O ano dos calouros pelo Colts

Segundo ano de Chris Ballard a frente do Colts, agora com um novo HC e nova comissão técnica. Depois de problemas com o coaching staff, uma boa forma de “se redimir” seria fazer um bom Draft. Ballard foi muito além disso. Logo vimos um trade down com os Jets, que claramente buscavam um novo QB para a franquia. A troca nos deu várias outras escolhas, além da oportunidade de ainda conseguir selecionar um jogador considerado elite entre os prospectos. Analisamos a temporada de cada calouro e trouxemos nossas opiniões sobre cada escolha e o Draft num geral.

 

Primeiro round, Pick #6: Quenton Nelson, G, Notre Dame

Foto: colts.com

Além da expectativa gerada pelo rótulo de jogador “once-in-a-generation” ainda chegou por meio de uma escolha de alto valor no Draft. O que Quenton Nelson conquistou em seu ano de calouro é mais do que especial. Ao longo da temporada empilhou jogadas chamativas, um prêmio de Calouro do Mês (nunca antes conquistado por um jogador da posição), foi selecionado para o Pro Bowl e, para coroar o ano, foi nomeado para o First-Team All-Pro ao lado de jogadores já consagrados. No campo, foi uma das peças principais para a reconstrução do time dos Colts, e segundo o próprio Jim Irsay chegou para “proteger Andrew”, o jogador mais valioso do time.

Muitos disseram que não se deve selecionar um guard tão alto, mas o impacto que Quenton gerou em campo e em seus companheiros justifica a escolha. Hoje, o jogador é um dos melhores da posição, possui enorme teto para evolução, especialmente na proteção de passe, e já é um importante líder dentro de seu setor. Com mais tempo de trabalho tem tudo pra ser elite e formar a base de time forte durante anos.

Nota: A+

 

Segundo round, Pick #36: Darius Leonard, LB, South Carolina State

Foto: colts.com

Se você falar que esperava muito de Leonard quando ouviu o anúncio da escolha, você estará mentindo. Acredito que o único momento de “brilho” do jogador aos olhos do mundo tenha sido no Senior Bowl, justamente onde conquistou Chris Ballard. Chegou ao futebol profissional vindo de uma escola considerada pequena, foi esnobado por usa universidade dos sonhos, considerado uma das piores escolhas do Draft por Justis Mosqueda, do Bleacher Report. Ainda assim, nunca deixou de trabalhar para mostrar que todos estavam errados a seu respeito.

Para começar, seus números foram algo completamente fora do comum para um calouro, e até mesmo para alguns veteranos: 163 tackles (líder na liga), sete sacks, quatro fumbles forçados, dois fumbles recuperados, oito passes desviados e duas interceptações. O marco da temporada de Leonard foi o jogo da Semana 2, contra os Redskins, quando teve 19 tackles, um sack, um passe desviado e um hit no QB. Semana a semana o jogador conseguia grandes jogadas em momentos importantes do jogo, sendo mais um jogador essencial para a defesa do time.

A lista de prêmios conquistados é extensa: nomeado Jogador Defensivo do Mês da AFC em Dezembro, duas vezes Jogador Defensivo da Semana na AFC, Calouro Defensivo do Mês em Setembro, duas vezes Calouro da Semana da NFL. Foi nomeado para o First-Team All-Pro ao lado de jogadores como Luke Kuechly e Bobby Wagner. Quanto ao Pro Bowl, bem, a sua ausência mostra como o evento já é um concurso de popularidade há anos… Ao final da temporada, o prêmio mais esperado: Calouro Defensivo do Ano pela NFL! Nada mal, não é?

Nota: A+

 

Segundo round, Pick #37, Braden Smith, G, Auburn

Foto: Jeffrey Brown/Icon Sportswire via Getty Images

Chris Ballard nunca escondeu sua inclinação a selecionar jogadores de linha no Draft, seja ela ofensiva ou defensiva. Braden também não era o jogador esperado a essa altura do Draft, especialmente depois da chegada de Quenton Nelson, e as críticas à escolha foram ainda mais severas. O jogador conseguiu ser para o time o que nem mesmo Ballard esperava: mudou de posição, de right guard para right tackle, posição em que atuou muito pouco no nível universitário. Aqui temos um grande mérito do coaching staff, mudando a posição de um jogador que passou a ser um starter sólido, com boas atuações contra vários jogadores de peso.

Ofuscar o brilho das duas primeiras escolhas era muito difícil, mas podemos dizer que Smith recebeu pouca atenção, dada as atuações ao longo da temporada. Foi peça importante da linha ofensiva que não cedeu sacks por 5 jogos consecutivos, além de um dos melhores calouros da posição na liga. Assim como Nelson, tem teto para evolução, e no seu caso ainda muito a melhorar.

Nota: A

 

Segundo round, Pick #52: Kemoko Turay, DE, Rutgers

Foto: colts.com

Apesar de um começo de temporada animador, Kemoko viu sua participação ficar cada vez menor ao fim da temporada regular. Ainda que tenha mostrado ferramentas e o atleticismo para se tornar um bom pass rusher, o jogador apresentou problemas auxiliando no combate ao jogo corrido. Teve bons jogos na temporada, especialmente contra os Redskins, Eagles e Bills. Iniciou quatro jogos na temporada, conseguindo um total de quatro sacks e 13 hits no QB.

No quarto final da temporada perdeu muito espaço, especialmente pela disponibilidade de Tyquan Lewis retornando de lesão e de bons jogos de Al-Quadin Muhammad. Além de perder espaço já nos treinos, quando foi usado não vinha respondendo como se esperava ou como os companheiros de equipe. Um ponto positivo da temporada foram as pressões geradas com base nos snaps jogados, sendo o calouro com a melhor taxa de pressões na liga, tendo jogado 383 snaps – pouco menos de 37% dos snaps do time. Recentemente, o ídolo do time, Robert Mathis, fez questão de destacar o trabalho e a esperança depositada no talento de Turay.

Nota: C

 

Segundo round, Pick #64: Tyquan Lewis, DE, Ohio State

Foto: colts.com

O jogador chegou sem muitos holofotes ao time, ainda que de uma universidade de grande visibilidade no College. Esteve fora de campo até a Semana 8 e conseguiu fazer sua primeira aparição apenas na Semana 9, contra os Jaguars. Naturalmente, os jogos foram comparáveis aos de pré-temporada de outros jogadores, necessitando de tempo para se adaptar ao ritmo de um jogo competitivo da NFL.

Seu maior destaque foi no jogo contra os Cowboys, em atuação irrepreensível da defesa, impossibilitando o adversário a anotar pontos. No jogo, conseguiu seus únicos dois sacks da temporada. Esteve também foram dos jogos dos Playoffs, o que torna a amostra para análise ainda menor. Também mostrou ferramentas para ser um jogador muito útil ao time, mas o pouco tempo em campo torna-o uma incógnita ainda maior que Turay, além dos problemas de lesões apresentados.

Nota: B-

 

Quarto round, Pick #104: Nyheim Hines, RB, North Carolina State

Foto: colts.com

A chegada do jogador fez total sentido na época do Draft, dado o corpo de RBs extremamente enfraquecido do time. Na pré-temporada mostrou muitos problemas, o que deixou uma “pulga atrás da orelha” do torcedor, especialmente com relação à proteção quando com a bola. Naturalmente o ótimo ano de Marlon Mack iria ofuscar qualquer um dos calouros da posição, dada a quantidade de jogos onde foi a estrela do time, correndo para mais de 100 jardas.

O trabalho com Tom Rathman deu resultados, especialmente ao longo da temporada após mais tempo dentro de campo. Mostrou que pode correr muito bem, ainda que seu tamanho e força tenham sido questionados logo que chegou ao time. Também mostrou grande evolução ao longo da temporada recebendo passes, podendo ser uma arma muito versátil dentro do ataque de Reich que usa vários running backs. Não à toa foi o terceiro jogador com o maior número de recepções da equipe, a frente de vários wide receivers, e além disso anotou mais jardas aéreas do que corridas.

Nota: B+

 

Quinto round, Pick #159: Reece Fountain, WR, Northern Iowa

Foto: Brian Spurlock-USA TODAY Sports

Não ver Reece Fountain entre os 53 jogadores do roster tendo diversos problemas no corpo de recebedores fez o sinal de alerta ser ligado. Estava bem claro desde a sua seleção que o jogador era um projeto, mas dadas as temporadas ridículas de Ryan Grant e Chester Rogers, esperava-se uma oportunidade para o calouro. Tinha as características físicas para jogar, mas a técnica precisava ser desenvolvida. Ficou evidente no jogo contra os Chiefs a afirmação acima. Se saiu bem para conseguir separação do marcador, mas no momento de receber uma bola fácil, deixou-a cair. O Colts deve procurar um recebedor mais seguro nessa offseason, o que pode fazer Fountain perder ainda mais espaço no time, a menos que seu desenvolvimento dê um salto digno de surpresa.

Nota: F

 

Quinto round, Pick #169: Jordan Wilkins, RB, Ole Miss

Foto: colts.com

Mais um jogador que chegou para compor o corpo de running backs e complementar o jogo de Marlon Mack. A temporada de Wilkins ganhou um sentido oposto ao de Hines, tendo mostrado melhor o seu jogo durante a pré-temporada e com problemas durante a temporada regular. Os fumbles sofridos levantaram suspeitas quanto ao jogador, causa uma sensação de insegurança em alguns momentos da temporada.

Com a temporada de Mack, não recebeu tantas carregadas, mas teve média muito boa de 5,6 jardas por carregada. Teve como marca algumas corridas explosivas para grandes ganhos, como contra os Titans, anotando um touchdown, e uma corrida contra o Jaguars, para 53 jardas. Mostrou que necessita de bastante auxílio de linha ofensiva para conseguir trabalhar, mas ainda assim é um membro sólido para o setor do time.

Nota: B

 

Sexto round, Pick #185: Deon Cain, WR, Clemson

Foto: colts.com

Qualquer avaliação sobre Cain é precipitada. Se as amostras de Turay e Lewis foram pequenas, a de Cain é inexistente. O jogador mostrou muito talento no training camp, mas logo no primeiro jogo da pré-temporada rompeu o ligamento cruzado anterior de um dos joelhos e ficou fora de toda a temporada regular. Assim como Fountain não é um jogador em que podemos depositar muitas fichas, mas este ao menos mostrou em pouco tempo que possui ferramentas para ser um recebedor útil ao time.

Nota: sem nota.

 

Sétimo round, Pick #221: Matthew Adams, LB, Houston

Foto: AP Photo/Darron Cummings

O que vamos esperar de uma escolha de sétimo round? Provavelmente não um jogador de grande impacto no time, similar a Darius Leonard ou Quenton Nelson. No início da temporada o jogador foi restrito à participação nos special teams, sem snaps defensivos, uma vez que Zaire Franklin parecia poder ser o responsável pela vaga imediata de reserva. Entretanto, com o passar da temporada Adams se estabeleceu como o SAM do time, ainda que pouco usado, graças à baixa contribuição de Najee Goode na defesa.

Ao fim da temporada podemos destacar duas jogadas interessantes anuladas devido a faltas um tanto quanto questionáveis. É claro que devemos observar os possíveis erros do jogador e se necessário corrigi-los, mas é interessante como uma escolha com tão pouco valor no Draft já é capaz de contribuir com o time, dentro do esperado.

Nota: B

 

Sétimo round, Pick #235: Zaire Franklin, LB, Syracuse

Foto: colts.com

Assim como Adams, Franklin chegou essencialmente para ser um reserva e contribuir nos special teams, além de ser mais um jogador de um corpo de LBs renovado. No início da temporada contribuiu de forma tímida na defesa e teve participação ativa nos times de especialistas, entretanto ao fim da temporada perdeu espaço na rotação exatamente para Matthew Adams. Era o reserva imediato da posição de SAM, segundo o depth chart do time. Naturalmente possui diversos campos onde deve melhorar, até para conseguir se garantir no roster para a próxima temporada.

Nota: B-

 

Avaliação geral

É muito difícil que após essas avaliações a nota geral do Draft seja ruim. Chris Ballard não ganhou o prêmio de executivo do ano a toa, afinal de contas, selecionar dois jogadores de nível All-Pro, além de um outro starter sólido e jogadores que podem contribuir para a rotação do time, não é pra qualquer um. A última vez que uma dupla de calouros selecionados pelo menos time foi eleita para o First-Team All-Pro da liga aconteceu em 1965, quando Dick Butkus e Gale Sayers foram nomeados pela Associated Press. Claro que o sucesso não se resumiu a essas duas escolhas, mas também à diversos acertos em outros rounds e à troca de escolhas com o NY Jets, nos proporcionando mais escolhas também no próximo Draft. Sendo assim, não vejo motivos para dar uma nota que não seja muito boa.

Nota geral: A

 

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