Fly Eagles Fly, de Cuiabá para São Paulo.

Existem momentos especiais para cada um, o primeiro beijo, a conquista de um sonho, aquele emprego que você sempre quis. Todos temos esses desejos, mas nós torcedores dos times de Philly tínhamos uma ambição, era o momento para coroar todo o amor por esse time que veste midnight green.

Conheço alguns que torcem há mais de anos pelo Eagles, outros a pouco tempo, mas todos com a mesma paixão mesmo sem ver o título da NFL por anos. Nada diminuiu isso, mas aquele dia 04 de Fevereiro foi a lua de mel de um longo noivado, essa data tem muitas histórias e está na hora de dar voz a elas e guardar aqui para todo sempre um dos momentos mais felizes de nossas vidas.

Esse é um pedaço da felicidade do Bruno Nakamura. Torcedor do Eagles, também conhecido como “O cara das legendas”, nosso atual editor e protagonista da loucura do texto de hoje. Apreciem torcedores e se perguntem… Como você estava no dia 4 de Fevereiro de 2018?

             Ninguém devia estar aqui na cidade da felicidade eterna.

É engraçado como as coisas acontecem. De certa forma, os Eagles não tinha nada que estar jogando o Super Bowl contra os Patriots, mas estavam lá. Sem quarterback titular, sem LT titular, sem MLB titular, sendo azarões durante toda a pós-temporada. A sensação é que eles não deviam estar lá. E eu também não devia estar em São Paulo. Morando em Cuiabá, a meros 1600 km de São Paulo, eu, no mínimo, estava longe de casa.

Mas porque diabos eu estava em São Paulo? Campus Party. É, aquele evento de tecnologia, nerdice, e essas coisas. E outra, eu estava de caravana, busão, não havia pago passagem. Mas o que isso tem a ver? Veja bem, o evento acabava 04/02. Eu chegaria em casa as 15:00 do dia 05/02.

Acho que deu pra entender.

Bem, não interessa muito como foi o evento, mas na madrugada do dia 03/02 para o fatídico domingo de 04/02, eu me dei conta de que perderia o jogo. Eram em torno de 28 horas de viagem, e ônibus sairia às 8 da manhã.

Na base do desespero, pesquisei se eu podia comprar alguma passagem de emergência juntando pontos e dinheiro. Ficou salgado, e gastei todos os meus pontos com a companhia. Mas e daí?

Virado, sem dormir uma hora sequer em mais de 24 horas, justamente porque dormiria no ônibus, juntei minhas coisas e deixei com o pessoal da caravana, ficando só com uma mochila com uma troca de roupa.

“Aí gurizada, leva minhas coisa pra UF, eu vou ver o Super Bowl.”

“Nakamura, cê ta muito loco? A gente já tá saindo, vamo pra Cuiabá.”

“Eu sei, boa viagem, falou!”

Seguindo o GPS do meu celular eu me joguei pelos metrôs da cidade. Fui parar na Av. Paulista, e liguei pra um amigo meu que mora na cidade.

“Ô Gabriel, cê tá livre agora?”

“Naka? Que?”

“Dá um pulo aqui na Paulista, tô virado.”

Gabriel curte Futebol Americano, mas não tem time. Como alguém sensato, ele tava torcendo pros Eagles. Demos um jeito de almoçar na Paulista, e a mãe dele ofereceu a casa deles para que eu pudesse descansar. Chegamos na casa era umas 2 horas, e eu simplesmente apaguei até as 6.

Acho que nunca senti tanto nervoso, tanto frio na barriga enquanto me arrumava. Parecia que eu tava me arrumando pro meu casamento. Ao chegar no St. Paul’s, apontaram para mim e disseram “Alá, o Mano das Legendas!”. Mas a parte importante veio depois.

Nem meu time de futebol me proporcionou uma montanha-russa de emoções como o Super Bowl. A entrada do time ao som de “Dreams and Nightmares” me deixou pilhadíssimo, mas o kickoff nunca chegava.

Conforme o jogo passava, o vai e vem do placar regia o vai e vem no meu estômago. Os field-goals que abriram o placar parecerem protocolares, aquecimento. A festa começou com a corrida de 36 jardas de LeGarrette Blount. O Búfalo parecia correr com algum tipo de raiva. O touchdown de Jeffery sobre Eric Rowe me fez quase perder a voz logo na primeira grande pontuação do jogo.

A temporada de vingança de Blount continuou com um touchdown terrestre de 21 jardas.

O Império do Mal havia errado um field goal, mas responderam acertando outro, porém ainda tínhamos uma vantagem de duas pontuações.

“Será?” eu me perguntava “Será que temos uma chance?”

O balde de água fria veio, e o primeiro soco no estômago pra lembrar contra quem jogávamos veio junto. A interceptação de Duron Harmon não teve culpados por parte do Eagles ao meu ver, mas doeu.

Depois de sofrer um TD, o Eagles tentou responder, e numa linda rota wheel, Corey Clement recebeu um passe de Foles, quebrou tackles, e chegou à redzone.

A defesa dos Patriots segurou 3 jogadas seguidas, e me fez questionar se devíamos ir para a quarta descida, ou ficar com o FG. Pela primeira vez no ano, eu questionei a decisão de Doug Pederson. Pela primeira vez eu fiquei pensando que era melhor jogar conservadoramente. E eu, ainda bem, queimei a língua.

Na trick play mais orgásmica que eu já vi, Nick Foles recebeu um passe de Trey Burton, e marcou um TD. Minha mente ficou em branco. Eu não sabia reagir. Eu balbuciava sons, mas palavras não eram formadas. 

O halftime veio, e o halftime show veio junto, mas eu, honestamente, preferi ir pra fora do pub. Nada contra o Justin Timberlake, mas shows do intervalo não me prendem. O começo do 2nd half foi um show de horrores. Gronkowski massacrou nossa defesa, e eu sentia um medo crescente com cada jogada que passava. O touchdown de Clement ajudou a acalmar os ânimos, mas era hora do dueto de Brady e Gronk roubar a cena. Foi angustiante, parecia que o final do jogo já havia sido escrito. O field-goal de Elliot aumentou nossa vantagem, porém, mais uma vez Gronk estava lá. 33-32.

“É isso, não tem como” pensei “Eles não vão ceder.”

Um drive de quase 5 minutos resultou no TD de Zach Ertz. Rota slant, arroz com feijão, com o uso de “motion” pra tirar a marcação dupla do TE. Os minutos seguintes parece que duraram anos. Nada mais justo que uma jogada importante como essa fosse definida pela revisão dos árbitros, como havia ocorrido por toda a temporada. De qualquer forma, uma coisa me preocupava. 2:21. Dois minutos e vinte e um segundos. Pra quem acompanha esse esporte há algum tempo, sabe que isso é uma eternidade nas mãos de Tom Brady. Foles havia se equiparado à ele, mas ele parecia destinado a liderar mais um game-winning drive.

Com o aquele fio de esperança entalado na garganta, a jogada que me fez perder totalmente a voz veio:

“Fumble! Fumble é vida! A bola é dos Eagles!”

Obrigado Everaldo Marques.

Brandon Graham, com os olhos fechados, tirou a bola das mãos de Brady. Como se fosse combinado, ela quicou diretamente na direção do calouro Derek Barnett.

Obrigado Brandon Graham.

Nessa hora, eu voltei a me perguntar:

“Será? Será que é dessa vez?”

Um pouco de relógio gasto e um field-goal. Bola dos Patriots de novo.

Eles chegaram ao meio do campo e faltou tempo.

“Mas é o Brady” pensei “Não duvido nada que o mundo vai querer ajudar ele.”

Hail-Mary. Bola rebatida no ar. Chão. Não veio a flanela amarela. Fim de jogo.

Eu me ajoelhei à frente do telão com lágrimas nos olhos. Me faltaram forças pra ficar de joelhos, eu literalmente deitei de bruços no chão do pub. Lá fiquei pouco tempo mas pareceram horas, processando tudo.

“VAI PHILADELPHIA EAGLES, VAI PHILADELPHIA EAGLES! ACABOU A ESPERA, ACABOU A ESPERA! DEPOIS DE QUASE 60 ANOS, A CIDADE DO AMOR FRATERNAL, É AGORA A CIDADE DA FELICIDADE ETERNA!”

Nenhum esporte me proporcionou isso, e acredito que jamais o fará. Chorei abraçado e gritei junto de pessoas que havia conhecido pessoalmente fazia poucas horas, mas parecia que eu conhecia há anos. Foi a melhor sensação que eu já tive com esporte envolvido, e uma experiência que eu vou guardar pra sempre em meu coração, este que sangra verde pelo Eagles.

Gostou da história? O coração está batendo forte? Então escreve a sua história e manda para nosso e-mail, greencastbr@gmail.com; Não precisa ser do dia do Super Bowl, só precisa ser daquele momento entre você e o Philadelphia Eagles com todo aquele amor e…

FLY EAGLES FLY!

 

Texto: Débora Neris

 

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