Redskins: Esperança e Empatia. O caso Su’a Cravens

O que dizer sobre a “bomba” que caiu na rede a respeito da aposentadoria do talentoso Su’a Cravens?

Sempre que algumas controversas linhas são necessárias neste espaço, a mim caberá tecê-las, seja para fazer você, leitor, concordar comigo, ou mais frequentemente, apontar o canhão da Internet e disparar seus concentrados de chumbo virtual – ou, fazendo uma (um pouco mais) correta analogia metafórica com a franquia, as flechas e tomahawks.  E para isso, hoje eu vou falar sobre Su’a Cravens e sua (in)decisão de aposentadoria.

Obviamente, uma conversa sobre o tema requer contexto.  Assim, vejamos um pouco do que aconteceu. No sábado, dia 2 de setembro, Su’a Cravens, escolha de segundo round do draft de 2016, comunicou a decisão de se despedir do futebol americano ao grupo de defensive backs do Washington Redskins, via “grupo do WhatsApp”, no final do dia.

No início do domingo, ele fez o mesmo à direção, que conversou com ele e, aparentemente, aceitou pensar um pouco mais antes de se aposentar oficialmente.  Além disso, postou vídeos no Instagram – mídia que não sigo, sou velho e ocupado demais para conseguir acompanhar algo além de Twitter e internet em pequenos momentos de folga –, também falando dos motivos da aposentadoria e mostrando seus machucados decorrentes do jogo. De real, efetivamente, temos basicamente isso.

Várias questões foram levantadas após o conhecimento do fato – e escrevo estas linhas apenas três dias após saber do caso.  Como a internet sabe tudo e a tudo julga, vamos a algumas das várias hipóteses e achismos que foram discorridas em redes sociais que acompanho: inicialmente, óbvio, xingaram o jogador – como assim ele não quer mais jogar futebol americano? -, o que é padrão da internet; depois de alguma reflexão – duas ou três horas são décadas no mundo virtual atualmente -, falaram da falta de profissionalismo do jogador de fazer isso na boca da temporada; especularam sobre a vontade do jogador em efetivamente jogar futebol americano, e a necessidade de amar o jogo para fazer isso; lembraram que ele quase perdeu a visão (!) por conta da concussão que teve em 2016 – o que foi apenas mais um episódio de fake news, mas que em época em que até um presidente é eleito assim nos EUA, isso vira verdade.

Só citei os quatro primeiros achismos “internetianos” que encontrei e vocês, leitores, já notam que a internet não propicia sequer que se vivam as cinco fases do luto de forma distinta: a negação dá lugar à raiva, a barganha e a depressão se confundem.  A aceitação levará mais alguns dias – ou milênios virtuais.

E o que realmente importa para nós, torcedores dos formosos peles-vermelhas de Washington, glorioso Redskins?  Basicamente, quase nada e nada.  Mas com um viés de alerta – que já havia.

Em termos de futebol americano, nós, torcedores dos Redskins, tínhamos a esperança que Su’a se tornasse o strong safety que ajudasse contra corridas e que, em algumas situações, pudesse deixar com que o pacote nickel, com cinco defensive backs, fosse menos utilizado – já que, por seu tamanho e disposição, poderia cobrir o slot com mais energia.  Sua decisão de aposentadoria dá cabo desta esperança que, como esperança, era só isso: uma possibilidade.  Iremos usar, provavelmente, tanto o pacote nickel como usamos na temporada passada.  Quase nada, portanto.

E a decisão de aposentadoria, em si, carrega para o jogador a esperança de que possa desfrutar de seus dólares com mais tranquilidade, sem correr o risco de concussões, dando a ele a oportunidade de tentar viver sua vida com plenitude – o que poderia ocorrer ou não no campo de futebol.  A nós, torcedores, isso nada importa, porque não diz respeito à franquia.  Diz respeito a uma vida humana, que não quer se acabar em campo, e é uma decisão pessoal, como o foi a de Chris Borland, outro linebacker que poderia ter um futuro brilhante em campo e se aposentou por medo das consequências de jogar um jogo que, apesar de extremamente inteligente na prancheta, em campo envolve contato puro.

O viés de alerta, por sua vez, é bastante conhecido.  Temos um front office deficiente em acompanhar as necessidades dos jogadores, um grupo de técnicos que não conseguem acompanhar o dia-a-dia de nossos jogadores.

Não temos o front office mais disfuncional da liga, como já proclamaram em artigos, tanto brasileiros como estrangeiros.  Temos um front office míope, que quer confete e deveria receber “confetti” (o confeito de chocolate brasileiro, com discos maiores, que concorria – ainda concorre? – com os M&Ms) enviados por estilingues de elástico em suas fuças.  Ele não é disfuncional, mas é arrogante, acha que tem mais acertos que erros ao longo do tempo – sim, eles acreditam nisso! – e não consegue disfarçar o quão ruim é.  Consegue, de quando em vez, algum draft muito bom – olhem esse draft sensacional até prova em contrário de 2017, olhem a escolha de Trent Williams – e acham que, como dizem, um time se monta pelo draft, eles vão muito bem e obrigado.

Mas falham miseravelmente em montar um time coeso, com técnicos e assistentes que se preocupem e vivam o dia-a-dia de seus jogadores, que pudessem mostrar aos jogadores que o time se importa – não estou dizendo que não se importa, estou dizendo que falta um elemento fundamental para a direção da franquia, a empatia necessária aos grandes chefes, e essa falta de empatia é espelhada, também, no grupo de técnicos.

Esta empatia inexistente leva a que decisões como a de Su’a não sejam conversadas antes com o front office ou com os treinadores, para que eles possam se manifestar devidamente. Hoje, apesar do tempo para pensar que foi dado ao jogador, ele não tem mais clima com seus colegas – e podem ter certeza que, caso ele volte atrás em sua decisão, ele não conseguirá o respeito de seus pares.

Su’a se foi.  A diretoria continua.  A esperança, que nunca morre, sofre mais um baque de sofreguidão.  E segue a vida. #HTTR

Por hoje é só.

Texto por: Antonio Cruz, torcedor dos Redskins e advogado honesto. Ou mero mito.

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2 respostas

  1. Cássio, desculpe não ter voltado aqui antes para responder – o Antonio Cruz é nome do meio, indicado para questões de hobby, para não confundir com o trabalho. Hoje o Su’a foi colocado na left/reserve, isto é, não volta mais este ano. Há um tuíte do Rapoport dizendo que ele estava pronto para voltar, o que indica – só indica, não sei se tenho razão – que ele perdeu o vestiário mesmo… Mas enfim, nada e quase nada, a direção é a mesma e o time já está 1-1. #HTTR

    1. É amigo como diria Denilson Show “moiô”. Uma pena, tem talento e tinha grande futuro mas se a cabeça não ajudar já era. Enfim estamos 1-1 embolado na divisão mais disputada da NFL, na minha opinião, e por incrível que pareça o que está nos dando mais alegria é a defesa, Su’a não está fazendo tanta falta. Obrigado pela resposta. Estão de parabéns.

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