As 32 franquias: traduzindo grandeza em números

Após 100 temporadas de futebol americano as discussões sobre quais franquias são mais relevantes se acentuaram. Títulos, importância histórica, jogadores no Hall da Fama, cada um usa critérios diferentes e, por vezes, subjetivos demais, para avaliar a grandeza de uma franquia. Foi com base nessas discussões que decidimos criar um ranking de relevância dos times da NFL.

Seria pretensão demais achar que em pouco tempo seríamos capazes de fazer uma análise detalhada da história das franquias para determinar a grandeza de cada uma. Por isso, usamos os critérios que acreditamos melhor traduzir em números a importância de cada time para a Liga. Gostaríamos de destacar que existe dificuldade na tradução de alguns fatores históricos, como por exemplo a importância de Lamar Hunt para a Liga, que vai além de sua presença no Hall da Fama. Ou então o título invicto do Miami Dolphins de Don Shula, e até o 1958 NFL Championship Game considerada pela própria NFL a partida mais importante de sua história. Portanto, não levem os critérios utilizados como uma verdade absoluta, mas apenas como parâmetros que podem ajudar a entender a grandeza de um time.

A seguir descrevemos cada critério usado, as escalas feitas para classificar os times e os pesos que cada critério recebeu. Sabemos que alguns parâmetros podem ser mais ou menos relevantes para cada pessoa que os avalia, logo usamos os pesos que consideramos mais adequados. Fizemos diversas simulações de diferentes pesos para cada critérios e podemos garantir que as variações de posição dos times no ranking foram pouco afetadas.

Títulos (peso 10)

Maior campeão: Green Bay Packers – 13 títulos

Sem títulos: 6 franquias empatadas – 0

Os títulos considerados para a análise englobaram os dados desde 1920, data da primeira competição oficial de futebol americano e marco histórico usado pela própria NFL para indicar seus 100 anos de existência. É importante observar que entre 1920 e 1959 existia uma liga em paralelo a NFL (AAFC), entretanto pela referência usada esses títulos não-NFL não foram considerados. Apenas os títulos oficiais do site do Pro Football Hall of Fame foram utilizados na nossa contagem. Entre 1960 e 1965 duas ligas (AFL e NFL) coexistiram sem jogos de times entre elas, assim os títulos foram creditados para o campeão de cada liga. De 1966 em diante iniciaram-se os AFL-NFL Championship Game, posteriormente renomeados de Super Bowl; a partir daí temos um campeão apenas por temporada (link).

O time com o maior número de títulos recebeu 100 pontos enquanto que os times com zero títulos receberam zero pontos. Os demais times ganharam pontuações intermediárias proporcionais à escala. Para a análise foram considerados apenas times em atividade, logo os títulos de times extintos foram descartados.

Aparições em finais (peso 7.5)

Maior número de aparições: Chicago Bears/New York Giants – 19

Menor número de aparições: Houston Texans/Jacksonville Jaguars – 0

As aparições em finais consideradas para a análise englobaram os dados desde 1920, data da primeira competição oficial de futebol americano e marco histórico usado pela própria NFL para indicar seus 100 anos de existência. É importante observar que entre 1920 e 1959 existia apenas uma liga profissional (NFL) e as aparições referentes a esse período são consideradas. Entre 1960 e 1965 duas ligas (AFL e NFL) coexistiram sem jogos de times entre elas, assim as aparições foram creditadas para os participantes da final de cada liga. De 1966 em diante iniciaram-se os AFL-NFL Championship Game, posteriormente renomeados de Super Bowl, portanto os participantes desse jogo foram os creditados com a aparição (link).

Os times com o maior número de aparições receberam 100 pontos enquanto que os times com zero idas às finais receberam zero pontos. Os demais times ganharam pontuações intermediárias proporcionais à escala. Para a análise foram considerados apenas times em atividade, logo as idas de franquias extintas foram descartadas.

Porcentagem de vitórias em playoffs (peso 6)

Melhor % de vitórias: New England Patriots – 63,79%

Pior % de vitórias: Cincinnati Bengals – 26,32%

Foram utilizados os dados dos recordes em jogos de playoffs dos times conforme o Pro Football Reference até a temporada de 2019. Os dados disponíveis iniciam-se em 1920. O New England Patriots, time com melhor aproveitamento, recebeu 100 pontos, enquanto o Cincinnati Bengals recebeu um ponto. Como nos outros critérios, as demais franquias receberam valores intermediários proporcionais ao intervalo (link).

Porcentagem de vitórias em temporada regular (peso 5)

Melhor % de vitórias: Dallas Cowboys – 57,27%

Pior % de vitórias: Tampa Bay Buccaneers – 38,66%

Foram utilizados os dados dos recordes de temporada regular dos times conforme o Pro Football Reference até a temporada de 2019. Os dados disponíveis iniciam-se em 1920. O Dallas Cowboys, time com melhor aproveitamento, recebeu 100 pontos, enquanto o Tampa Bay Buccanneers recebeu um ponto. Como nos outros critérios, as demais franquias receberam valores intermediários proporcionais ao intervalo (link).

“Idade” da franquia (peso 4)

Mais antiga: Arizona Cardinals – 1898

Mais nova: Houston Texans – 2002

A “idade” da franquia foi calculada com base no primeiro registro histórico de existência do time, incluindo os anos em que a franquia ainda possuía um nome diferente do atual e/ou estava sediada em outra cidade. Exemplo: historicamente o Chicago Bears teve como primeiro nome Decatur Staleys; antes de ser Tennessee Titans, a franquia se chamava Houston Oilers, de quem herdou todos os resultados esportivos prévios. Foi construída uma escala de 1 a 100 onde o time mais antigo obteve 100 pontos e o time mais novo ganhou 1 ponto. Os demais times ganharam pontuações intermediárias proporcionais à escala. Os anos de fundação das equipes foram retirados do site oficial do Pro Football Hall of Fame (link).

Membros no Pro Football Hall of Fame (peso 4)

Maior número de membros: Chicago Bears – 35

Menor número de membros: Jacksonville Jaguars – 0

Este critério visou mensurar a importância dos membros que passaram por cada franquia, considerando jogadores, técnicos e executivos/donos. Entretanto, observou-se que houve casos em que membros do Hall da Fama foram mais ou menos relevantes para as franquias por onde passaram – exemplo: Joe Montana fez carreira no San Francisco 49ers, porém jogou pelo Kansas City Chiefs por duas temporadas. Ele teve importância majoritária nos 49ers e minoritária nos Chiefs. Assim, jogadores de importância majoritária para uma franquia receberam pontuação com peso 2 enquanto jogadores com importância minoritária receberam pontuação com peso 1. Jogadores podem ter pontuações diferentes para franquias diferentes. Um outro exemplo é o caso do Houston Texans, onde Ed Reed atuou na temporada de 2013, mas o jogador fez sua carreira de hall of famer no Baltimore Ravens; por isso os Texans ganharam um ponto por ter um jogador de importância minoritária para a franquia.

Ao final da soma das pontuações de cada franquia utilizando os pesos para os membros do Hall da Fama, a mesma escala de 0 a 100 foi aplicada (link).

MVPs (peso 2)

Maior número de prêmios: Indianapolis Colts – 9

Menor número de prêmios: 6 franquias empatadas – 0

Outro critério que objetivou medir a importância de jogadores que passaram pelas franquias. Os dados utilizados foram os referentes ao prêmio da Associated Press que elege o jogador mais valioso da temporada regular. Foram creditados à franquia os prêmios dos jogadores para cada temporada desde 1957. Os prêmios foram creditados para cada ano e não para cada jogador, ou seja, jogadores com mais de um MVP geraram múltiplos pontos para a franquia. Exemplo: Peyton Manning é o maior vencedor, com 5 prêmios, 4 por Indianapolis e 1 por Denver (link). Os demais times ganharam pontuações intermediárias proporcionais à escala de 0 a 100.

Torcida (peso 2)

Primeiro lugar: Dallas Cowboys

Último lugar: Los Angeles Rams

O critério é o mais complicado e subjetivo de ser medido, principalmente pela falta de dados concretos de censos de torcidas. Procurando maior objetividade e precisão na análise foi usada como referência uma métrica desenvolvida pelo Professor Michael Lewis ao longo dos últimos anos, que é baseada em teorias de marketing e economia. A métrica pode ser encontrada no blog do Marketing Analytics Center da Emory University (link). A planilha original disponível no blog, que encontra-se na figura abaixo, apresenta as métricas desenvolvidas e o ranking gerado pelas pesquisas, usado no nosso artigo. O ranking de 1 a 32 foi transcrito proporcionalmente para nossa escala de 1 a 100.

Fan Equity: o quanto o time arrecada com a torcida jogando em casa; Social Equity: engajamento da torcida nas redes sociais; Road Equity: desempenho do time sob a influência da torcida adversária.

Ao fim da estruturação de cada critério, foi feita uma média ponderada para determinar as posições finais de cada franquia.

Os números e o que podemos interpretar…

A seguir apresentamos as pontuações finais de cada time com sua respectiva posição no ranking. Além disso, um gráfico para melhor visualização dos grupos de times que discutiremos abaixo.

Acreditamos que não teremos torcedores muito surpresos com o tamanho do Green Bay Packers… O que pode surpreender um pouco é a distância entre as demais franquias e o time de Wisconsin, com quase 15 pontos de diferença para o nosso segundo colocado, o Chicago Bears. Muitos títulos, muito tempo na liga, aparições frequentes em jogos de título, etc. Green Bay é relevante em todos os quesitos analisados. Possui o maior número de títulos, é o segundo time em aparições em finais, membros do Hall da Fama e MVPs da temporada, além de figurar dentro do Top 10 em todos os demais quesitos.

Os Bears eram outro time com tamanho reconhecido por muitos. Na nossa métrica a sua presença em finais pesou para a excelente colocação, junto ao número de hall of famers, além é claro do tempo de vida. Os Giants eram, provavelmente, um dos times que mais geravam controvérsias entre as torcidas. O time da Big Apple mostrou sua força e relevância ao longo de praticamente toda a história da Liga, além de traduzir em seu índice de torcida a influência de ser uma franquia com grande mercado.

Na próxima “prateleira” vemos a força de times tradicionais e com histórias muito ricas coexistindo com um time de muito sucesso recente. Em especial destacamos a força do Washington Football Team nas décadas iniciais de sua existência, além dos três títulos do Super Bowl concentrados no período de uma década – importante também destacar os títulos da franquia que remetem à década de 1930. Enquanto isso, temos o contraste do New England Patriots, que apesar de figurar em dois Super Bowls nas décadas de 80 e 90, tem suas conquistas e crescimento concentradas no século XXI.

Um outro grupo bastante interessante de analisar é o que compreende o 9º e o 14º times ranqueados no nosso modelo. Um interessante caso deste grupo é o Cleveland Browns que não figura entre os principais times da NFL há muito tempo. Por seu tempo de existência, membros do Hall da Fama e conquistas nos primeiros anos de estruturação da Liga, os Browns mostram a sua força histórica apesar dos anos sem relevância. Outro caso interessante é o Los Angeles Rams, que vê as mudanças de cidade influenciando seu índice de participação da torcida (último do ranking). É sempre importante lembrar que o peso dos títulos é muito grande, então em casos onde times possuem número próximo de títulos, outros fatores terão grande influência na posição final.

O grupo que compreende os times entre 30 e 40 pontos já possui mais integrantes. Usamos um pouquinho de liberdade poética para incluir os Chargers nesse grupo, apesar de ter 29.98 pontos no nosso modelo, uma vez que a sua distância para os Seahawks é consideravelmente menor (0.98 pontos) que a diferença para os Jets (4.64 pontos). O Baltimore Ravens é provavelmente uma das franquias mais bem-sucedidas quando analisamos suas conquistas e números proporcionalmente ao seu tempo de existência. São dois títulos em pouco tempo de vida, além de um ótimo aproveitamento nos playoffs.

O Kansas City Chiefs é provavelmente uma das franquias com marcos históricos mais difíceis de medir através do nosso modelo. O tamanho de Lamar Hunt, traduzido no troféu dado ao campeão da AFC, não foi completamente refletido apenas com a sua presença nos membros do Hall da Fama. Logo, o que vimos foi uma representação com maior influência do desempenho do time nos playoffs, que não é tão bom, pouca presença em jogos de título (4) e um índice de torcida para 2019 também abaixo das expectativas. Provavelmente foi o time que observamos a maior influência da subjetividade em sua grandeza.

O Arizona Cardinals é o time que deve despertar maior curiosidade em sua colocação, muito por conta da ausência de títulos do Super Bowl. No entanto, as conquistas no início da organização de ligas profissionais, seu tempo de existência e membros do Hall da Fama o credenciaram a 20ª posição no nosso ranking.

Nosso penúltimo grupo de análise é recheado com times da NFC South, além do “intruso” New York Jets. Um curioso caso é o do New Orleans Saints, que teve sua posição altamente influenciada pelos aproveitamentos ruins tanto em temporada regular quanto em playoffs. Vale ressaltar que no século passado, a partir de sua fundação os Saints só tiveram 5 temporadas com recorde positivo, além de nunca terem chegado a uma Final de Conferência até 2006. Como imaginávamos, os Saints figuraram no Top 10 no índice de torcida.

Chegamos ao último grupo de times do nosso ranking. Acreditamos que não surpreenderemos muitos com os quatro últimos colocados. Apesar dos Buccaneers terem um Super Bowl em seu bolso, o péssimo desempenho em temporada regular (pior da liga) e em playoffs fez com que o time fosse um dos últimos no nosso ranking.

 

Reforçamos que consideramos majoritariamente números concretos, daí a dificuldade de mensurar alguns fatores subjetivos (exemplo dos Chiefs). Os critérios estabelecidos foram os que acreditamos ser os mais relevantes no momento, entretanto, já visualizamos possibilidades de aprimoramentos que podem tornar mais refinados os dados utilizados (exemplos: NFL 100 Greatest Moments, fator de ajuste para jogos de playoffs fora de casa ou posse da primeira escolha geral do Draft). Portanto, não esperamos que os resultados reflitam uma verdade absoluta, mas apenas uma noção da importância de cada time.

Estamos abertos a sugestões de modificação, tanto para os critérios quanto para seus respectivos pesos. Uma dúvida que pode surgir é sobre a não utilização das aparições em playoffs e em finais de conferência. Nesses casos acreditamos que o critério de % de vitórias em playoffs é capaz de suprir os outros possíveis critérios. Soma-se isso às diferentes estruturas de classificação para o jogo do título ao longo da história da Liga. Também não usamos os títulos de divisão, uma vez que os títulos estão diretamente ligados ao aproveitamento em temporada regular.

Concorda com o gráfico? Discorda? Quais franquias você acredita que mereciam estar mais acima? E mais abaixo? Deixe suas opiniões na caixa de comentários. Caso alguém tenha interesse nos resultados parciais, pode conferir nesse link e em caso de dúvidas, estamos a disposição para contato.


 

Se você quer conferir nossos trabalhos, em especial sobre o Indianapolis Colts, fiquem ligados na nossa coluna.

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