Um bom começo é a metade
Em um dos seus escritos sobre política Aristóteles deu o papo: “Um bom começo é a metade”. Seria ingênuo não assumir que o mundo todo, e com razão, via o Nets como favorito para esse jogo. Contudo, mesmo essa vitória dos Bucks por 23 pontos de diferença, não é um parâmetro para os playoffs. Mas então, o que significa essa vitória? O que podemos analisar sobre o Milwaukee Bucks e as perspectivas para a temporada? Temos muitos a analisar.
O Jogo em Si:
Permeado pelo nervosismo das duas equipes, o primeiro quarto foi um banquete com as maiores qualidades e defeitos que conhecemos destas equipas. O que ficou muito evidente logo de início foi a vontade de Giannis. O grego arremessou incríveis 13 vezes no 1°Q, com direito a bola de 3, air ball e tudo mais. Terminou merecidamente como destaque e cestinha do período: (13pts), 8reb, e uma presença sólida no garrafão. Inclusive, este tema tornou-se outro ponto interessante da partida. Em dado momento do jogo o Milwaukee tinha o dobro de rebotes ofensivo dos Nets. Os jogadores do Nets não se sobressaíram neste quesito, principalmente no 1° e no último quarto. O rebote ofensivo é um conhecido ponto forte dos Bucks, mas isto evidenciou a fragilidade do Brooklyn, que tem sua confiança depositada em um pivô jovem e ainda em ascensão.
Foi muito legal assistir o Milwaukee cadenciar, rodar a bola, acelerar e pensar o jogo – quando o Jrue guiava o time. Como a franquia tem bons infiltradores, encontrou certa facilidade espaços na defesa dos Nets, que é muito frágil no perímetro. Bem, já podem imaginar o final da história: o volume de jogo foi muito maior que dos nova-iorquinos.
É para refletir: por mais que a porcentagem de acerto do Brooklyn tenha sido superior aos dos atuais campeões na bola de 3, o Bucks não era um time dependente dessas bolas do perímetro. Disto isto, o Bucks rodou bem a bola quase o tempo todo, salvo em alguns momentos quando George Hill comandou a armação. Falarei mais a frente.
Ainda no que diz respeito ao volume de jogo, foram 32 arremessos dos Bucks contra 21 arremessos do Nets no 1°Q. No total, 105 a 84. Harden esteve sobrecarregado na armação. Não me esqueço de um momento no 2°Q quando o Harden saiu para descansar, e então o Kevin Durant se tornou o “playmaker”. Os Nets simplesmente estacionaram. Além de não ser a função ideal para KD, o elenco ao redor não funcionou. Não neste jogo. O ponto fora da curva foi Patty Mills.
O Nets foi superior nas bolas de 3? Podemos dizer que sim, até pela noite mágica do australiano, mas como disse antes o volume dos Bucks, em bolas de 3 e também nas bolas de quadra. Unindo a força defensiva e ofensiva no garrafão, e claro, o fato de ter cuidado melhor da bola, os Bucks venceram, convenceram e garantiram o triunfo. Uma curiosidade: um dentre os 12 turnovers do Nets foi um estouro de cronômetro. Ótima defesa. Podemos dizer que a franquia do Wisconsin foi eficiente no que sempre é. Sua estrela foi a melhor estrela em quadra, e a vitória veio até de maneira fácil.
Foi servido um banquete com o que já sabíamos que as equipas tinham a oferecer. O leitor agora vai indagar: mas você não disse que tinha muito a se analisar? Pois é, temos. E é sobre isso que vou falar agora.
Análise Tática e Individual
Tudo leva a crer que não seja nada grave, porém a lesão de Jrue Holiday preocupa. Primeiro porque ele é uma das peças chaves desse elenco, e segundo porque o seu reserva não corresponde a altura. O impacto de Jrue no jogo foi gigantesco. Além de cadenciar a equipe, contribuía para ajustes na defesa constantemente. Quando saiu, tinha +/- de +17. George Hill é conhecido pela inconstância dentro dos jogos.
Ainda que não tenha feito um papel ruim, vimos que durante a partida enfrentou dificuldades em armar e distribuir a bola. O Milwaukee simplesmente travou no ataque. Seu +/- chegou a – 11 com o andar da partida. George Hill só poderá contribuir vindo do banco. Ele não tem a mesma qualidade que Holiday para armar, possui uma movimentação pior sem a bola, isso sem contar o impacto defensivo de ambos no time. Holiday é a âncora defesa dos Bucks.
Outro ponto interessante a se atentar foi a escolha de Middleton como principal marcador de Durant. Após a saída de PJ Tucker alguém seria testado. Gostei, porém vamos com calma. Não vimos o melhor Durant em quadra ontem.
Os meninos Nwora e Allen surpreenderam. Claro, Grayson sentiu o jogo, a estreia, o clima. Ele ainda não tem a experiência, a casca, a maturidade que o restante do elenco adquiriu. O que ele tem é bola, e muita; então vamos aguardar o desabrochar desse talento.
Nwora precisa ser lapidado. Ele não pensa muito, e às vezes pensa errado. Possui uma péssima seleção de arremesso, se perde nas trocas defensivas e precisa evoluir fisicamente.
Trouxe palavras duras apenas porque sabemos da qualidade destes jogadores, e confiamos.
Em suma, foram boas as estreias individuais. O coletivo funcionou muito bem nos momentos chaves da partida, quando o Nets se aproximava.
Resumo – Enceramento:
Uma estreia excelente, digna de campeão. Se Aristóteles estiver certo e fazer valer a premissa de que “um bom começo é a metade”, precisamos apenas esperar a evolução individual, tática e o entrosamento dessa equipe. Logo descobriremos sobre qual metade final o destino nos reserva.
E você, o que achou da estreia dos Bucks?