Análise: os perigos de uma Franchise Tag mal feita na NFL

Com a chegada da free agency, muitos times costumam entrar em desespero para manter seus melhores jogadores; seja para não ter que pagar um valor exorbitante em uma extensão ou para tentar avaliar um potencial por mais um ano, sem comprometimento. Apesar de muitos times usarem essa oportunidade para negociar os contratos de suas estrelas sem intromissão de terceiros, muitos vão pagar esse valor fixo para os possíveis free agents; e talvez até tentar trocá-los buscando tirar maior proveito da situação.

Dito isso, é óbvio que a quantidade de cenários onde alguém sai perdendo são inúmeros. Abaixo estão citados os melhor exemplos de tudo de ruim que pode sair do mal uso da franchise tag na NFL.

Quando os times perdem

Tirando as inúmeras questões éticas, morais e trabalhistas; os times são os que mais tem a perder numa Franchise Tag mal feita. Em termos de cap, as tags foram feitas com a intenção de debilitar os times à longo prazo; com o uso dela por dois anos consecutivos sendo praticamente um tiro no pé. Diante disso, vários times pretendem bancar os “espertinhos” nas negociações; aqui estão umas situações onde isso deu muito errado.

Jadeveon Clowney (Edge) Houston Texans & Seattle Seahawks (2019 – 2020)

Em 2019, os Texans fizeram uma das movimentações mais bizarras em uma offseason da NFL. Após colocar a tag no seu maior talento defensivo (pelo menos enquanto J.J. Watt ainda lidava com lesões), Houston não conseguiu chegar a um acordo junto à primeira escolha do draft de 2014.

Percebendo que Clowney provavelmente não jogaria mais junto ao time, o GM interino e técnico Bill O’Brien buscava parceiros de troca pelo pro-bowler. Seattle, percebendo a vantagem em negociar com um General Manager inexperiente, ofereceu migalhas por um possível pass rusher de elite.

No final das contas, os Texans acabaram rejeitando qualquer tipo de escolha compensatória no draft por 300 snaps de um conjunto de jogadores abaixo da média de Seattle; Jacob Martin e Barkevious Mingo; e uma escolha de terceira rodada que algumas semanas depois seria trocada pelo cornerback dos Raiders, Gareon Conley; que também não teve nenhuma performance extraordinária vestindo o uniforme de Houston.

John’s Schneider e os Seahawks deviam ser investigados por furto; e o fato de Bill O’Brien continuar sendo o General Manager em atuação nos Texans é provavelmente uma notícia triste para os fãs.

Kirk Cousins (QB) Washington Redskins (2016 – 2018)

A questão em Washington não chega a ser o preço que foi pago, mas sim a imagem que foi passada da organização inteira. Pouco se sabia sobre os planos para o futuro dos Redskins, mas uma coisa que já estava clara era que Cousins não faria parte dele.

Dois anos consecutivos sob a coleira da franchise tag, o descontento do atual QB dos vikings era palpável; e o descaso feito por grande parte da equipe quanto à uma possível extensão não melhorava a situação.

Embolsando quase 44 milhões em dois anos e com um gosto amargo na boca, Cousins assinou um contrato completamente garantido com os Vikings; e o mais importante é que ele continua provando ser merecedor desse valor. Enquanto isso, os Redskins tiveram 5 QBs titulares na posição nos últimos dois anos e nenhum deles se firmou na posição.

Quando o jogador perde

Quando um jogador sofre frequentemente com lesões ou produz um ano fora da curva; a tag serve para dar um ano, e uma oportunidade para o jogador mostrar a realidade do seu potencial.

Alguns jogadores também se negam a jogar sem uma própria extensão em seu último ano de contrato, o que leva os times a recorrerem às tags. Melvin Gordon, running back dos Chargers, passou por uma situação parecida na última temporada e não podia ter saído pior de Los Angeles esse ano. Apesar de não se encaixar nos parâmetros, Gordon é um grande exemplo de porque os jogadores não podem se dar ao luxo de se recusarem a jogar, ao menos que você seja um quarterback, é claro.

Mas discutindo situações envolvendo a tag, existem duas histórias que exemplificam bem o quanto um jogador pode se prejudicar.

Ezekiel Ansah (Edge) Detroit Lions (2018 – 2019)

Ezekiel Ansah é um dos casos mais tristes de lesões que atrapalham uma carreira promissora. Draftado com a quinta escolha geral em 2013, o defensive end ganense teve dificuldade em ficar saudável desde seu primeiro ano na liga.

Apesar de nunca ter sofrido uma lesão que o afastou por mais de três jogos seguidos, sua falta de consistência e dificuldade em ficar em campo dificultavam a justificativa de um contrato de longo prazo. “Ziggy” Ansah acabou jogando sete jogos em 2018, sendo titular em apenas dois, e tendo o pior ano de sua carreira.

Com isso, os Lions prontamente viram uma razão para não reassinar com o produto de BYU. Em 2019 ele assinou um contrato de um ano com os Seahawks, e após não participar de muitos jogos, é provável que sua carreira esteja chegando ao fim.

Um dos maiores exemplos de quando uma tag realmente ajudou algum time foi esse, salvando os Lions dinheiro suficiente para, provavelmente, contratar todos os free agents saindo de New England.

Le’veon Bell (HB) Pittsburgh Steelers (2017 – 2019)

Mais uma novela em Pittsburgh; muitos se lembram do desespero de grande parte dos repórteres da NFL de plantão na frente do CT dos Steelers aguardando a possível chegada de Bell. Após jogar 2017 inteiro sob a franchise tag, Bell continuava negociando e querendo mais garantias do que o time lhe oferecia. Por fim, todo mundo sabe que Le’veon nunca apareceu para jogar em 2018; mas é pouco citado tudo que deu errado para Bell acabar onde acabou em 2019.

Forçados a usar seu running back reserva, o sobrevivente de câncer James Conner teve uma temporada espetacular após passar o ano anterior como reserva de Bell. Com isso, dúvidas sobre o jogo de Bell, e o efeito que a linha de Pittsburgh tinha nele começaram a aumentar drasticamente.

Após ficar um ano fazendo absolutamente nada além de produzir um álbum mediano jogando grande parte da culpa nos Steelers (sim, é sério), Bell tinha inúmeras questões sobre sua saúde, disciplina e comprometimento, o que gerou o desinteresse de muitos times.

Chegando em 2019, o único time realmente interessado eram os Jets; oferecendo um contrato que em média o daria 13 milhões por ano; o que seria abaixo do valor da franchise tag de 2018, e até mesmo dos supostos contratos oferecidos pelos Steelers na época.

A conduta de Le’veon Bell não é necessariamente errada, ele fez o que achou certo para passar sua mensagem; porém é indiscutível que ele perdeu alguns milhões fazendo isso.

Quando todo mundo perde

Os casos são raros, mas existem situações onde tudo dá errado, e apesar de raras, sua análise talvez seja essencial para entender os maiores problemas na franchise tag. O caso em particular, talvez seja um dos mais tristes para os torcedores do Kansas City Chiefs nos últimos anos.

Eric Berry (S) Kansas City Chiefs (2016-2017)

A história de Eric Berry é extremamente complicada. Nunca lotada de lesões, sua carreira em Kansas City foi repleta de jogadas chamativas e significantes; servindo como uma das maiores peças defensivas dos Chiefs sempre que estivesse em campo.

Antes de ser diagnosticado com câncer em 2014, Berry já teria sofrido algumas lesões na perna, nada fora do normal para um safety na NFL. Com seu afastamento dos campos até 2015; depois que conclui o tratamento e é qualificado como apto para jogar; Berry tem uma temporada espetacular, ganhando o prêmio de comeback player of the year e jogando como se não tivesse ficado um ano parado.

Em 2016, os Chiefs não chegam a um acordo com Eric, e se veem forçado a aplicar a tag enquanto continuam a negociar. Berry segue sua campanha em 2016 do mesmo jeito que terminou 2015, terminando como um pro bowler, all pro e sendo considerado um dos melhores safeties da NFL.

Em 2017, Berry assinaria com Kansas City um contrato de seis anos valendo 78 milhões (40 garantidos). No entanto, ao sofrer uma lesão no primeiro jogo da temporada, o all pro ficaria no mínimo um ano afastado dos campos; mas a inabilidade dos Chiefs em tomar conta de um dos seus melhores jogadores transformou a lesão de Eric Berry em um transtorno que o faria jogar apenas 3 jogos antes de ser cortado em 2019.

Sua carreira pode não ter chegado ao fim, mas o jogador que foi um dos melhores na sua posição três anos atrás, já se vê há um ano sem time algum; e os Chiefs o pagaram cerca de 10 milhões por jogo entre 2017 e 2018, e ainda irão pagar 15 milhões do seu cap space nos próximos dois anos. Tudo isso, só leva à conclusão de que a franchise tag não é sempre uma estratégia correta, e o azar as vezes pode gerar situações improváveis e tristes

É preciso ter cuidado com a Franchise Tag

Já deu para perceber que a Franchise Tag nem sempre é a melhor escolha, frequentemente sendo uma saída fácil de uma situação complicada. A curto prazo, muitos times a usam como uma coleira em seus melhores jogadores; a longo prazo, qualquer Tag colocada em um jogador consecutivamente vai aumentando seu preço de maneira exponencial e a tornando inviável.

Sendo um mal suportável, seu uso tem que ser considerado com cuidado, já que a chance de que algo chegue a dar errado nesses casos é muito alta.

Com um preço alto, porem suportável e um comprometimento curto, porem suficiente; a Franchise Tag vai continuar a ser usada por diversos times e suportada por vários jogadores até que aja alguma mudança trabalhista significante.

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