Mesmo assim, esse time carregará bastante drama e expectativas para os playoffs. Uma saída precoce pode ser trágica para a franquia e seus planos para o futuro.
O que fazer para garantir o futuro
KYRIE IRVING. Muito do drama que a franquia passou nessa temporada foi relacionado ao jogador. Durante um evento para torcedores no TD Garden, Kyrie expressou sua vontade de renovar com o Celtics na próxima offseason. Durante a temporada o jogador “voltou atrás” na sua palavra e muitos já consideram certa a sua saída.
Para o Boston Celtics manter Kyrie Irving precisa ser prioridade número 1! Um jogador do nível dele não pode simplesmente ir embora sem um esforço da franquia para mantê-lo. Além do seu talento natural, Kyrie é um jogador que tem potencial para atrair outras estrelas.
Uma dessas estrelas é Anthony Davis. O pivô, atualmente em Nova Orleans, já manifestou seu interesse de ser trocado e o general manager celta Danny Ainge é um dos maiores interessados em fazer essa negociação. É bastante especulado que a franquia de Nova Orleans só aceita uma troca que envolva o ala Jayson Tatum, uma das promessas do elenco celta. Vai ser interessante ver se Ainge está disposto a cedê-lo ou se o Pelicans aceita uma troca sem Tatum.
Além de Kyrie Irving, o pivô Al Horford também tem uma player option, mas aos 32 anos de idade é improvável que ele abra mão de US$ 30 milhões para testar o mercado. Terry Rozier e Marcus Morris serão free agents após essa temporada e dificilmente renovarão por conta do cap space comprometido do Celtics e o desejo dos jogadores de receberem um contrato longo e vantajoso.
…
Essas quatro franquias estarão frente a frente nas semifinais da conferência leste. Perder não é uma opção para ninguém, porém só pode existir um campeão de conferência. E para você? Quem tem maior chance de sair vitorioso nos confrontos da conferência leste? Com muita coisa em jogo, a próxima rodada do dos playoffs tem tudo para ser inesquecível. Não perca!