O dom da amizade no Beisebol

Certa feita, comentei sobre a relação entre o Beisebol e minha obra literária favorita, O Senhor dos Anéis. Sempre me conquistou o fato do Legendarium de J.R.R Tolkien não ser uma saga sobre um poderoso herói, ou vários deles. Aos que conhecem, sabem muito bem que a história de Senhor dos Anéis é, como define o Tolkien: “Como até mesmo a menor das criaturas pode mudar o rumo do mundo e o destino de todos”.

O beisebol é conhecido por ser, talvez, o mais coletivo entre os esportes coletivos. Não se trata de ter o melhor dos jogadores – vejam o exemplo dos Angels com o Mike Trout – mas sim, o melhor conjunto. Podemos citar sem ir muito longe, equipes que foram campeãs de World Series e passavam longe de ser o melhor time, por mais que houvesse muito talento neles.

Aqui tenho que agradecer a algumas pessoas que me levaram a esse esporte maravilhoso. Dentre elas, Lucas Rossini me disse uma vez: “Não adianta rebater todas as bolas se ninguém te impulsiona depois”. Pois bem, lembra lá quando eu falei sobre não existir um protagonista, mas vários deles? É sobre isso que eu me refiro e posso muito bem citar Tolkien novamente, pois realmente “encontra-se coragem em locais improváveis”. Juan Soto batendo um Home Run contra Clayton Kershaw em pleno Dodger Stadium, Tampa Bay Rays vencendo Yankees e Astros para avançar até as finais da MLB, Los Angeles Angels batendo o Giants de Barry Bonds na World Series – e essa lista pode ser alongada por parágrafos e parágrafos.

Oct 17, 2020; San Diego, California, USA; Tampa Bay Rays first baseman Ji-Man Choi (26) and the Rays celebrate the victory against the Houston Astros in game seven of the 2020 ALCS at Petco Park. Mandatory Credit: Robert Hanashiro-USA TODAY Sports

Você pode estar se perguntando onde eu quero chegar com tudo isso. Bem, eu acredito que a amizade se torna mais forte naquele momento agudo, com uma catástrofe iminente a caminho – mas não realizada – quando tudo está praticamente perdido. Quando seu time perde por muito na parte baixa da nona entrada, quando seu closer lota as bases em uma situação de save… Ou quando seu amigo luta contra a vida em um leito de UTI. As vezes, quando não existe quase nenhum sinal de esperança, mas você continua por amor aos seus amigos e por uma causa em comum, vencer. Por muitas vezes vivi momentos de vitórias históricas e inesquecíveis. Quando tudo parecia estar pedido, aquela rebatida que muda o rumo da partida sai do estádio, queimando a todos com entusiasmo e esperança de uma reviravolta.

Hoje eu posso dizer que o Beisebol me deu alegrias, tristezas, amigos e alguns irmãos. Posso citar várias pessoas, mas seria injusto o fato de esquecer um. Posso falar de Victor Salviano (SD Padres Brasil) e Henrique Gonçalves (Gigantes do Beisebol), que são duas das pessoas que eu mais amo nessa comunidade. Junto a eles, Augusto Edinger (Yankees Brasil), que talvez seja o amigo mais próximo que fiz no Beisebol.

Todos sabem da luta que o Guto travou para continuar vivendo, de como foi guerreiro e jamais desistiu. De todas as notícias, a de que talvez deveríamos esperar o pior foi a que certamente mais me pegou – talvez a todos nós. Novamente trago o Tolkien quando digo “Nunca houve muita esperança. Apenas a esperança de um tolo”.

Se passou um mês de lutas incessantes para continuar vivendo; como aqueles heróis dos livros e filmes, ele lutou até o fim. “Não tá morto quem peleia”, diriam seus conterrâneos de Rio Grande do Sul. Hoje, sua melhora é algo evidente e todos nós já o esperamos em casa o mais breve possível.

Mas no final é só uma coisa passageira, toda essa sombra. Mesmo a pior das escuridões passa. Já ouvi uma vez que quanto mais escura é a noite, mais brilhante são as estrelas. Me disseram também que é desonesto dizer adeus quando a estrada escurece. Então meu amigo, estarei aqui esperando por você.

A todos os amigos que esse esporte me deu: O que o Beisebol uniu, ninguém é capaz de separar.

A todos que ainda não acompanham: Saiba que não precisa conhecer todas aquelas regras complicadas para entender o Beisebol. Assistir é muito divertido e compartilhar as emoções com seus amigos, ainda mais. Vocês e seus amigos viverão histórias épicas. Irão criar piadas idiotas, das quais ainda acharão graça anos depois. Caso nenhum dos seus amigos se interesse em acompanhar, não tem problema. Se você assistir por tempo suficiente com alguém, é bem provável que vocês acabem se tornando grandes amigos. Esse é um efeito colateral do jogo.

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