Latrobe é um lugar pequeno. Localizada no Oeste da Pensilvânia, ela conta com pouco mais de 8.000 habitantes. Seu cidadão mais famoso é o glorioso golfista e, um dos maiores torcedores do Steelers, Arnold Palmer, que veio a falecer em 2016. É um interior comum nos Estados Unidos e tem como o futebol americano a maior paixão desde sua fundação. Criado em 1895, Latrobe Athletic Association foi uma das primeiras equipes do país a jogar futebol americano profissionalmente. Para se dar noção da seriedade com que a equipe levava o jogo, é nessa época que se tem o registro do primeiro jogador a receber dinheiro por jogar: O Quarterback John Brailler aceitou 10 dólares para defender Latrobe e aí ficou até o fim da equipe em 1909, onde terminou como QB e técnico do time.

Uma cidade com DNA de futebol americano se tornou perfeita para Art Rooney, “The Chief”, levar a equipe, até então pouco prestigiada na liga em 1966 para condicionamento físico e preparação visando a temporada regular. E até hoje o santuário da equipe no início da temporada. Já é uma tradição que vai completar 51 anos. Nesse quesito, time só perde para o Packers que treina na Norbert College há 59 anos e o Vikings que tem como base a Universidade de Minnesota State há 52 anos.

Latrobe, se tornou a “segunda” casa do Steelers mas de início, foi difícil. Por ser um pouco mais quente que a cidade de Pittsburgh, os jogadores logo sentiram os efeitos do calor nos primeiros anos. Para piorar, as instalações não eram refrigeradas e os jogadores tinham que dormir no abafado. Muitos falam que esse tempo difícil foi a fonte que Chuck Noll tirou toda intensidade e raiva dos jogadores, principalmente da defesa, para montar a histórica “Steel curtain”. Em uma das histórias favoritas do saudoso Dan Rooney, ele lembra em 1969 quando o rookie Joe Greene se apresentou e todos ficaram impressionados com o tamanho dele. Os veteranos o subestimaram pelo seu tamanho e nos drills, Greene amassou eles, para divertimento de Rooney.

Toda essa intensidade ainda continua nos dias de hoje no comando de Mike Tomlin. Albert Breer, jornalista do MMQB, esteve presente no training camp da temporada passada e comentou como o ambiente dentro do campo do Steelers é diferenciado. É um dos mais pesados que ele já viu dentro da liga. Há B O A T O S que tamanha intensidade é um dos motivos para que os jogadores vem se lesionando de forma constante na temporada regular nos últimos anos. A NFL Network (sempre ela) chegou a reportar que Ben Roethisberger conversou com Mike Tomlin sobre o nível do treinamento e que queria proteger seus jogadores. Tal versão, obviamente, nunca foi confirmada. Vindo do Steelers, duvido muito. Os jogadores respiram isso. E, como vimos, tá no DNA do próprio local. Não é a toa que o campo hoje é conhecido como Chuck Noll Field.
Sem dúvidas é uma experiência que ainda quero viver quando tiver oportunidade. Muitos dos treinos são abertos ao público e ter contato com os jogadores é bem fácil. Próximo dia 27, às 17:00 (horário de Brasília), as crianças vão se apresentar e começar as atividades no dia 28. O tão esperado momento tá chegando.
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