Análise: Ventos de maio sopram esperança em Cincinnati

 

Se eu falasse pra você que os Reds vão terminar em segundo na divisão, vocês me chamariam de louco? Provavelmente sim. Por isso, quero começar dizendo que o Reds não é algo que se pode analisar a olho nu, você precisa de equipamentos adequados para esse fim, pois ele não é nem sólido, nem liquido, nem gasoso, existe e ao mesmo tempo não existe, como se ao mesmo tempo estivesse ligado e desligado, a matéria e a antimatéria ocupando o mesmo espaço em um corpo, tornando inútil ao mesmo tempo a física, a matemática, a lógica e qualquer outra coisa, causando em todos um efeito de delírio coletivo, e em mim a síndrome de Estocolmo.

Eu também não entendi nada, mas sem mais delongas, passemos para  o primeiro bloco do giro de notícias a análise que você veio aqui para ler.

 

Pior que tá não fica

O time abriu o mês de maio com o pífio recorde de 3-19, sendo o pior início de um time desde os tempos em que a novidade era o guaraná de rolha, por isso quando vemos a atual performance, parece que o time está bem, mas tudo precisa de contexto para ser analisado. Durante o mês de maio, Cincinnati está atualmente com um recorde de 8-8, muito melhor, mas o que causou a melhora do time?

Sendo bem sincero, não sei bem especificar um motivo. Parece que o time só… encaixou, esquentou, acordou para a temporada. Ao contrário da regressão à média, tivemos a assunção à média. Beisebol tem dessas.

reprodução: sportscast.com

 

Tyler Stephenson, rogai por nós

Ofensivamente, o time parece ter acordado, mesmo sem seus melhores jogadores, Johnny India e Joey Votto. Enquanto saudável, o catcher Tyler Stephenson vem sendo disparadamente o melhor jogador do time, mantendo um ritmo muito alto de produção, com .362 BA/.388 OBP/.596 SLG/.428 wOBA (resumindo pra quem não entendeu, ele é Noé carregando um monte de animal nesse time). Para além de Steph, vale a menção dos nossos dois outfielders, Tyler Nanquin e Albert Almora, que estão com .314/.369/.569/.405 e .296/.308/.370/.308, respectivamente (pra quem não entendeu o que esses números significam, eles estão jogando bem, acima do esperado)

O resto do line-up vem produzindo bem (quer dizer, bem é uma palavra muito forte, melhor seria dizer que o resto do line-up vem produzindo algo), critiquei muito o jogador de beisebol Tommy Pham, que mereceu cada palavra de cada linha que escrevi, mas parece que ele lembrou como que se faz pra rebater uma bolinha e desde então não parou mais. Junto com ele, outras menções honrosas são, acredite ou não, Mike Moustakas e Brandon Drury. Eu queria dedicar uma página inteira para falar de quão ruim Kyle Farmer vem performando, mas vou usar só uma frase: não desista dos seus sonhos, se Kyle Farmer é jogador profissional de beisebol, você pode qualquer coisa, acredite em si mesmo.

Meu momento nerd das estatísticas: durante o mês de maio, o time possui as médias de .238/.318/.401, o que é uma sensível melhora em relação a média do mês de abril, quando o time registrou miseráveis .204/.274/.311. Há margem para melhora, especialmente quando India e Votto voltarem, e quando Kyle Farmer aprender que o bastão serve pra rebater a bolinha que jogam na direção dele, não pra fazer pose e ficar parado.

reprodução: blog red machine

Todo dia uma nova oportunidade de estragar tudo

Não sei exatamente a quem se atribui a frase acima, mas eu diria que ela descreve perfeitamente nosso corpo de arremessadores. O time atualmente está em primeiro na lista de ERA na temporada, quando a tabela está de cabeça para baixo. Dono de invejáveis 5.85 ERA por jogo e com incríveis 3 arremessadores com +5 IP e >2 ERA, mas em contrapartida, tem 5 arremessadores com +5 IP e <9 ERA (pra quem não entendeu, isso é horrendo, tenebroso).

Nem tudo é trevas, nossos starters parecem encontrar algum ritmo nesse meio de maio, Tyler Mahle e Connor Overton estão sendo sólidos, com 3.92 ERA/1.020 WHIP e 1.86 ERA/0.880 WHIP, respectivamente. Hunter Greene lançou 7.1 entradas sem ceder rebatida contra o Pirates e vem mostrando uma curva de evolução crescente, o que é muito bom. Já o nosso Ace, Luis Castillo, está mostrando boas coisas nesse início, mesmo voltando de uma complicada lesão, tendo 5.59 ERA/1.140 WHIP

Já o bullpen, ah, o bullpen… é difícil encontrar um jeito de descrevê-lo. Digamos que é como uma máquina caça-níquel, você puxa a alavanca e não faz ideia do que vai acontecer, pode ser que você ganhe, mas provavelmente vai perder. Assim é o nosso bullpen, você não faz ideia do que vai acontecer quando um reliever sobe no montinho, tanto para o bem quanto para o mal, e infelizmente, geralmente é mal.

reprodução: bleacher report

 

Visão panorâmica  

Yogi Berra, lendário jogador dos Yankees já dizia: “Beisebol é 90% mental, a outra metade é física”. Isso é o que explica o crescimento do time, o ponto é a confiança. Antes, eu via os jogadores jogando com medo, até mesmo desinteresse. Agora, parece um time completamente diferente na parte mental, uma equipe que quer jogar, que vibra, comemora, dá seu sangue, suor e lágrimas pelo uniforme que veste. Esse crescimento parece ser orgânico, acredito que o time vá manter um ritmo parecido, um pouco abaixo dos .500%, o que nesse momento parece ser algo muito bom.

 

Terra arrasada à vista?

            Não posso deixar de mencionar os rumores de troca que circundam o time, tanto que Luis Castillo e Tyler Mahle foram colocados à disposição para trocas, e o destino provável é Anaheim.

Além deles, não me surpreenderia se outros jogadores dessem adeus à Cincinnati no meio da temporada. Minha opinião: só não troquem os prospectos, India e Stephenson. De resto, que todos vão embora, vamos abraçar logo o rebuild, montar uma farm top 5 e apostar no futuro. Sobre Joey Votto, se Pete Rose vestiu outro uniforme na carreira, quem é Votto na fila do pão? Não quero que isso aconteça, mas não faço questão de mantê-lo para sempre, se for favorável, deixe-o ir.

 

Previsão para maio/junho

            Para o final de maio o time enfrenta:

@ Toronto Blue Jays – 3 jogos

Chicago Cubs – 4 jogos

SF Giants – 3 jogos

É provável que seja varrido por Giants e Blue Jays e empate a série com o Cubs, terminando  mês com o recorde 13-33 e .282%, em último na divisão. Já para junho, teremos:

@ Boston Red Sox – 2 jogos

Washington Nationals – 4 jogos

Arizona Diamondbacks – 4 jogos

@ St. Louis Cardinals – 3 jogos

@ Arizona Diamondbacks – 3 jogos

Miuwalkee Brewers – 3 jogos

LA Dodgers – 3 jogos

@ SF Giants – 3 jogos

@ Chicago Cubs – 3 jogos

Calendário bastante duro, mas é possível que o time termine com <11 vitórias, principalmente nas séries divisionais.

Termino aqui esse texto, que ficou bem maior do que eu esperava. Tentei escrever de maneira mais didática e divertida possível. Agradeço a todos que leram até aqui, compartilhem o texto, pois me deu muito trabalho escrevê-lo. Usem máscara, bebam água, usem filtro solar e divirtam-se com o beisebol, esporte é para diversão, não leve tudo tão a sério.

reprodução: twitter

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