Tradução da carta de Kyle Lauletta para os GMs da NFL

O New York Giants draftou na quarta rodada do draft o QB Kyle Lauletta da universidade de Richmond. A escolha e considerada por muitos analistas como um steal. Por outros, considerada uma pick sem sentido, pois ano passado já tínhamos draftado o QB Davis Webb numa escolha de meio de rodada, a terceira. Se Lauletta dará certo ou não, ainda não podemos saber, mas, se depender da força de vontade do jogador, tem tudo para dar certo na liga.

o QB antes do Draft, escreveu uma carta dedicada para todos os GMs da NFL no site The Players Tribune, contando um pouco de sua história, e o que os GMs podem esperar dele. O texto é super contagiante, e vale a pena ser lido. O jogador tenta mostrar, que mesmo com algumas adversidades, você nunca pode desistir e sempre tem que acreditar no seu potencial. Resolvi traduzir o texto para português para que todos possam usufruir da bela carta de Lauletta. Espero que aproveitem.

 

Caros GMs da NFL,

 

Eu quero ser como o Aaron Rodgers

Crescendo, era tudo sobre Peyton Manning, você poderia me perguntar a qualquer hora – Desde quando eu tinha 5 anos, até quando eu tinha 16 – Eu iria te dizer que Peyton era meu Quarterback favorito, e não era por pouco. Mas, a partir daí, eu não sei. Alguma coisa mudou. Nesses últimos anos, que eu continuei a aprender sobre a posição de quarterback, eu acho que eu tenho que dizer que Aaron Rodgers é meu jogador preferido de todos.

Eu sei que talvez essa não seja a resposta que queira ouvir. Isso, se você olha a fita, é claro que Aaron Rodgers faz coisas que nenhum quarterback deve fazer. Mas. esse é o começo do nosso relacionamento, e honestamente é a melhor forma. Aaron Rodgers é meu quarterback favorito da NFL, simplesmente porque ele é o mais divertido. Eu acredito que ele seja uma das razões das pessoas assistirem e amarem o Futebol Americano.

 

Sendo honesto, é esse tipo de jogador que quero ser.

Mandatory Credit: Brian Spurlock-USA TODAY Sports

Se isso coloca sua mente à vontade, sei que não vou jogar o jogo do jeito que o Aaron joga .Eu não poderia se eu tentasse; ele é único. Mas eu também sou. E quando eu chegar na NFL. Eu planejo jogar este jogo do meu próprio jeito — o jeito que eu tenho na minha vida toda, Assim como Aaron Rodgers tem um estilo distinto, eu quero que as pessoas vejam isso no meu jogo também.

Nos últimos três meses, encontrei-me com muitas equipes diferentes, e elas me questionaram sobre tudo, desde perguntas sobre como eu gostei do meu tempo em Richmond até exercícios que exigiam que eu desenhasse jogadas da minha própria memória o mais rápido que pudesse. Parecia muito exigente às vezes, claro. Mas eu tentei fazer tudo que me pediram durante o processo.

Eu sei que nesse exato momento existem outros quarterbacks nesse draft esperando serem escolhidos mais alto do que eu. Muitos deles vêm de grandes programas e estão gerando muito barulho ao entorno. Por causa disso, eu sei que vou ter que passar um tempo esperando para ouvir meu nome ser chamado, e não vou mentir – cada minuto será duro,.

Mas eu também sei que Aaron Rodgers não foi o primeiro quarterback escolhido na sua classe, então pelo menos eu estarei em boa companhia.

Força do Braço.

 

Tudo o que li parece destacar essas duas palavras como um grande ponto de interrogação em torno de mim. Por enquanto, se você está lendo isso, provavelmente sabe até onde posso lançar, talvez até o mínimo centímetro que posso. Você sabe que eu não tenho o maior braço no draft. Mas se você assistiu ao meu jogo de perto, provavelmente também saiba que posso fazer cada lançamento no campo que me pedir. E eu tenho.

Um monte de quarterbacks de alto nível da NFL entraram na liga com um ou mais pontos de interrogação em torno de seu jogo. Para ver como eles superaram isso, passei os últimos anos assistindo fita. Muita fita. E eu tentei estudar caras como Drew Brees, Russell Wilson – jogadores que conseguiram maximizar seus pontos fortes de uma forma tão alta, que é difícil até notar suas fraquezas.

É claro, eu assisti bastante Aaron Rodgers também. Peyton Manning, Tom Brady… Obviamente não posso dizer que sou tão bom quanto esses caras, mas posso prometer que estou comprometido com todas as etapas do jogo – o trabalho de pernas, a tomada de decisões, as situações únicas do futebol, e todos os outros detalhes mais finos da posição de quarterback – como ninguém poderia estar.

É por causa dessa preparação e atenção aos detalhes que, qualquer pessoa neste draft, nenhum jogador estará mais preparado do que eu. Eu sou um cara que pode contribuir imediatamente. Se é pelo o que estou fazendo em campo ou de alguma outra maneira, onde estou ajudando o QB titular e os treinadores. As coisas eu posso controlar, vou ficar obcecado até que eu o aperfeiçoe. Mas tenho certeza que você já ouviu tudo isso antes.

Eu sei que ser um quarterback de sucesso é muito mais do que o desempenho em campo. Todos os caras que eu listei são ótimos também, por causa de sua liderança e seu comportamento. Então, quando eu entro na liga, o que você precisa saber é que nada é mais importante pra mim do que ser um bom companheiro de equipe.

Pode parecer monótono para as pessoas que não estão no jogo, mas o futebol é realmente uma fraternidade. Para mim e para muitos outros caras. Os fãs nem sempre veem assim – tudo que você ouve na offseason é como se tudo fosse apenas um negócio. Eu sei que os caras vêm e vão tão rápido que é fácil ver jogadores de futebol americano como esses caras medíocres, mesquinhos, mas eu nunca vou conseguir ver dessa maneira. Para mim, estar em um time é diferente de qualquer outra coisa. Estar no huddle com o seu grupo de companheiros e tentar liderar o comboio até o outro lado do campo é realmente uma das coisas que me trazem mais alegria ao jogar este jogo.

Eu posso te dizer os nomes de cada companheiro que esteve no meu huddle desde de quando eu jogava futebol pequenininho. E eu ainda tenho um relacionamento com todos os meus treinadores. Realmente quase toda amizade que eu tenho na vida é por causa do futebol, e eu não vejo isso mudando tão cedo.

Ao sair do ensino médio, eu achava que tinha feito uma boa temporada como sénior. Eu sabia que tinha as habilidades para competir no próximo nível. Eu até fui a três grandes campos de treino, em Rutgers, Duke e NC State. Mas no final eu só tinha quatro ofertas de bolsas de estudo: Toledo, Holy Cross, Towson e Old Dominion. Eu estava grato pelo interesse deles, mas eles não eram exatamente as primeiras escolas em que uma pessoa pensa quando fala em futebol universitário de elite.

Eu sempre estive interessado na Universidade de Richmond porque eles eram uma excelente escola acadêmica e notei que eles realmente competiam bem contra algumas grandes escolas da FBS ano após ano. Antes que eles me oferecessem formalmente uma bolsa de estudos, eles me convidaram para jogar em um campo de treinamento para possíveis recrutados. Eu fui, e pensei que eu tivesse tido um bom desempenho. Mas, ao mesmo tempo, senti o mesmo que tive após os acampamentos de Rutgers, Duke e NC State. Então eu realmente não sabia o que esperar.

Ainda me lembro de receber o telefonema do treinador, Danny Rocco, algumas semanas depois da equipe me ver treinar.

“Ei, nós queremos te dizer que achamos que você é muito bom. Talvez até o melhor garoto do campo de treinamento.

Eu pensei que estava dentro do time. Assim, quando eu estava prestes a agradecer ao treinador, ele falou novamente.

“… Então nós ficamos entre você e outro cara. Você acha que poderia voltar?

 

Quando me pediram para voltar uma segunda vez, muitas pessoas me disseram que eu estava cometendo um erro. Que eu deveria aceitar uma das ofertas que eu já tinha, e não se preocupar com um time que ainda não tinha certeza que eu era o cara para eles.

Talvez fosse tudo apenas pelo fato de que havia outro cara com quem eu tinha que competir. Mas eu senti como se tivesse a obrigação de ir para Richmond. Mesmo que eu não acabasse indo para lá, eu tinha que provar para a equipe que eu era melhor do que qualquer outra pessoa que eles quisessem colocar no meu lugar.

Eu apareci, competi e foi assim que Richmond acabou se tornando minha casa. E nos últimos três anos eu aproveitei  ser uma “Aranha” mais do que palavras podem descrever. Não só tive muito sucesso no campo de futebol, mas também recebi uma ótima educação. Podemos não ter sido uma escola Top 5 do ranking, mas vencemos equipes no ACC. Nós nos empenhamos em grandes jogos e, como eu disse, mais do que qualquer coisa, eu vou me lembrar de cada irmão que esteve comigo no huddle.

Eu sei que não é uma manchete comum – um quarterback saindo de Richmond jogando na NFL – mas eu não sou um jogador comum. Eu não tenho apenas me preparado para a NFL nos últimos três anos. Eu tenho treinado para este momento toda a minha vida. Bem, mais precisamente, tenho treinado para esse momento toda a minha vida.

Meu pai era um quarterback na Academia Naval. Ele não era o titular – ele nem mesmo via o campo com muita frequência – mas usando as ferramentas que aprendeu na Academia, ele me ensinou muito sobre a disciplina mental e o desenvolvimento de bons hábitos. Ele também me ensinou a lançar uma bola de futebol americano com muita precisão. Eu sou eternamente grato por isso. Tudo o que meu pai pôde fazer para me ajudar a se tornar um jogador melhor, ele fez. E ele é uma grande parte do porquê estou confiante de que posso ter sucesso na NFL.

Conheço minhas próprias habilidades e, como eu disse, tento estar ciente de minhas próprias fraquezas e limitá-las o máximo possível. Eu sei que vai dar muito trabalho, mas estou pronto para começar. Porque eu posso te dizer que, depois desses últimos meses, estou cansado de ler sobre como não sou um dos três melhores quarterbacks do draft e de ver as listas dos principais jogadores do draft que não incluem meu nome. Aqui estou eu, à beira de jogar na NFL – como eu disse que faria quando era criança – e sinto que ainda estou sendo ignorado.

 

Por isso, pretendo provar que posso jogar na NFL, da mesma forma que provei que era digno de uma bolsa de estudos em Richmond: competindo dentro do campo.

 

Eu sei que vou me ajustar à velocidade da NFL. Eu sei que vou aprender a ler as defesas mais complicadas. O que for preciso para jogar nesta liga, eu vou fazer. E vou continuar fazendo isso, porque a única coisa que todo grande quarterback tem em comum é que eles estão sempre melhorando. Tem muita coisa que eu quero realizar neste jogo, nesta liga. Estou animado para começar. Mas, mais que qualquer outra coisa, mal posso esperar um dia ser o quarterback favorito de alguém.

No momento, porém, só quero jogar futebol por um time que acredita em mim. Se a sua organização estiver disposta a acreditar em mim, prometo que passarei todos os momentos como um profissional fazendo com que você se sinta bem com essa decisão.

Atenciosamente,


Kyle Lauletta

 

Tradução feita por Arthur Leal.

 

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