Deram asas para que o Ravens pudesse voar!

Ano passado, o ataque do Baltimore Ravens foi um dos melhores no jogo terrestre, mas o pior no jogo aéreo. Houve algumas mudanças entre uma temporada e outra no time. As principais foram a saída do técnico de WRs para ser head coach do Houston Texans, adições e trocas na linha ofensiva e corpo de recebedores, além da mais cruel de todas que foi ter um backfield totalmente diferente do ano anterior por conta de lesão e de cortes.

O reflexo de todas essas alterações tem sido bom até o momento, já que o time tem conseguido ficar entre os melhores no chão e pelo ar. Nesse texto, procurarei destrinchar um pouco alguns aspectos ofensivos.

Jogo vertical

Greg Roman, coordenador ofensivo do Baltimore Ravens
Créditos: baltimoreravens.com

Sendo a melhora do jogo aéreo muito cobrada por ter sido a pior na liga no ano anterior, a alternativa que Greg Roman encontrou foi utilizar um esquema mais vertical, favorecendo a dupla Lamar-Hollywood, já que por um lado, o recebedor poderá correr rotas mais longas explorando sua velocidade, e por outro daria mais tempo do passador analisar o campo e perceber se é necessário utilizar as pernas para avanço de jardas ou se pode ser resolvido com o braço.

Houve uma disparidade assustadora com as estatísticas de um ano para o outro por utilizar esse sistema. A intenção de passe de Jackson passou de uma média de 8,6 jardas por tentativa para 10,5; a distância entre ele e Marquise Brown esse ano é, em média, de 16 jardas, enquanto no ano anterior foi de 12,9. Além do WR1, os outros recebedores – sem contar running backs – também estão em torno de 10 jardas de distância para o passe. Isso é bom, não é? Depende. Um problema recorrente na temporada passada era a de que os recebedores não conseguiam muita separação com o defensor, e ao utilizar jogadas mais longas é necessário que haja esse distanciamento – o que ainda não acontece.

Também algo muito preocupante ainda é a linha ofensiva ser tão boa com os passes como é com as corridas. A OL de Baltimore decaiu muito desde a aposentadoria de Marshal Yanda, pois não é possível substituir uma peça rara dessas tão fácil, além de ter sofrido muito com lesões – principalmente de Ronnie Stanley – e com a saída de jogadores. Em 2021, essa seção está muito inconsistente jogo a jogo, mas parece encontrar um rumo logo. Com rotas longas, esses jogadores precisam bloquear mais para dar tempo ao passador, diferente do que acontece quando é chamada uma corrida, por isso está sendo tão difícil manter o ataque em campo.

Eficiência

Outro ponto que foi muito comentado era de que não adiantava o time ter altas tentativas de passe por jogo sem ser eficiente. Ao que parece é exatamente isso que está acontecendo. Se no ano passado o time passava uma média de 25 vezes por jogo e com recepção em 16 delas, nesse ano são 21 recepções para 33 tentativas. Talvez ao ler esse dado você esteja lembrando de vários e vários drops que aconteceram na temporada, mas eles só representam 4,6% das tentativas de passe do camisa 8, ao passo que 19,4% foram jogadas ruins por parte dele.

Isso é uma consequência da verticalidade dos passes: se não há separação, o passe vai sair um pouco mais longe ou curto do que deveria para evitar a interceptação. Ao mesmo tempo, Greg Roman finalmente entendeu que quando o time passa em primeiras descidas tem mais chances de ser bem sucedido no avanço de território do que sempre investir em corridas. Está bem claro agora: há melhora na quantidade de jardas avançadas quando em primeira e segunda descida por ter aderido aos passes nesses momentos, em contrapartida, o time tem sido bem ruim em situação de terceira descida.

Lamar Jackson

De joelhos, Lamar Jackson e Hollywood Brown
Créditos: baltimoreravens.com

Algo que sempre vem sendo questionado é a decisão de passe do quarterback por ele ser muito atlético e optar muitas vezes pela corrida. É notado que nos últimos anos houve uma grande melhora na leitura e progressão das jogadas, uma vez que ele tem permanecido mais no pocket e usado scramble somente em casos extremamente necessários, mas ainda assim existem algumas leituras erradas do passador que por vezes custam a campanha ofensiva. Como já dito anteriormente, há uma boa porcentagem de “bad throws” sendo também em ocasiões em que não estava pressionado, mas forçou lançar a bola em alguém bem marcado mesmo tendo outra opção.

Uma opinião pessoal é que Roman não tem sido o melhor coordenador para desenvolver os passes de Jackson. Ao mesmo tempo que o OC é um gênio para desenhar corridas (o que foi essencial para a campanha de MVP do jogador), é o extremo oposto com o jogo aéreo e isso influencia nas más decisões do atleta. De todo o modo, essa temporada tem sido a melhor dele pelo ar justamente porque são feitas chamadas de passes longos e isso infla algumas estatísticas.

Ao mesmo tempo, Lamar tem se mostrado um bom gerenciador de campo quando precisa avançar com dinamismo, misturando corridas com passes curtos e certeiros. Isso tem sido visto principalmente nas campanhas em que o time estava atrás no placar. No jogo contra o Indianapolis Colts por exemplo, o ataque só conseguiu pontuar, levar para a prorrogação e ganhar o jogo por conta de chamadas bem feitas e sem ficar procurando muito o fundo do campo, além de seus recebedores estarem bem alinhados com ele e fazendo uma boa temporada.

Luz, câmeras, ação!

Não há muitas reclamações a se fazer sobre Hollywood Brown. Apesar do jogo em Detroit, o recebedor tem conseguido produzir bastante depois que segura a bola. Se no ano passado uma das maiores críticas a ele era que tinha “medo de ser tackleado”, hoje tem sido inteligente após a recepção com sua desenvoltura para driblar os defensores. Não é à toa que é o maior alvo de Jackson nos últimos anos e é esperado que possa produzir cada vez mais trabalhando seu problema com drops.

O segundo jogador de confiança do QB é o tight end Mark Andrews. Nesse ano ele tem sido consistente, tendo somente um drop (espero que minha boca não seja maldita) e vice-líder em primeiras descidas, atrás somente de LJ8. Ele e Brown são os únicos que foram procurados mais de 50 vezes cada – e isso pode ser um problema num futuro próximo.

Além dos dois, Sammy Watkins chegou no time como a terceira ajuda que precisavam e tem mostrado seu valor. Apesar de ter problemas com drops, tem sido essencial nas laterais como alternativa para estender jogadas e previ que com a lesão dele quem assumiria esse papel seria o calouro Rashod Bateman. Nesses dois jogos de estreia tem mostrado um pouco daquilo que fazia na faculdade (que você pode conferir nesse vídeo como foi em seu primeiro jogo) e todas as suas recepções resultaram em primeira descida – que se assemelha muito ao que Sammy fazia.

Ajustes finais

Claro que em time que está ganhando não se mexe, mas nesse caso acredito que é necessário fazer alguns ajustes para que esse ataque seja muito mais difícil de defender. A campanha inicial de um time é uma das mais importantes do jogo, uma vez que é nela que se ajusta o ritmo do ataque e que os técnicos vêem se o plano feito para essa partida está de acordo com o que os adversários trouxeram de tática defensiva.

O Ravens não tem sido muito bem sucedido nessa situação o que é até curioso porque quando começa no próprio campo nas primeiras 20 jardas tem sido bem efetivo, mas o mesmo não acontece desse ponto até o campo adversário. No primeiro e último quartos é quando o time menos consegue ganhar jardas no tempo regular com menos de 6 jardas obtidas para cerca de 8,5 jardas necessárias para o first down. Por fim, no primeiro quarto só foi possível fazer 2 touchdowns, ambos por corridas, sendo a menor quantidade em um quarto do time.

Não sou contra o jogo vertical que esse time apresenta, até porque favorece muito o WR1, mas talvez não seja o caso de usar no primeiro momento do jogo. Seria interessante se pudessem utilizar corridas com cautela juntamente com melhor desenvolvimento dos passes, com rotas curtas e rápidas no meio do campo, ou que atravessam ele, alternando com algumas que explorassem as laterais já que essas se mostraram bem eficientes quando executadas.

Desse modo, traria mais tranquilidade para todos do ataque, pois a linha ofensiva conseguiria pegar o ritmo mais fácil em vez de se preocupar tão cedo em proteger o QB nas rotas longas, daria confiança aos outros recebedores além dos dois principais do time e talvez pudesse melhorar a qualidade das terceiras descidas ao longo da partida.

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2 respostas

  1. Deveriam mandar esse texto para o Roman assim quem sabe ele para de fazer chamada burra e começa a orientar o Lamar a aceitar oq a defesa adversária oferece muitas vezes um passe curto pode ser uma boa jogada

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