Voltando no tempo para quando os running backs eram mais impactantes na NFL do que qualquer outra posição; antes da liga se tornar uma competição entre quarterback. Voltamos para a época de Don Shula, um dos melhores técnicos da história do futebol americano. Junto a ele temos a temporada histórica dos Miami Dolphins em 1972.
O único time na história a permanecer invicto (14-0) e ganhar um Superbowl. E, discutivelmente, o melhor grupo de running backs na história de toda a NFL.
No total, existem sete times onde dois jogadores ultrapassaram as 1000 jardas corridas em uma temporada. Dois desses incluem quarterbacks, com Michael Vick em 2007 e Lamar Jackson em 2019 – inclusive, os Ravens também possuem o recorde de jardas corridas totais em uma temporada da NFL. Mas, como estamos considerando apenas running backs, Vick e Jackson não se encaixam no critério.
O mais importante, afinal, é o Superbowl. Nesse sentido, o único, dentre estes sete, a conseguir o Lombardi no final da temporada foi o Dolphins. Então, vamos entender o quão especial e importante esse time realmente foi para a NFL
Larry Csonka
O MVP terrestre do time e oitava escolha geral no draft de 1968, Csonka é oficialmente classificado como fullback. Apesar disso, liderou o time com 1117 jardas corridas (e mais 48 aéreas). Além disso, ele era uma força imensurável atrás da linha ofensiva que contava com tantos talentos e dois jogadores que eventualmente acabariam junto a ele no HOF.
Csonka teve seu melhor ano estatístico em 72. Entretanto, no ano seguinte, quando os Dolphins retornaram ao Superbowl, o running back levou, além do segundo Lombardi consecutivo, o MVP da partida.
Além disso, ele terminou sua carreira sendo duas vezes campeão do Superbowl; com cinco seleções ao Pro Bowl; três seleções como All-Pro, todas elas entre 1970 e 1974 pelos Dolphins; e um prêmio de Comeback Player of the year em 1979, o último ano de sua carreira.
Mercury Morris
Líder da NFL em touchdowns corridos em 1972, Morris teve os dois anos mais relevantes de sua carreira durante as duas vitórias dos Dolphins. Por isso, foi selecionado para o Pro Bowl em 1971, 1972 e 1973, apesar de sua performance de 331 jardas totais em 71.
Por ventura de suas 168 jardas aéreas, Morris tecnicamente passou Csonka em jardas totais (tendo três a mais. Mas, tecnicamente, o running back dos Dolphins terminou a temporada com nove jardas a menos.
Isso porque, oficialmente, Mercury terminou a temporada com 991 jardas, mas devido a um pedido da direção dos Dolphins, a NFL analisou uma jogada onde Morris sofreu um fumble em um passe lateral onde tinham sido retiradas nove jardas de seu total no jogo. O running back, portanto, teve suas nove jardas devolvidas, o deixando com exatamente 1000 jardas corridas na temporada, tornando ele e Csonka a primeira dupla na história a conseguir tal feito.
Jim Kiick e o resto
Kiick chega na temporada com quatro anos consecutivos passando das 1000 jardas totais e tem umas das piores temporadas de sua carreira. Apesar disso, suas jardas corridas permaneceram medianas, com 521 (54 a menos do que no ano anterior). Sua queda se deve mais ao fato da desistência do jogo aéreo, onde Kiick teria conseguido 40% das jardas totais de sua carreira, pela confiança que os Dolphins tinham em seu jogo corrido.
O time ainda contou com outros cinco jogadores somando jardas corridas pela equipe. Dentre eles, apenas um acima de 100, o running back Hubert Ginn com 142. Com uma menção honrosa para Paul Warfield, wide reciever com 23 jardas, mais um membro da equipe invicta que hoje tem seu busto no Hall da Fama em Canton, Ohio.
O time também contou com quatro quarterbacks diferentes durante a temporada, juntos somando um total de 2235 jardas, coisa que até a semana 8 da NFL em 2020, grande parte dos quarterbacks já vai ter alcançado. Com Earl Morrall liderando o grupo, como All-Pro na posição, com um total de 1360 jardas aéreas.
Com tudo isso, não é difícil entender como Miami e seus running backs em 1972 podem ser considerados patrimônios históricos pela NFL, únicos em cada detalhe, e o melhor grupo da história.