Pós-jogo Colts vs Titans – Déjà-vu

AVISO IMPORTANTE: Caro leitor, é com constrangimento que os autores vêm informar que o conteúdo do texto a seguir pode parecer um show de horrores. Porém, infelizmente, se tratam de fatos verídicos e que podem afetar gravemente a saúde de torcedores do Indianapolis Colts.

Por Carol Vago

Colaboração: Pedro Jorge Marinho

O JOGO

Em mais uma apresentação lamentável após o intervalo, o Indianapolis Colts vai se mostrando um time sem qualquer resposta aos ajustes do adversário e, com isso, as derrotas se tornam cada vez mais amargas à medida que poderíamos ter obtido resultados melhores, não fosse nossa comissão técnica.

Tennessee começou atacando. Seria uma campanha rápida de apenas um first-down, não fosse uma falta de offside de Margus Hunt numa 3rd & 3. Após três jogadas, o Titans contentou-se com um field-goal. Nossa primeira campanha do jogo começou muito bem com uma corrida de 9 jardas de Frank Gore, uma de 22 para Marlon Mack e 11 jardas de passe para Donte Moncrief. Após mais uma boa corrida de Gore, estávamos na redzone adversária. Em duas corridas seguidas, ficamos numa 3rd & 11. Brissett, até então extremamente confortável no pocket, acha um belo passe para Moncrief na endzone, mas o WR dropa o touchdown mais fácil do ano para o Colts. Vinatieri coloca lá dentro. 3×3.

Volta o Titans. Mas mais uma vez uma falta da defesa dá sobrevida ao adversário com um holding de Darius Butler. Mariota, mesmo sem estar 100%, vai encontrando caminho com seus recebedores em nosso miolo defensivo. Mas após um passe errado para Delanie Walker, o Titans chuta mais um field-goal: 6×3. No início do segundo quarto, Brissett encontrou nossos WRs muito bem. Moncrief, Hilton e Doyle se revezaram na distribuição de passes do QB. Após um belo play-action no shotgun formation, Brissett encontra Doyle livre na esquerda, marcando o único TD ofensivo do Colts na partida. 10×6.

Marcus Mariota distribuiu bem as jogadas na campanha seguinte, confortável no pocket devido à bela atuação de sua forte OL. Variando passes curtos, médios e corridas, o Titans ficou apenas duas jardas de seguir em sua campanha. Ryan Succop, mostrando ser um kicker de respeito, encaçapa mais um chute: 10×9 e 4:10 para o intervalo. O melhor dos mundos seria ir para o vestiário com mais sete pontos de vantagem.

Controlando bem o relógio e graças a um roughing the passer de um velho conhecido nosso, tínhamos 35 segundos para avançar sete jardas. Mas aí começaram os mesmos erros em chamadas… Com apenas um tempo para pedir graças a dois timeouts pedidos por Pagano, a ideia foi trabalhar com três passes seguidos. Na primeira tentativa, Brissett segurou a bola e correu para uma jarda. Nas seguintes, passes incompletos. Os tempos fizeram falta, pois o jogo corrido estava funcionando bem e seria um touchdown certo. Vinatieri entrou e colocou mais três no placar: 13×9 e intervalo.

Recebendo a bola no começo do segundo tempo, o Colts começou a não produzir nada, enquanto o Titans começou a apresentar uma grande evolução. Um three-and-out rápido e bola do Titans. Felizmente, Mariota não percebe a presença de John Simon, que faz o bloqueio de passe, consegue segurar a bola e correr para a endzone. Primeira pick-six do Colts na temporada e 19×9 no placar após o extra point perdido por Vinatieri. Mais uma vez, ficamos com a sensação que era questão de controlar bem o relógio como havíamos feito no primeiro tempo. Mas como dito anteriormente, o Titans evoluiu durante o jogo. Mesmo com o first down em uma 3rd & 6 num passe para Eric Decker, Mariota sofre um roughing the passer de Jabaal Sheard. Desnecessário. 15 jardas de graça para o ataque que caminhava bem, mas falhava em capitalizar com touchdown. Outro field goal de Succop ao final. 19×12 e era hora de gastar relógio, mesmo que ainda faltasse mais de vinte minutos de jogo.

Colts e Titans trocaram punts consecutivamente. Em nossa posse de bola seguinte, Gore corre para 3 jardas inicialmente. Em seguida, Brissett acha Doyle para o que seria o primeiro first down do time no segundo tempo. Mas nosso TE, que está numa fase horrível, sofre um fumble forçado pelo #54 Williamson. Na primeira jogada, Malik Hooker faz um tackle providencial em Rishard Matthews, salvando um touchdown certo do Titans. Bola na linha de 4 jardas. Após boa pressão da defesa e algumas chamadas questionáveis, Tennessee vai para seu quinto field goal na partida. 19×15.

Em uma campanha anêmica, o Colts devolve a bola rapidamente para o Titans tendo gastado apenas 1:10. Mostrando um belo controle do jogo, trocando passes e corridas e, principalmente, cansando nossa defesa, a franquia de Nashville desenvolve sua campanha de maneira exemplar, gastando ao total 8:24 e finalizando com seu primeiro touchdown na noite, através de uma corrida de 3 jardas de Demarco Murray. Isso após ter ficado em duas terceiras descidas e uma quarta descida. O Colts já não encontrava respostas para o ataque adversário.

Em um bom retorno de kickoff, Quan Bray avança 60 jardas no campo e nos deixa em excelente posição de campo. Mas a ineficiência do ataque e as constantes blitzes da defesa comandada pelo mestre Dick LeBeau causaram até um intentional grounding de Jacoby Brissett. Vinatieri coloca mais três no placar para empatar. Placar: 22×22 e 7:27 por jogar. Sabendo que o TD definiria o confronto, Mariota arriscou e foi recompensado. Uma bomba de 53 jardas para Taywan Taylor que teve caminho livre até a endzone. Um raro erro do Malik Hooker que não percebeu que Pierre Desir não iria acompanhar o WR. Tratando-se de uma Cover 2, o Safety acabou lendo mal a jogada e deixou a lateral livre para Taylor. 22×29 e só um milagre para o Colts…

Com 5:29 restando, o Colts precisaria fazer tudo o que não fez no segundo tempo: furar a defesa de Tennessee. Com passes para Robert Turbin e Donte Moncrief, e se beneficiando de faltas da defesa, chegamos perto da redzone, na linha de 22. E então aconteceu o show de horrores da noite: primeiramente, passe incompleto para Marlon Mack. Em seguida, Doyle não protegeu a bola e permitiu que Logan Ryan a derrubasse. Sorte que, para se caracterizar um fumble, o jogador precisa realizar o football move. Passe incompleto. Numa 3rd & 10 Turbin recebe e avança 9 jardas, mas se machuca num lance muito feio onde cai em cima de seu braço esquerdo. Por fim, a cereja do bolo: tendo que arriscar, 4th & 1, Brissett recebe o snap, vê os recebedores bem marcados e corre um outside pela direita, estica o braço para alcançar a marca da primeira descida mas a bola já se encontrava fora de campo. O desespero faz o homem tomar decisões idiotas. O desafio do Pagano na jogada se mostrou um claro ato de desespero. Não há outra justificativa. Turnover on downs.

Bastando queimar relógio, o Titans ainda consegue um touchdown numa bela corrida do Derrick Henry para 72 jardas. 22×36 e fim da freguesia que durava desde 2011.

PONTOS POSITIVOS:

  • John Simon! Fez de tudo no jogo. Sack, interceptação retornada para touchdown e tackles importantes. O #51 vem numa crescente absurda. Merecia ser recompensado com a vitória pelo esforço. O jogador teve a maior nota pelo PFF, com 86,3.
  • Apesar das críticas iniciais quando saiu o lineup do time, Joe Haeg surpreendeu os torcedores com a partida que fez. Enfim uma boa atuação do lineman como RT.

PONTOS NEGATIVOS:

  • Poderia citar o fumble e drops de Doyle, o TD dropado por Moncrief, o erro de Hooker na cobertura resultando em TD, mas não serei cruel a esse ponto. O único culpado por todas as mazelas da franquia Indianapolis Colts no campo se chama Charles David Pagano!
  • Não bastasse a atuação péssima do time, perdemos Robert Turbin pelo resto da temporada. Segundo o time, o jogador sofreu uma lesão no cotovelo que deve impedi-lo de atuar e, assim, Marlon Mack e Matt Jones devem ser mais envolvidos no plano de jogo. Com a lesão o Colts perde uma importante peça para descidas curtas (para uma ou duas jardas) que vinha sendo essencial para a equipe em momentos difíceis, além da participação no special teams.

É até difícil (querer) falar alguma coisa sobre esse jogo…

Segundo o Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa um déjà-vu é “aquilo que dá a impressão de já ter sido visto; aquilo que é batido, banal”. Talvez os jogos do Colts podem passar a ser uma definição no dicionário também. A mesma montanha-russa se repete nessa temporada há 5 jogos: 1º e 2º quartos bons, com ataque em campo, acumulando tempo em campanhas ofensivas, possibilitando a defesa um descanso extra na sideline. Mas parece que o intervalo faz mal os Potros de Indianapolis… Todas as boas jogadas são deixadas de lado por Pagano e Cia. Os espaços deixam de ser explorados na defesa adversária, as chamadas variadas e criativas desaparecem do playbook, o uso dos running backs se torna mais raro que um urso polar na floresta amazônica, a linha ofensiva parece ser composta por jogadores de high school, a lucidez de Jacoby Brissett em momentos de blitz se esvai.

A cada dia fica mais claro que o coaching staff do Colts não tem condições de conduzir um time. A impressão que fica é que nos 30 primeiros minutos de jogo são testadas as jogadas do playbook, e as que se mostram eficientes são descartadas para o segundo tempo. O Colts funciona como uma receita: pegue os ingredientes, faça um bolo delicioso e não repita a mistura.

Houveram erros da defesa no jogo, leituras erradas de passes (como a de Malik Hooker no touchdown que deu ao Titans a liderança), tackles perdidos, defensores atrasados na cobertura dos passes, linebackers perdidos em campo, pass rush ineficiente expondo a secundária. Em resumo: mais do mesmo, é como se o Colts vivesse um déjà-vu toda semana.

Entretanto, não se pode culpar a defesa por perder o jogo. Assim como nos demais jogos o ataque simplesmente deixou de jogar no segundo tempo. Em um time onde a defesa não possui muitos bons atributos, em que as deficiências são facilmente expostas, onde o máximo dos jogadores muitas vezes ainda não é o suficiente para parar o ataque adversário, o ataque se mostra cada demais mais impactante no rendimento do time.

Sem se mover no campo, com campanhas de menos de 2 minutos no segundo tempo, o Colts expos a sua defesa à um QB eficiente como Marcus Mariota, que, ainda fora de sua forma perfeita, adaptou-se ao jogo se restringindo à passar a bola no pocket e castigar a defesa adversária. O comandante adversário não teve um jogo extraordinário, porém soube explorar as fraquezas do time de Indianapolis, buscando espaços entre os linebackers e entre os cornerbacks e safeties. Não havia pressão por parte do Colts, os edge rushers do time quase não chegaram a Mariota, salvo quando John Simon (homem do jogo) conseguiu um sack e quando Jabaal Sheard chegou atrasado na jogada e cometeu penalidade a favor do adversário.

Talvez possamos dizer que o jogo foi (novamente) um desastre pós-intervalo. Estender demais o texto seria agir como um cachorro que corre atrás do próprio rabo, afinal de contas, falar que o Colts morre na segunda etapa do jogo se tornou recorrente. Da mesma forma, criticar Chuck Pagano e suas sandices tem se tornado tão comum que apenas alimenta o ódio dos torcedores pelo head coach que faz hora extra em Indianapolis.

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2 respostas

  1. “AVISO IMPORTANTE: Caro leitor, é com constrangimento que os autores vêm informar que o conteúdo do texto a seguir pode parecer um show de horrores. Porém, infelizmente, se tratam de fatos verídicos e que podem afetar gravemente a saúde de torcedores do Indianapolis Colts.”

    HUAHUAHUAHUA rachei! Mas tô tristão :'(

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