COM VERSATILIDADE E ATLETICISMO, PATRIOTS RECARREGAM O ELENCO PARA 2020

Dia 1

Com a falta de picks no segundo round e uma classe profunda, a franquia de New England acertadamente buscou compensação para sair do primeiro round. Após troca com o Los Angeles Chargers, o New England Patriots enviou sua pick #23 para Los Angeles em troca das picks #37 e #71.

Dia 2

Com um segundo dia recheado de prospectos interessantes e um excesso de picks no restante do draft, os Patriots entraram, nas palavras de Nick Caserio (Diretor de Player Personnel da equipe) sabendo que não usariam todas as suas picks, logo foram agressivos para subir e buscar os jogadores que queriam, por meio de troca.

Sendo assim, os Patriots entraram no segundo round sentindo-se confortável com apenas três jogadores, segundo o front office da franquia. Ao fim do segundo round o time havia adicionado ao seu elenco dois desses três atletas com as picks de Kyle Dugger, Safety de Lenoir-Rhyne University e Josh Uche, Linebacker de Michigan. O nome do terceiro alvo, não foi revelado.

A pick #37, advinda da troca com os Los Angeles Chargers, foi a utilizada para a escolha de Kyle Dugger. O jogador eleito Division 2 Defensive Player of the Year, foi um dos destaques do Senior Bowl. Apesar de desconhecido para muitos, Dugger era um consenso no segundo round pela mídia especializada. Apesar de vir de um programa menor, numa conferência mais fraca, Dugger é uma aberração atlética que pode alinhar próximo ao box em apoio a defesa terrestre e cobrir Tight Ends, assim como apoiar a cobertura de fundo. Numa situação de Safeties que conta com dois grandes líderes, porém, com idade avançada, o prospecto de Lenoir-Rhyne é uma surpresa bem-vinda que, segundo diversos scouts de times da NFL, terá uma curva de aprendizado muito menor do que muitos imaginam. Após um Senior Bowl onde o mesmo liderou sua equipe em tackles e foi um dos destaques em campo, a dúvida sobre o nível de competição foi praticamente sanada.

Após troca com o Baltimore Ravens, enviando as picks #71 e #98, recebendo em troca as picks #60 e #129, New England selecionou, utilizando a escolha #60, o defensor Josh Uche. O produto de Michigan é um Linebacker capaz de trazer pressão tanto das laterais, quanto de dentro. Uche liderou os Wolverines em sacks e pressões na temporada passada, sendo mais uma peça que permite a defesa da equipe a manter sua imprevisibilidade e variedade de fronts defensivos. Josh Uche é capaz de suprir função semelhante à que Jamie Collins exerceu em seu ano de rookie, trazendo pressão em pacotes específicos, tanto por dentro quanto por fora (onde é mais provável que atue no início), é possível também que se veja o linebacker em espaço cobrindo passes, visto que, por vezes, o jogador impressionou nessa função atuando pelos Wolverines.

Ao fim do segundo round, os Patriots voltaram a escolher com a pick #87. Anfernee Jennings, EDGE defender de Alabama, manteve a conexão Belichick-Saban ativa, trazendo um jogador que foi extremamente produtivo para a Universidade de Alabama nos últimos anos. Perfeito para o esquema dos Patriots, Jennings traz uma presença capaz de setar o Edge e afunilar as corridas para dentro, em função similar à exercida por Kyle Van Noy nas ultimas temporadas. Os Patriots acertam na pick ao trazer um jogador com tamanho e peso para atuar imediatamente enrte os profissionais, e com produção constante pela Crimson Tide. Seus números das duas útilmas temporadas (13,5 sacks/25,5 TFLs/16 Passes defletados), por si só, mostram o potencial da escolha, que atuava na conferência mais disputada e física do college football. De forma alguma é visto como um jogador que irá ter muito sucesso se utilizado em cobertura constantemente, Alfernee Jennings também é projetado como eventual pass rusher interno, em situações específicas.

Na pick #91, os Patriots novamente subiram no draft, enviando aos Raiders as picks #100, #139 e #172, em troca das escolhas #91 e #159. Foi então que Bill Belichick e Nick Caserio escolheram um jogador para a grande necessidade da franquia nas últimas temporadas, draftando o Tight End Devin Asiasi de UCLA. Asiasi é um Tight End grande de porte, que faz seu melhor trabalho esticando a Seam (correndo rotas verticais, achando espacos na cobertura. Apesar de um route running limitado, Asiasi demonstra muito atleticismo e uma árvore de rotas semelhante à utilizada pelos Patriots com Rob Gronkowski. Asiasi mostrou versatilidade ao jogar tanto na linha, quanto saindo do slot, e sendo um bloqueador acima da média, apesar da falta de refinamento na sua técnica de bloqueio. O produto de UCLA pode instantanemante elevar seu jogo de bloqueio com melhor jogo de mãos e imposição do seu peso, esse refinamento, somado à um frame de 6’3, 257lbs, torna um bom bloqueador em alguém que pode causar um grande impacto no jogo corrido. O atleticismo do jogador torna-o uma ameaça em seams, crossers e demais rotas buscando espaço no meio do campo. Além de melhorar seu catch contestado, o TE precisa obter disciplina quanto ao seu peso, visto que houveram problemas quanto à isso em UCLA. Apesar de apenas um ano de alta produção, Devin Asiasi projeta discutivelmente como o TE mais completo do draft, capaz de fazer tudo que seja pedido de si no ataque patriota.

Assim como anteriormente os Patriots, em duas picks seguidas, selecionaram dois jogadores da mesma posição (Uche e Jennings),  novamente a franquia fez uma dobradinha ao subir no terceiro round para selecionar o Tigh End Dalton Keene, de Virginia Tech. Sem ter mais picks no segundo dia do draft, New England cedeu ao New York Jets as picks #125 e #129, além de uma pick de sexto round em 2021, em troca pick #101, utilizada na escolha do versátil TE de Virginia Tech. Keene pode vir a ser um verdadeiro canivete suíço para os Patriots, podendo alinhar como H-Back, Fullback e até mesmo Running Back, como fez em algumas situações no nível universitário. Como TE jogando na linha se mostra em desvantagem nos bloqueios, mas ainda assim pode ser utilizado nessa função, visto que o mesmo é um bloqueador incansável. Fora da linha, bloquando em espaço se mostra um excelente bloqueador, por vezes, feroz, em um jogador de um atleticismo e alcance ímpares. Mesmo com pouca produção no nível universitário, o jogador é projetado com um impacto maior no nível profissional. Comparado ao destaque George Kittle do San Francisco 49ers, que também havia sido sub-aproveitado no nível universitário, o jogador tem a versatilidade que permite que Josh McDaniels abra sua caixa de ferramentas e monte um ataque extremamente dinâmico em volta do novo Quarterback Jared Stidham.

Dessa forma, o New England Patriots fechou o segundo dia recompondo sua defesa, de forma a mantê-la no seu estilo rápido e imprevisível, enquanto no lado ofensivo da bola, por meio de suas ações no draft, Belichick declara que Jared Stidham é o novo cara em New England, e que vai cercá-lo de armas versáteis e dinâmicas, modernizando o ataque, que deverá se mostrar muito diferente do esquema Brady-cêntrico que vimos nos últimos 20 anos.

Dia 3

No terceiro e último dia do Draft, Bill Belichick foi, mais uma vez, Bill Belichick. Sem escolhas na quarta rodada, New England abriu sua partipação com a seleção de Justin Rohrwasser, Kicker de Marshall University. Muitos aguardavam o Patriots selecionando um kicker no meio do terceiro dia, após a saída de Steve Gostkowski, e o fez selecionando um chutador que mostrou tudo que se espera num kicker, potência, precisão, além de ter tido boas performances em tempo ruim de chuva, algo essencial no clima de New England.

Mais adiante no sexto round, o New England Patriots escolhe mais um jogador de Michigan. O Wolverine da vez foi o massivo Guard, Michael Onwenu. Medindo 1,90 m e 156 kg, Onwenu traz tamanho e imposição física no jogo corrido, além de não ter permitido sacks na última temporada. Fisicalidade e tamanho, assim como com Hjalt Froholdt, mostrando um padrão de investimento em Guards grandes. Assim como qualquer pick de sexto round, Michael Onwenu tem seus defeitos, falta mobilidade, seu trabalho de pés tem muito a melhorar, e pode movimentar-se melhor para acompanhar os pass rushers internos. Seu tamanho compensa tanto apresentando um obstáculo difícil de ser contornado pelos adversários, quanto uma força de imposição de fisicalidade no jogo corrido, demonstrando o upside que dá valor a pick no final do draft.

Novamente a dupla Belichick e Caserio faz dobradinha de posição e novamente seleciona um Guard no sexto round, o escolhido da vez foi Justin Herron de Wake Forest. Herron é um Guard de figura imponente, possui muito atleticismo, mas de pouca fisicalidade. Provavelmente apresentará dificuldades contra Defensive Tackles mais pesados, devido não só a falta de fisicalidade, mas também do uso de suas mãos. Seu atleticismo torna-o um jogador interessante de se escolher no fim do draft, mas não parece ser um jogador com previsão de impacto no elenco, pelo menos não em 2020.

Após quatro picks ofensivas seguidas, New England voltou ao lado defensivo da bola para fechar sua participação no sexto round selecionandon o Linebacker Cassh Maluia de Wyoming. Maluia é um linebacker de baixa estatura, mas bastante físico. Foi um jogador que foi movido bastante ao redor do front de Wyoming, trazendo mais uma vez a versatilidade tão procurada nos Patriots. Projetado como um jogador que pode colaborar bastante em todas as fases do ST, Cassh Malui traz valor no terceiro dia justamente pelo quanto é capaz de contribuir na terceira fase do jogo.

Mais uma vez reforçando o interior de sua linha ofensiva, New England encerra sua participação no Draft 2020 selecionando Dustin Woodard, Center de Memphis. Com tamanho abaixo do ideal para o meio da linha ofensiva, com apenas 125 kg, Dustin Woodard projeta como a antecipação de um jogador visto como prioridade de UDFA, e deve prover competição para o Training camp.

Em suma, o New England Patriots fez um bom draft, capitalizando em pontos abertos que existiam no seu elenco, e os preencheu de forma a agregar em muito atleticismo e versatilidade em ambos os lados da bola. É, também, notável que praticamente todas as escolhas da franquia tem altíssimo potencial de contribuição nos Special Teams.

Considerando a cultura vencedora construída nos Patriots nos últimos vinte anos, já via-se como improvável a idéia de “tankar”, ou falhar propositalmente para buscar uma escolha mais alta no próximo draft, e, com essas escolhas, Bill Belichick e Nick Caserio mostram ao restante da liga que está recarregando suas armas para competir em mais uma temporada. Obviamente a franquia sentirá o peso de perder o melhor jogador de todos os tempos, mas apesar disso fez bons movimentos para recompor a defesa e montar um ataque versátil ao redor de Jared Stidham. Se o plano dará certo, só a temporada dirá, enquanto isso, todo torcedor dos Patriots deve admirar o trabalho feito para mudar a cara do time, e modernizá-lo para esse próximo capítulo da maior franquia do século XXI.

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