Pós-jogo Colts vs Jaguars – Anotaram a placa? JAX 2700!

Por Pedro Jorge Marinho

Colaboração e revisão: Carol Vago

Um massacre dos dois lados da bola. Assim podemos resumir a partida do último domingo. O Indianapolis Colts foi obliterado pelo Jacksonville Jaguars em pleno Lucas Oil Stadium. A partida serviu para escancarar todos os problemas da franquia, seja dentro ou fora de campo.

Assim que recebeu a bola, o Jaguars parecia o time da casa. Variando bem as jogadas e, mesmo sem seu principal RB Leonard Fournette, Chris Ivory e TJ Yeldon foram encarregados do jogo terrestre. Blake Bortles iniciava a campanha com passes curtos a fim de evitar ser interceptado. Sem muito esforço, o Jaguars marcou o primeiro touchdown do jogo com Ivory, correndo na linha de uma jarda. 7×0 e estava apenas começando. A bola vem pro Colts e nada muito diferente foi visto em campo ontem. Tendo como principal força a sua defesa, o Jaguars deu um calor na OL do Colts e não deixou Jacoby Brissett em paz em nenhum snap. Com apenas cinco jogadas e nada de relevante, Indianapolis chutou seu primeiro punt do jogo.

Logo na primeira jogada, Bortles manda uma bomba de 52 jardas para Keelan Cole que queimou lindamente Chris Milton na jogada e, após um avanço de três jardas em corrida de Ivory, Milton aparece novamente para fazer uma falta de contato ilegal. Foi a senha para ele sair do jogo. 1st & Goal na linha de 5. Bortles → Marcedes Lewis. Touchdown Jaguars. 14×0. Muito fácil. A bola voltou para o Colts. Brissett lança para TY Hilton para 10 jardas. Marlon Mack avança 14 em corrida. E em uma 3rd & 15, Brissett encontra Chester Rogers para o first down. Parecia que pelo menos um field goal sairia nesta campanha, mas em uma 3rd & 7 Malik Jackson e Myles Jack jantaram nosso QB. Primeiro sack do jogo e punt.

Em 6:35 de campanha, o Jaguars não teve nenhuma jogada negativa. Apenas dois passes incompletos. A facilidade do Bortles em encontrar seus recebedores era absurda. O Colts já parecia entregue ainda no segundo quarto. Dessa vez, Jacksonville se contentou com o primeiro field goal de Josh Lambo com a camisa da franquia. Indianapolis retoma a bola e logo se encontra numa 3rd & 1. A saudade de Robert Turbin bateu. Barry Church e Tashaun Gipson subiram um muro na defesa e não deixaram Frank Gore alcançar a marca da primeira descida. Outro punt e mais vaias da torcida.

Apesar de uma falta na primeira jogada, o Jaguars estava muito confortável em campo. Numa 3rd & 8, Bortles acha Allen Hurns para um avanço de 50 jardas. Mas o pior aconteceu. Malik Hooker sofreu um bloqueio desnecessário e imprudente pelo lado cego, bem no joelho, jogada muito propensa a gerar lesões. Nosso rookie rompeu o ligamento cruzado anterior (ACL) e ligamento colateral medial (MCL). Fim de temporada pro #29. E uma falta comprometeu a sequência do Jaguars, que anotou o FG. 20×0. Com o desespero tomando conta, tudo se resumia às jogadas de passe. Apenas um passe entre cinco foi completado. Outro punt.

 

Com 1:11 no relógio, Jacksonville tentaria mais pontos antes do intervalo. Mas em um sopro de lucidez da defesa, Henry Anderson força um strip sack no QB adversário, Darius Butler recupera a bola e avança 32 jardas, colocando-a na linha de 48 do nosso campo defensivo. Um FG estaria de bom tamanho nessa altura, mas após dois sacks consecutivos de Yannick Ngakoue, o Colts vai para o vestiário de mãos abanando. Uma coisa triste.

 

 

 

 

Voltando do vestiário, parecia que nada havia mudado ofensivamente. Com a primeira posse de bola, o Colts sofre um three and out rápido. Brissett & Cia não encontravam espaço entre os marcadores e o jogo corrido continuou sendo pouco utilizado, mesmo a defesa de Jacksonville sendo uma das piores nesta temporada, mas parece que nossos coordenadores e HC não sabem disso. Com o adversário no campo, a defesa conseguiu forçar mais um fumble, desta vez com Matthias Farley que arrancou a bola da mão de Chris Ivory (isso porque na jogada anterior havia acontecido a mesma coisa, mas Yeldon já estava no chão).

Com a bola posicionada na linha de 45 do campo de defesa, o Colts conseguiu first down em duas jogadas. Logo em seguida, sack do Dante Fowler Jr. E após um passe incompleto pra Marlon Mack, sack em conjunto de Myles Jack e Calais Campbell. Não percam as contas, já é o quinto sack de Jacksonville. O time da Flórida volta ao campo e crava um punhal na alma do Colts. Com uma corrida de 58 jardas, TJ Yeldon marca o touchdown. 27×0.

Indianapolis volta a campo. Na melhor jogada do ataque na partida, Brissett acha Marlon Mack para 34 jardas. Apesar disso, o sexto sack prejudicou. Era uma 1st & 10 na linha de 14. Virou uma 2nd & 17. Brissett encontra Kamar Aiken que faz a coisa mais bizarra do jogo. Deveria ser um ganho de oito, talvez nove jardas, mas o WR, ao voltar para tentar escapar da marcação, fica apenas com uma. 3rd & 16. Brissett resolve correr conquista 14 jardas. CHEGOU O MOMENTO DE CHUCK PAGANO BRILHAR! Após um pedido de tempo, o Colts resolve arriscar. Arrisca. Um QB sneak. Numa 4th & 2. UM QB SNEAK!!! É demais para o torcedor… Não é preciso dizer que a bola voltou pro Jaguars, que chutou seu primeiro punt já no último quarto. Indianapolis devolve a gentileza após dois sacks. Já são oito…

O Jaguars diminuiu o ritmo e chuta mais um punt. Na penúltima vez com a bola, nada de diferente acontece no ataque. Mais dois sacks (10º), fumble sofrido, mas recuperado, e tentativa frustrada numa 4th & 14. E após um turnover on downs de Jacksonville, nada de relevante aconteceu. Fim de jogo. Placar: 0x27 e 2-5.

PONTOS POSITIVOS:

  • Os dois fumbles forçados pela defesa, apenas. Ainda que a defesa tenha conseguido forçar 2 turnovers o ataque não foi capaz de capitalizar em cima do erro adversário.

PONTOS NEGATIVOS:

  • Mais um jogo pobre ofensivamente. Brissett segurou demais a bola, demorou a tomar atitudes e não encontrou os recebedores;
  • Dez sacks. Segunda maior marca da franquia. Isso porque Pagano disse que a OL estava pronta;
  • Lesões: Malik Hooker fora da temporada. John Simon, Ryan Kelly e Rashaan Melvin saíram durante o jogo. O fundo do poço tem porão;
  • Festival de big plays, e com Blake Bortles de QB: 18/26, 330 jardas e 1 TD para ele;
  • Ausência do jogo corrido por parte do Colts, sendo que o Jaguars é um dos piores times defensivamente neste quesito;
  • Chuck Pagano & Cia. O time está perdido, o comando está perdido, nada funciona mais;
  • Perder de zero. A última vez que aconteceu foi em 1993.

AS ATUAÇÕES:

A bagunça é tão grande que é até difícil escolher um ponto de partida para as críticas. Sendo assim, melhor iniciarmos pela principal fonte de raiva dos que vos falam: o ataque… No caso é o não ataque do Colts que deixa todos de cabelo em pé. Já algumas partidas víamos a equipe cair muito no segundo tempo, sem conseguir render como na primeira etapa. Dessa vez foi visto um completo desastre em campo. Raras foram as vezes que o Colts chegou à zona confortável para Vinatieri ao menos chutar um FG.

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A OL, como já se esperava, sofreu muito contra o forte front seven do Jaguars. Ngakoue, Jones, Jackson e Campbell destruíam a OL e, pra piorar ainda mais a situação, Smith e Jack sepultavam qualquer tentativa de Brissett de lançar uma bola para seus recebedores. Foram 10 sacks da defesa do Jaguars. Não sei dizer se isso está perto ou não de um recorde*, se alguém sofreu mais em um jogo que Jacoby Brissett sofreu neste domingo. O que se sabe é que a OL aparentemente “consertada” para Chuck Pagano parecia feita de papel.

A linha ofensiva que estava voltando a sua formação ideal (isso na cabeça de Pagano e Cia) acabou sofrendo uma baixa durante o jogo. Ryan Kelly saiu por lesão no joelho, aparentemente nada sério, entretanto o status do #78 ainda é bem incerto para a próxima partida. Haeg novamente tomou um banho dos LBs adversários. Ainda que no jogo anterior tenha conseguido se sair relativamente bem, o lineman não soube lidar com a explosão e velocidade dos jogadores de Jacksonville, cedendo inúmeras pressões e mais de um sack.

Com o desempenho péssimo muito se especula se Andrew Luck deve ser colocado em campo. O histórico de lesões do QB causadas pela falta de proteção da OL faz com que muitos prefiram não ver o #12 em campo nessa temporada. Fica a pergunta aos leitores: vale a pena arriscar o melhor jogador do time dado o desempenho pífio da linha na proteção do QB?

Pagano e Chudzinski, se vocês podem me ouvir (no caso ler), por favor respondam: quais os motivos pelos quais vocês param de usar o jogo terrestre ao longo da partida? Quando se enfrenta a equipe que, até o início da semana 7, era a 31ª em desempenho contra o jogo corrido, você espera que seus RBs sejam usados, certo? Mas não parece ser assim que o Colts funciona. Com uma média de 4.8 jardas por corrida o Colts deveria ter aproveitado muito mais o jogo terrestre.

Ainda que Marlon Mack tenha permanecido em campo por mais snaps, o que se viu foi uma larga utilização do RB calouro recebendo passes. O jogador foi o segundo em jardas recebidas (40), atrás apenas de Jack Doyle (44). Aproveitando a deixa, queria saber onde se encontram TY Hilton, Donte Moncrief, Kamar Aiken, ou seja lá quem for os WRs do Colts. Mais um jogo com os recebedores do time sumidos em campo, assistindo o jogo em posição privilegiada. Participação que de certa forma foi muito prejudicada também pela performance ruim de Brissett que, mal conseguia receber a bola e já tinha ao menos 2 defensores na sua cola. Quando conseguiu lançar ainda conectou passes bons, porém sem avanços significativos.

Inconsistência correndo e passando a bola, 5 conversões de terceira descida convertidas. Isso mesmo, 5 em 15! Foram 232 jardas totais para o time, menos que as jardas passadas por Blake Bortles (330). O ataque não produzia, não ficava em campo, acho que ficou bem claro com o placar zerado para os donos da casa. Aliás, acho que o Jaguars chutou o Colts para fora do Lucas Oil e se apropriaram do estádio.

A defesa… Ah essa defesa do Colts. Já começou bem, perdendo tackles, fazendo faltas. E o primeiro drive de Jacksonville foi o “drive das faltas do Colts”, uma mais desnecessária e burra que a outra. Avanços rápidos, pontuação, ninguém segurava o ataque do Jaguars, sem Fournette. Perdemos 3 jogadores por lesão: Simon e Melvin não devem ter lesões que os tirem da temporada. Já Malik Hooker… ACL e MCL rompidos, previsão (bem imprecisa) de ao menos 10 meses para retornar as atividades. No mínimo triste, ver nosso melhor jogador da secundária fora por causa de um bloqueio desnecessário, perigoso e com quase 100% de chance de lesionar o jogador adversário.

Se for para destacar algo de bom nessa defesa, podemos falar dos dois turnovers recuperados. Triste mesmo foi ver os CBs reservas e campo já que, mais uma vez, Quincy Wilson não foi relacionado para o jogo por… não contribuir no special teams… Acho que não há justificativa para deixar ele fora do jogo. Já não dá para acreditar no fato de não vê-lo em campo e ver TJ Green, Moore e Milton marcando na secundária.

Acho que não vale a pena escrever mais do mesmo. Muito menos escrever sobre Pagano, Chudzinski e Monachino novamente. Infelizmente (ou não) Pagano continuará no cargo até provavelmente o fim da temporada. Um detalhe, ainda que um pouco importante foi a derrota sem pontuar. Desde 1993 o Colts não era varrido de campo como foi domingo, não se via um vexame como esse dentro de casa desde 29 de Novembro de 1993, contra o San Diego Chargers, no Hoosier Dome. Na temporada o time ainda foi varrido pelo New England Patrios, no antigo Foxboro Stadium por 38-00. Para os mais supersticiosos, na próxima semana jogamos fora, e o medo de outra derrota sem pontuar se instalou entre os torcedores.

Não bastasse o jogo péssimo, o vestiário veio por água abaixo. Após o jogo, TY Hilton deu uma declaração um tanto quanto controversa sobre a OL para justificar o baixo rendimento da equipe: “It is the offensive line, they need to block.” Basicamente: “É a linha ofensiva, eles precisam bloquear”. Depois disso ficou claro o problema de liderança e perda total do vestiário. Problemas grandes em campo, talvez maiores fora… Felizmente o recebedor veio a público novamente e se desculpou com os companheiros de equipe.

Próximo domingo o jogo é contra o Bengals em Cincinnati. Nada além da derrota é o que esperamos. Com aquela defesa nem um pouco amigável, vamos torcer para os jogadores voltarem de lá com vida. Se o propósito do time nesta temporada é demitir o técnico, estamos cumprindo perfeitamente.

* O recorde de sacks sofridos pelo Colts é de 12 sacks, que ocorreu em 1980.

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